Pastoreio é o encontro da vaca com o pasto, afirmou André Voisin

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No pastoreio voisin, a pastagem é subdividida em piquetes, de forma a facilitar o controle do pastejo e, consequentemente, possibilitar o aumento da taxa de lotação animal no espaço. Estudando as pastagens, André Voisin percebeu que duas ações de manejo desequilibradas levam uma pastagem à degradação: o excesso de animais pastejando e, paradoxalmente, a falta de pastejo.

“Os conceitos de manejo racional da pastagem não são difíceis de entender. O excesso de animais pastejando em uma área é chamado de superpastejo. Já a sobra de forragem proporcionada pela falta de pastejo, que envelhece sem ser comida, é chamada de subpastejo”, afirma Luana Barros, professora do Curso a Distância CPT Produção de Leite Orgânico. Dois importantes conceitos para o manejo da pastagem, sob as diretrizes de André Voisin.

O superpastejo ocorre quando uma área recebe gado sucessivas vezes, não sobrando tempo para a recuperação das plantas. Quando isso acontece, a forrageira é obrigada a usar suas reservas energéticas para rebrotar, o que, ocorrendo contínuas vezes, leva à exaustão dessas reservas. Isso acontece porque, quando pastejam, as vacas comem as folhas, que são as estruturas responsáveis pela fotossíntese. A área foliar da forrageira é, então, reduzida e terá de ser recuperada com o gasto da energia armazenada. Quanto menor o tempo entre um pastejo e outro, mais reservas energéticas a planta mobiliza para recuperar a área foliar e restabelecer a taxa de fotossíntese. Voisin percebeu que, com o passar dos anos, sob pastejo descontrolado, as plantas se tornavam frágeis, com maior proporção de talos, e menor quantidade de folhas tenras, o que significa alimento de pior qualidade para o gado.

Ao mesmo tempo, nas pastagens superpastejadas, grande número de plantas morre, dando lugar a clareiras e a outra espécies de plantas não forrageiras. Entretanto, em seus estudos, André Voisin não percebeu apenas efeitos do superpastejo. Observou também que se uma área não era pastejada, as plantas forrageiras também eram prejudicadas. Isso pode ser observado facilmente em locais mais distantes das aguadas e dos cochos, em pastos muito grandes ou em pastos que recebem um número de animais muito pequeno.

O estudioso francês verificou que, quando as folhas e os talos das plantas forrageiras atingiam seu tamanho máximo, entravam em senescência, ficando cada vez menos tenras e mais fibrosas, o que significa perda de qualidade nutricional. A presença dessas folhas e talos fibrosos também prejudicava a própria planta forrageira, em termos de capacidade de brotação, pois sua capacidade de fazer fotossíntese ficava comprometida. Sem contar o fato de que essas partes fibrosas sombreiam as gemas que originam as brotações, que estão nas partes mais inferiores da planta, reduzindo o surgimento de novos ramos.

Por isso, André Voisin acabou criando a célebre frase: “o pastoreio é o encontro da vaca com o pasto”, uma firmação aparentemente simples, mas que sintetiza o fato de que a vaca precisa da planta forrageira para se alimentar, enquanto a planta forrageira é estimulada a crescer pelo pastejo feito pela vaca.

O segredo do manejo está em propiciar e harmonizar esses encontros, conciliando os interesses da planta forrageira com os interesses do animal que pasta.

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Por Silvana Teixeira.