O bem-estar, de um modo geral, refere-se ao estado do organismo bovino durante as suas tentativas de se ajustar com o seu ambiente. A análise do bem-estar animal tem papel relevante no sistema orgânico de criação, particularmente no que diz respeito aos animais manejados em sistemas de pastejo rotacionado, cujas características criam dificuldades para a manutenção dos recursos necessários no espaço e no tempo. Ao respeitar a biologia dos animais de produção, melhorando em todos os sentidos o seu bem-estar, são obtidos melhores resultados econômicos, seja aumentando a eficiência do sistema orgânico de criação, seja obtendo produtos orgânicos de melhor quantidade.
O pasto
O pasto, para bois e vacas, representa mais do que uma fonte de alimento. É o espaço onde passam todo seu tempo: nascem, crescem, enfrentam condições adversas, estabelecem relações sociais, se reproduzem, enfim, vivem. Sendo assim, para que o pasto possa estar adequado aos animais, há de se considerar vários recursos e estímulos, além daqueles relacionados à oferta de alimento.
Adaptação do animal ao meio
Durante grande parte de suas vidas, os animais devem fazer escolhas baseadas na avaliação do ambiente e nas suas próprias necessidades. Portanto, dentro dos limites impostos pelos seus genes, eles devem ajustar seu metabolismo, reações fisiológicas e comportamentais, para mostrar respostas adequadas às diversas características e condições do ambiente. Para que isso ocorra, o ambiente deve prover os recursos necessários, evitando o estresse decorrente da falha na adaptação do animal ao meio.
Estímulo animal
Animais têm sistemas funcionais de controle, que atuam na manutenção do equilíbrio do organismo, mantendo estável, por exemplo, a temperatura corporal, o balanço hídrico e as interações sociais. Assim, a constante estimulação dos animais aciona estes sistemas, levando-os a buscar os recursos e, ou, outros fatores necessários para a manutenção do controle.
A análise do bem-estar animal tem papel relevante no sistema principalmente para os animais manejados em sistemas de pastejo rotacionado
Definições de bem-estar bovino
1. Bem-estar é uma característica de um animal, não é algo que pode ser fornecido a ele. A ação humana pode melhorar o bem-estar animal, mas não nos referimos como bem-estar ao proporcionar um recurso ou uma ação.
2. Bem-estar pode variar entre muito pobre e muito bom. Não podemos simplesmente pensar em preservar e garantir o bem-estar, mas sim em melhorá-lo ou assegurar que ele é bom.
3. Bem-estar pode ser medido cientificamente, independentemente de considerações morais. A sua medida e interpretação deve ser objetiva. Identificar e medir as condições em que o bem-estar é pobre é mais fácil do que aquelas em que ele é rico.
Várias formas de privação, desconforto ou dor são indicadores de um bem-estar pobre; que também pode ser medido por: expectativa de vida reduzida; redução na habilidade de crescer e se reproduzir; lesões no corpo; doenças, imunossupressão; tentativas fisiológicas e comportamentais para o controle homeostático; patologias comportamentais; dentre outras. Já as medidas de bem-estar bom podem ser feitas pela avaliação da apresentação de vários comportamentos normais e indicadores fisiológicos e comportamentais de prazer.
Restrições no acesso à sombra
O aperfeiçoamento do ambiente térmico, usualmente, traz benefícios à produção animal, aumentando a produtividade e a eficiência na utilização de alimentos. Entre os métodos de aperfeiçoamento ambiental, podemos citar a manutenção e o posicionamento de produtores de sombras nas pastagens, pois, ao interceptar os raios solares, reduziremos a carga térmica radiante em 30% ou mais. Assim, em ambientes quentes, com alta incidência de radiação solar, devemos proporcionar sombra para os animais, reduzindo o aquecimento corporal e facilitando a termorregulação. O fato da necessidade desse recurso ser circunstancial, torna difícil o estabelecimento de uma regra geral a respeito de quando e quanto de sombra devemos oferecer aos animais; cabe apenas a regra de que deve haver sombra suficiente para abrigar todos os animais ao mesmo tempo a qualquer hora do dia.
Rejeição da forragem contaminada
Tanto a urina como as fezes são importantes meios de retorno de nutrientes para o solo. Os bovinos leiteiros, por exemplo, eliminam em torno de 50% do nitrogênio e 70% do potássio consumido na pastagem. Todavia, o acúmulo de fezes nas pastagens traz prejuízos para o crescimento das forragens, rejeição da forragem contaminada e proporciona substrato para a multiplicação de moscas indesejáveis; enquanto a urina parece não ter esses efeitos. O gado, conforme observado por diversos estudiosos, reluta em comer a forragem próxima das suas fezes e, se for obrigado a fazê-lo, supomos, terá seu bem-estar prejudicado.
Por Silvana Teixeira.
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