
Por se tratar de um valor logarítmico, é importante compreender que a variação de 1 ponto na escala resulta em uma alteração de 10 vezes o seu valor, ou seja, se o pH de uma determinada água for 5 e outra 6, temos uma diferença de 10 vezes mais íons hidrogênio na primeira amostra. “Mudanças pequenas nos valores de pH são muito significativas para os organismos aquáticos, podendo levá-los à morte”, afirma Dr. Manuel Braz, professor do Curso CPT Produção de Alevinos.
Em condições naturais, o pH no meio aquático é bem estável, sendo influenciado pelo solo, pela vegetação e pelas trocas gasosas com o ar, diferentes dos meios de produção, onde há maior adensamento de peixes e o ingresso de material orgânico, como adubação e rações, que afetam significativamente a composição da água do viveiro. Existem faixas de pH ideal para as diferentes espécies de peixes de cultivo, sendo que a maioria das espécies nativas do Brasil adotam águas ligeiramente ácidas.
Os peixes provenientes da África e América do Norte vivem melhor em águas alcalinas. Os valores entre pH 6 a 8,5 são a faixa mais comum para criação, sendo importante determinar a zona de maior conforto para o animal que estiver produzindo. Em pH abaixo de 4,5 e acima de 10,5 podemos ter alta mortalidade. Entre 4,5 e 6 ou entre 8,5 e 10,5 temos a zona intermediária.
O pH também influencia na microbiologia da água e dos sedimentos. Tem-se, por exemplo, as bactérias nitrificantes que são mais eficientes em um pH entre 7,5 e 8,5 o que nos induz a mantermos essa faixa no caso de sistemas que reutilizam a água através de filtros biológicos. Águas mais ácidas estimulam o peixe a produzir muito muco, enquanto nas águas mais alcalinas ocorre a ausência de muco. Em ambas as situações, podemos ter comprometimento da pele, dos olhos e das brânquias.
Em situações de pH fora da faixa de tolerância da espécie cultivada, pode-se ter maior susceptibilidade a doenças, perda de resistência aos manejos e ampliação do efeito de substâncias tóxicas. As larvas e os alevinos, em geral, são mais sensíveis a essas condições adversas, devendo ser feitas as devidas correções para propiciar um ambiente saudável. Os reprodutores podem ser mais tolerantes, mas não devemos impor um desafio a eles, pois desejamos que expressem todo o seu potencial reprodutivo.
A melhor estratégia para produzir peixes é utilizar a espécie mais adequada às características ambientais locais. Caso os peixes de interesse não sejam totalmente adequados às condições ambientais da propriedade, podemos aplicar corretivos como calcário, cal, gesso ou um acidificante (adubos orgânicos, vinagre e outros) e para isso devemos avaliar o resultado econômico.
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Por Silvana Teixeira.
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