Agrotóxicos? Tá por fora!

As áreas cultivadas organicamente já representam uma parcela visível na área agrícola total de diversos países.

A produção de alimentos orgânicos, sem resíduos de contaminantes químicos danosos à saúde, tem sido uma exigência cada vez maior por parte da sociedade em todo o mundo na busca de uma melhor qualidade de vida. Isto só é viabilizado empregando um modelo de produção agrícola que proteja o meio ambiente, a saúde do produtor e a do consumidor de alimentos.

Reflexo disso, as estatísticas têm revelado dados impressionantes quanto ao mercado mundial de alimentos orgânicos, que avança a uma taxa de crescimento anual, meteórica, de 10 a 30%, movimentando aproximadamente 12 bilhões de dólares. As áreas cultivadas organicamente já representam uma parcela visível na agricultura de diversos países.

Entretanto, no Brasil, o movimento anual estimado no mercado interno é de 1 milhão de dólares, principalmente com Hortigranjeiros frescos, Laticínios, Conservas e Cereais. Para o mercado externo, estima-se um movimento de 3,5 milhões de dólares, especialmente com Café, Cacau, Soja, Frutas secas, Açúcar e Caju. Isto totaliza um movimento global de 4,5 milhões de dólares por ano.

Como parte desse processo, a produção orgânica de hortaliças apresenta-se como uma das maiores preocupações, pois se destaca dos demais setores agrícolas por dois fatores principais. O primeiro, refere-se à grande quantidade de insumos químicos, principalmente agrotóxicos, utilizados no processo produtivo atualmente empregado pela grande maioria dos produtores, o que tem levado à comprovação de sérios problemas de degradação ambiental e de comprometimento da saúde destes trabalhadores. Em segundo lugar, por serem produtos de consumo "in natura" e muito perecíveis após a colheita, muitos deles são ingeridos poucas horas ou poucos dias após colhidos, carregando em sua composição resíduos de agrotóxicos altamente perigosos e comprometedores da saúde de quem consome.

A busca pela saúde e qualidade de vida fizeram dos produtos orgânicos os mais procurados e valorizados pelo mercado.

Há alguns anos, havia diversos questionamentos quanto à viabilidade e à competitividade da Agricultura Orgânica, frente a Agricultura Convencional. Entretanto, hoje a realidade mudou completamente por causa dos muitos projetos produtivos e a diversos trabalhos realizados por ONG’s. O programa de pesquisa em Agricultura Orgânica da EMCAPER (Empresa Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), que vem se desenvolvendo há 10 anos, juntamente com outros projetos em curso no país, tem sido auxiliares importantes para diminuir a defasagem tecnológica imposta ao setor nas últimas décadas.

Atualmente, diversos pré-conceitos sobre Agricultura Orgânica tornaram-se mitológicos. Como exemplos, citamos: "a Agricultura Orgânica é uma atividade de alto risco"; "é uma atividade cara"; "consome muita mão-de-obra"; "a produtividade é baixa"; "os produtos orgânicos apresentam padrão comercial inferior, inadequado às exigências dos consumidores".

Nesse cenário, muito precisa ser feito para divulgar as técnicas e implementar a Agricultura Orgânica brasileira. Por isso, o CPT - Centro de Produções Técnicas dispõe o cursos na área orgânica. Entre eles estão: Cultivo Orgânico de Hortaliças, Como Tornar sua Fazenda Orgânica e Cultivo Orgânico de Tomate, Pimentão, Abóbora e Pepino.

Nestes materiais, serão apresentadas as bases do sistema orgânico de produção, as práticas de manejo, as normas técnicas e as principais tecnologias disponíveis no país, permitindo confirmar a superação dos pré-conceitos citados anteriormente e, ainda, contribuir de forma marcante para o desenvolvimento deste setor. Este é o desejo de toda sociedade para a melhoria da qualidade de vida no terceiro milênio.

Engº Agronomo Jacimar Luis de Souza
Pesquisador da EMCAPER-ES,
especialista em Agricultura Orgânica.

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