A avicultura é a atividade econômica que mais se desenvolveu no setor agropecuário, em virtude dos enormes avanços ocorridos em nutrição, manejo, sanidade e genética.
O Brasil está entre os três maiores produtores de frangos de corte do mundo. Em 1996, a produção foram de 4,16 milhões de toneladas de carne de frango e o consumo per capta chegou a 23 kg.
Para acompanhar a rápida ascensão da avicultura, o setor passou por grandes transformações, tais como a implantação de regras de biossegurança, adequação das instalações e dos equipamentos à realidade brasileira e, constantes modificações nas técnicas de manejo. Estas inovações trouxeram preocupação quanto a redução da margem de lucro do sistema de criação. Na tentativa de contornar o problema e manter o país competitivo para atender a crescente demanda de exportação, surgiram no Brasil, recentemente, idéias sobre a criação em alta densidade.
A criação em alta densidade visa aumento da produção, com o mínimo de investimentos em construção, e otimização dos custos fixos, tais como: mão-de-obra, equipamentos, infra-estrutura de apoio, transporte e assistência técnica.
Desta forma, enquanto a realidade atual aponta para uma média brasileira de 11 a 13 aves/m2, a meta é se chegar a 15 a 18 aves/m2 (no caso de alojamentos termicamente menos favoráveis ou providos de equipamentos comedouros e bebedouros mais simples), até mesmo a 18 a 22 aves/m2 (no caso de galpões termicamente confortáveis ou providos de comedouros e bebedouros automáticos).
A alta densidade também pode ser entendida como a colocação de mais carne de ave por unidade de área construída, podendo-se chegar, ao final da produção, até a 40 kg/m2. Valores superiores a 30 kg/m2 já são entendidos como alta densidade.
Contudo, embora a criação em alta densidade esteja causando grande interesse aos avicultores, em virtude dos resultados positivos alcançados por algumas empresas que adotaram este manejo, é conveniente que o criador esteja atento ao fato de que maior número de aves alojadas por área de galpão, significa, também, maior dissipação de calor (das próprias aves) por m2 de alojamento, o que pode gerar sobre-aquecimento do ambiente em níveis incompatíveis com o bom desempenho animal e, por conseguinte, levando a prejuízos muito grandes ao lote. Simultaneamente, caso a renovação de ar não seja satisfatória, a qualidade deste é comprometida, agravando a situação.
A situação do Brasil próximo à linha do equador, numa das regiões mais quentes do mundo, e os problemas decorrentes do estresse calórico no desempenho avícola, fazem a criação em alta densidade só se tornar possível e viável com a concepção de galpões novos ou readequação de galpões já existentes, dentro dos critérios exigidos pelo clima de cada região brasileira, de forma a permitir que a ave esteja sempre o mais próximo possível de sua faixa de conforto térmico para que altos índices de produtividade sejam atingidos.
Os recursos construtivos, a concepção arquitetônica dos galpões, o paisagismo circundante, assim como a intensificação da ventilação natural, podem contribuir muito para o sucesso do investimento. Em adição, sistemas de acondicionamento artificial envolvendo utilização de ventiladores, nebulizadores, aspersores e outros, também podem ser utilizados, necessitando para isto, adequado dimensionamento. Similarmente, a criação em alta densidade pode ser feita em galpões climatizados.
A escolha entre cada uma destas formas de acondicionamento do ambiente para a criação em alta densidade vai depender de muita variáveis, tais como o nível de adversidade do clima local, tipo de galpão e a capacidade já instalada de equipamentos para resfriamento da instalação e alimentação das aves. Por outro lado, a decisão quanto ao nível de sofisticação do sistema de acondicionamento ambiente vai depender do volume da empresa, disponibilidade e qualidade da mão-de-obra e nível de automação desejado.
Torna-se também importante considerar, entre outros aspectos, aqueles relativos a nutrição, manejo, adequação às novas necessidades de comedouros e bebedouros, programas de luz, previsão de geradores e paisagismo circundante.
O Centro de Produções Técnicas - CPT - acaba de lançar o curso sobre o tema "Produção de Frango de Corte em Alta Densidade", produzidos sob a coordenação técnica da professora Ilda Ferreira Tinôco. Neles, você vai conhecer todos os detalhes relativo ao sistema e assim poderá tomar a decisão de adotar ou não esta nova tecnologia.
Ilda Ferreira Tinôco
Doutora em Ciência Animal, especialista em Construções Rurais e Ambiência, professora e pesquisadora do Departamento de Engenharia Agrícola Universidade Federal de Viçosa
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