O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, café e suco de laranja, e o segundo produtor mundial de etanol, soja e carne.
Em seu primeiro ano, Obama investiu em “energias limpas” quase US$ 90 bilhões. Dados recentes da UNFCCC - United Nations Framework Convention on Climate Change, colocam China e Estados Unidos como os maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta, com aproximadamente 41,7% do gás carbônico emitido e com 37,46% dos demais gases que compõem o total dessas emissões. O prognóstico para ambos os países não é bom, salvo se as medidas de mitigação desses gases forem tomadas em caráter de urgência. Nos Estados Unidos, por exemplo, a indústria é responsável por 30% desses gases, enquanto 28% advêm dos transportes, 17% das atividades comerciais, 17% das atividades residenciais e 8% da agricultura.
No setor de transportes, o Brasil tem muito a ensinar aos americanos e ao mundo. Em termos globais, o segmento dos transportes é responsável por 13% da emissão de todos os gases de efeito estufa na atmosfera e 25% da emissão somente de um deles, o CO2 .
Seguindo uma ótica de oportunidades e do status propício para o agronegócio brasileiro, pesquisas recentes da FAO - Food and Agriculture Organization, mostrou que o Brasil apresenta a maior área a ser utilizada para expansão do setor agrícola, seguido dos Estados Unidos e da Rússia. Diga-se de passagem, que China e Índia, que estão conosco buscando um lugar como país "desenvolvido", não possuem mais área que possa ser utilizada para expansão de seu agronegócio.
O Brasil deve estar preparado para as oportunidades que se avizinham num horizonte já não muito distante.
A despeito das inúmeras restrições administrativas impostas pela legislação ambiental, desapegadas do senso de desenvolvimento em um país carente de infraestrutura, continuamos a ser o maior produtor mundial de açúcar, café e suco de laranja, e o segundo produtor mundial de etanol, soja e carne. Isso tudo atuando em consonância com essas restrições legais criadas, no mais das vezes, décadas atrás, a exemplo do Código Florestal de 1965, objeto de recente reforma e de inflamadas discussões durante todo o seu processo legislativo.
Para ilustrar a razão de buscar incentivos tributários e um maior apoio governamental, basta usarmos o exemplo do etanol (cana-de-açúcar), onde o Brasil é o segundo produtor mundial (28 bilhões de litros anuais), atrás apenas dos Estados Unidos, que, valendo-se de incentivos altíssimos (em média U$ 6 bilhões por ano), consegue produzir 45 bilhões de litros de etanol de milho. Agora, a preocupação dos países desenvolvidos é fixar metas voluntárias para redução e alterar as matrizes energéticas poluentes (como o petróleo) para meios menos poluentes (como os biocombustíveis), e saber como fazer essa transição sem afetar seu atual estágio de desenvolvimento e com o menor impacto para suas economias.
O Brasil apresenta a maior área a ser utilizada para expansão do setor agrícola, seguido dos Estados Unidos e da Rússia.
No começo deste ano, a Universidade de Harvard publicou dois estudos apresentando as vantagens da implantação da cana-de-açúcar em países subdesenvolvidos. Além disso, propôs a adoção de uma maior mistura de etanol à gasolina americana (nos EUA é 5% e no Brasil chega a 25%). Com essa notícia, é importante saber alguns números impressionantes: enquanto o Brasil tem 36 milhões de veículos, os Estados Unidos tem 250 milhões; enquanto nosso consumo anual de gasolina é de 4 bilhões de galões, os Estados Unidos consomem 140 bilhões de galões.
Nenhum país do mundo conseguiu implantar um sistema tão eficiente de substituição (e/ou mistura) da gasolina por um combustível menos poluente como o etanol no Brasil. Se a gasolina fosse substituída por 5% de etanol no mundo, o Brasil teria que aumentar sua produção de 28 milhões de litros em 2010 para 102 bilhões de litros até 2020. Outro mercado importante é a União Europeia que, seguindo a orientação estabelecida em 2007, ao pretender substituir 5,6% de sua frota por veículos flex-fuel, precisará de aproximadamente 18 bilhões de litros nos próximos anos.
Diante de todos esses dados, só nos resta esperar o movimento do mercado e aproveitar as oportunidades, seguindo Churchill, pois "o pessimista vê dificuldade em cada oportunidade, enquanto o otimista vê oportunidade em cada dificuldade". O Brasil, portanto, há de estar preparado para essas oportunidades que se avizinham num horizonte já não muito distante.
*Terence Trennepohl
Pós-doutor na Universidade de Harvard e diretor da área ambiental de Martorelli e Gouveia Advogados
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