Como a nutrigenômica na pecuária de corte influencia a produção animal?

A nutrigenômica, também conhecida como genômica nutricional, estuda como os alimentos, nutrientes e outros compostos bioativos ingeridos influenciam o genoma. Ela pode ser subdividida em áreas específicas, como proteômica, metabolômica e transcriptômica,  explica a  Prof.ª Dr.ª Taiane Martins do Curso CPT Nutrição e Alimentação de Bovinos de Corte.

Os genes relacionados à nutrição que interessam à produção animal são aqueles relacionados ao desempenho animal, afetando, sobretudo, a eficiência alimentar, habilidade materna e consumo alimentar residual, e a qualidade da carne, correspondendo à maciez das fibras e deposição de gordura na carcaça.

Assim, os nutrientes ingeridos pelo animal por meio da dieta auxiliarão (ou prejudicarão) a expressão genética de interesse zootécnico, ou seja, que contribui para a eficiência alimentar e a qualidade da carne.

O tecido muscular e o tecido adiposo derivam do mesmo pool de células indiferenciadas, as células-tronco embrionárias, que se especializam em progenitoras miogênicas ou adipo-fibrogênicas. A partir desse processo, ocorre o desenvolvimento dos genes relacionados à maciez da carne e à deposição de gordura, os quais podem ser alterados de acordo com a nutrição do animal.

Avanços recentes em nutrigenômica na pecuária.

Ao longo dos anos, diversos estudos têm fornecido conhecimentos valiosos que contribuem para o desenvolvimento de uma produção animal mais eficiente.

Um desses estudos demonstra que o período intrauterino desempenha um papel crucial no metabolismo e no desenvolvimento do músculo esquelético, incluindo a formação de fibras musculares e de tecido adiposo conjuntivo. Nesse contexto, o embrião e o feto dependem da nutrição materna para seu desenvolvimento e crescimento.

Esses estudos, que correlacionam a alimentação da vaca gestante com o desenvolvimento do feto que está sendo gestado, correspondem à programação fetal. Alguns deles indicam que:

1) A restrição proteica materna durante a gestação prejudica a formação de fibras musculares no músculo esquelético da prole, diminuindo o número de fibras musculares e persistindo até a fase de acabamento.

2) A restrição proteica das vacas durante a metade da gestação pode ter um efeito a curto prazo no metabolismo da fibra muscular da prole, que não tem efeitos duradouros em bovinos colheita.

A adipogênese no músculo esquelético da prole não foi prejudicada pela restrição proteica materna durante a metade da gestação.

Com relação ao marmoreio das carnes dos futuros animais, os componentes dos nutrientes ingeridos pela mãe ativam enzimas que, quanto maior sua expressão, maior a deposição de gordura intramuscular nos fetos.

Alimentos funcionais.

Alimentos funcionais são aqueles que promovem melhor funcionamento do organismo e favorecem o seu crescimento, o fortalecimento do sistema imunológico e a indução de benefícios fisiológicos. Na bovinocultura, esses alimentos vão além das rações tradicionais, podendo incluir aditivos implementados na dieta.

Os aditivos mais utilizados são: probióticos, prebióticos, imunoestimulantes, substâncias fitogênicas, enzimas, hormônios, ligantes de micotoxinas e ácidos orgânicos.

Eles são classificados em:

a) Aditivos que afetam o desempenho e a saúde, normalmente acrescentados à ração.

b) Aditivo que afetam a qualidade da ração.

Alguns estudos sobre alimentos funcionais na dieta de bovinos mostram resultados interessantes. A suplementação de levedura viva, oligossacarídeo manano e selênio orgânico reduziu significativamente a incidência de doenças respiratórias, melhorando as defesas imunes, o estado de saúde e o ambiente ruminal, além de otimizar o crescimento e a eficiência alimentar. A inclusão de subprodutos de jujuba na alimentação também demonstrou benefícios, como melhora na imunidade, redução do uso de antibióticos, promoção do crescimento, antioxidante, aromatizante, saúde do trato digestivo e qualidade dos produtos de origem animal.

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Por: Thiago de Faria