Nutrição de bovinos: a suplementação com gordura melhora a fertilidade?

Após o parto, a matriz inicia a fase de lactação, cujas exigências metabólicas e nutricionais são muito grandes, daí os cuidados nessa fase para que a vaca não entre em déficit calórico e não perca muito peso. Dessa forma, é fácil compreender que a condição corporal da vaca no momento do parto tem influência direta sobre o período pós-parto, explica a  Prof.ª Dr.ª Taiane Martins do Curso CPT Nutrição e Alimentação de Bovinos de Corte.

Espera-se que a vaca que passou pelo processo de parto recupere sua condição uterina e retorne ao cio rapidamente, pois quanto mais cedo emprenhar novamente, melhor. Pensando nisso, quando a propriedade trabalha com sistema de estação de monta, o período de acasalamento é restrito e precisa ser otimizado.

Assim, para atingir o intervalo entre partos (IEP) ideal de 12 meses e considerando que a gestação bovina dura em torno de 285 a 290 dias, a fêmea tem apenas 75 a 80 dias para retomar sua ciclicidade e estabelecer uma nova prenhez. No entanto, isso só ocorrerá se ela estiver na condição corporal adequada, pois uma perda média de 22% do peso corporal inicial reduz a fertilidade, levando ao anestro. Por isso, o balanço energético negativo deve ser gerenciado adequadamente.

As primíparas que ainda não atingiram o peso adulto devem concluir seu crescimento antes da primeira gestação.

O pós-parto, portanto, é um momento metabólico delicado. Fazer a fêmea em lactação ganhar peso é algo bastante difícil e dispendioso, por isso a estratégia ideal é corrigir a condição corporal antes do parto.

O uso de gordura na dieta favorece a reprodução?

A suplementação com gordura vem sendo utilizada com o objetivo principal de elevar a densidade de energia da dieta e melhorar os índices reprodutivos. No entanto, é preciso ter cuidado, pois mesmo que não altere as condições corporais, a suplementação de gordura pode modificar os parâmetros fisiológicos ligados à reprodução.

Algumas alternativas interessantes para aumentar a concentração energética dos suplementos são a gordura vegetal e a gordura protegida.

Gordura vegetal:

São capazes de liberar 2 a 3 vezes mais energia que a mesma quantidade de energia liberada pelos carboidratos contidos na forma de amido. Exemplos incluem o óleo de soja, óleo de algodão, farelos gordurosos e caroço de algodão.

As principais limitações do uso da gordura vegetal na forma concentrada em um suplemento estão associadas às dificuldades de manipulação (mistura industrial e oferecimento).

Gordura protegida:

A gordura protegida por sais de cálcio reduz a biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados no rúmen e aumenta a absorção de ácidos graxos essenciais como o linolênico n-3 (C18:3) e o linoleico n-6 (C18:2), importantes para os aspectos reprodutivos. Além disso, contribui para melhorar:

• A concentração de progesterona (PG).

• O crescimento folicular.

• A capacidade funcional do ovário.

• A vida útil do corpo lúteo.

• A concentração de colesterol, que é precursor da PG.
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Os benefícios da suplementação podem ocorrer quando são utilizadas quantidades superiores a 4% da matéria seca (aproximadamente 400 g/dia). Esses efeitos são mais pronunciados em animais em lactação e/ou com aumento dos requerimentos de energia ou em balanço energético negativo mais acentuado.

Recomenda-se a inclusão de gordura protegida no suplemento de forma equilibrada com formas de gordura líquida (óleos) e carboidratos (grãos).

É importante esclarecer que as fontes de gordura vegetal são melhores do que as de gordura animal, uma vez que possuem maior teor de ácidos graxos poli-insaturados nas fontes vegetais, particularmente do ácido linoleico (18:2), que possui enzima limitante da prostaglandina F2α. Esta pode causar morte embrionária quando não bloqueada por estímulo do embrião.

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Por: Thiago de Faria