No Brasil, a lima ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka) se destaca hoje como um dos frutos cítricos de maior importância comercial, estimando-se a área plantada em cerca de 30.000 ha. A partir da década de 70, a produção atingiu grande impulso graças ao trabalho da pesquisa, assistência técnica e crédito agrícola que, de forma integrada, estimulou a expansão da área cultivada. O Estado de São Paulo é o primeiro produtor brasileiro, representando quase 70% do total.
“A limeira ácida Tahiti é uma das espécies de citros de maior precocidade, apresentando, em geral, já a partir do terceiro ano, uma produção significativa. Na região do Recôncavo Baiano, a produtividade de um pomar com 4 anos de idade é, em média, 300 frutos por planta ou o equivalente a 107 mil frutos por hectare”, afirma Dalmo Lopes de Siqueira, professor do curso Produção de Limão Taiti, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
Os principais clones utilizados no Brasil são o Peruano ou IAC 5 e o quebra-galho. Selecionado pelo Instituto Agronômico de Campinas, o IAC 5 apresenta maior produtividade, melhor tolerância ao vírus da tristeza, ausência de fissuras na casca do tronco e ramos e menor tendência à hipertrofia do cálice das flores. O rendimento para exportação alcança o dobro do quebra-galho e os frutos apresentam casca mais verde e rugosa.
Os limoeiros Rugoso (Citrus jambhiri Lush) e Cravo (Citrus limonia Osbeck) são considerados os mais importantes porta-enxertos para a lima ácida “Tahiti”. As plantas sobre esses porta-enxertos apresentam vantagens, tais como: crescimento rápido, boa produção, frutos de ótima qualidade e maior tolerância à seca. Contudo, também possuem desvantagens, sobretudo suscetibilidade ao “declínio” e à podridão radicular, causada por Phytophthora spp.
Principais doenças causadas por vírus
I- Tristeza
As plantas afetadas apresentam redução do crescimento, na maioria das vezes, observada em fase de viveiro. Nas plantas maiores, geralmente, nota-se uma redução no diâmetro do tronco da limeira Tahiti, em comparação com o porta-enxerto de limão Cravo. Os ramos, os galhos e o tronco, em geral, apresentam sintomas de “stempitting” visíveis. Às vezes, em se tratando de galhos ou ramos, torna-se necessário retirar a casca para se observar caneluras. Os ramos de plantas portadoras do vírus forte apresentam, também, entrenós mais curtos do que o normal e brotação em forma de tufos. As folhas novas, geralmente, apresentam nervuras pálidas, semelhantes àquelas observadas em plantas de limão Galego infectadas por estirpes severas do vírus da tristeza.
O controle da tristeza baseia-se no emprego de borbulhas oriundas de plantas matrizes premunizadas contra estirpes severas do vírus.
II- Exocorte
Doença provocada por um viroide, afeta as variedades comerciais de citros, quando enxertadas sobre porta-enxertos suscetíveis, como limão Cravo, Poncirus trifoliata e seus híbridos. Os problemas relacionados com a exocorte, no Brasil, passaram a assumir importância após a ocorrência da tristeza, que obrigou a substituição do cavalo da laranja Azeda pelo limão Cravo. As plantas infectadas apresentam um crescimento limitado, vegetação esparsa e coloração das folhas com pouco brilho. A partir de 4 anos, nos porta-enxertos suscetíveis, verificam-se escamações de casca na base da planta, geralmente, acompanhadas por exsudação de goma. Os clones de Tahiti portadores da exocorte apresentam rachaduras ou áreas deprimidas no tronco e nos ramos mais grossos.
A doença é transmitida por enxertia ou por ferramentas contaminadas como tesoura de poda e canivete. O controle deve basear-se em programa de matrizes isentas submetidas a testes de indexação, que permitem a utilização de borbulhas comprovadamente sadias.
Principais doenças causadas por fungo
I- Gomose
A gomose é uma das doenças que causam maiores prejuízos à citricultura, nas regiões tropicais úmidas, sendo responsável pela morte de muitas plantas. Os sintomas iniciais caracterizam-se pelo aparecimento de lesões pardas na base ou no colo da planta, nas raízes e nos galhos baixos, não raro ocorrendo exsudação de goma pelo fendilhamento. Em estádio mais avançado, ocorre apodrecimento dos tecidos, que ficam expostos à penetração de agentes secundários, e um amarelecimento da copa na parte correspondente à zona do caule lesionada. Quando a lesão alcança toda a periferia do tronco, a planta morre rapidamente em função da interrupção total no fluxo da seiva.
Os agentes etiológicos são fungos do gênero Phytophthora (P. Citrophthora e P. Parasítica). Em condições favoráveis, os fungos afetam as partes da planta em contato com o solo ou as partes mais altas do tronco, por meio de respingos de água ou de ferramentas utilizadas nas práticas culturais. São vários os fatores que favorecem o seu aparecimento, tais como: temperatura, umidade, suscetibilidade da combinação enxerto x porta-enxerto, solos pesados, ocorrência de outras doenças e, até mesmo, a atividade fisiológica da planta.
Nas regiões muito sujeitas ao ataque, são recomendadas as seguintes medidas preventivas: empregar variedades mais resistentes; enxertia alta, a 25-30 cm do solo; facilitar a aeração da base do tronco para diminuir a umidade; aplicar anualmente pasta cúprica; evitar o excesso de adubos nitrogenados ou orgânicos perto do tronco; promover drenagem adequada e evitar ou romper os impedimentos que limitam a movimentação da água no solo. Fungicidas sistêmicos podem ser usados de forma preventiva nas regiões muito sujeitas à gomose. Aplicações de fosetyl-Al mostraram excelente resposta, tanto em pulverizações foliares como em pincelamento do tronco, visando ao controle curativo de lesões já avançadas.
II- Queda dos frutos
A limeira ácida Tahiti é uma das variedades cítricas mais sujeitas à queda anormal de frutos jovens, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides. Após a queda ou secamento das pétalas, verifica-se o amarelecimento de muitos frutinhos que caem acompanhados do cálice e pedúnculo, ou isoladamente, permanecendo o cálice por um ano ou mais retido nas plantas. Os ramos com muitos cálices do ano anterior não florescem e comportam-se como se estivessem suportando frutos. Muitas vezes, os frutinhos não caem, porém, paralisam seu crescimento, permanecendo com menos de 1,0 cm de diâmetro.
O fungo pode ser controlado com benomyl (50 g/100 l de água), quando a flor está redonda e, se necessário, da mesma maneira que a anterior, 20 dias depois. Em ambientes de baixa umidade relativa do ar, normalmente, não se verifica a queda de frutos provocada por fungos.
III- Declínio
O “declínio” dos citros tem como sintomas iniciais um murchamento irreversível da folhagem da planta e a demonstração de deficiências de zinco e manganês, em níveis bastante elevados. Algumas vezes, a deficiência pode ocorrer apenas nos estádios mais avançados, sendo o murchamento a característica inicial mais visível e de reconhecimento mais fácil. As plantas afetadas têm fluxo de crescimento sensivelmente diminuído ou paralisado, fato que facilita reconhecer as plantas doentes na primavera, quando as sadias brotam intensamente.
As plantas com declínio tendem a apresentar uma excessiva emissão de brotos na base porta-enxerto. À medida que a doença avança, tem início um processo de queda de folhas e morte de ponteiros, tornando as plantas pouco enfolhadas e pouco vigorosas. Aparentemente, o sistema radicular é normal. Entretanto, exames comparativos entre o peso específico das raízes secundárias de plantas doentes e sadias têm mostrado que as primeiras sempre se apresentam mais leves e com menor potencial hídrico, resultante da menor capacidade de absorção de água e nutrientes.
Os limões Rugoso e Cravo, o Poncirus trifoliata e os citranges são considerados altamente suscetíveis, ao passo que a laranja Caipira, as tangerinas Clera e Sunki e o tangelo Orlando não têm manifestado sintomas da doença. Diante desse quadro, a diversificação de porta-enxertos constitui a medida mais oportuna no sentido de prevenir a citricultura dos riscos do declínio.
IV- Podridão estilar
A podridão estilar da lima Tahiti é uma desordem fisiológica, que se manifesta na pós-colheita, e ocorre em frutos maduros ou muito próximos da maturação. Os sintomas decorrem do rompimento traumático das vesículas do suco, localizadas na periferia dos lóculos dos frutos. O suco liberado invade a casca por meio do eixo central, causando a podridão dos tecidos. A pequena lesão que se forma adquire, inicialmente, coloração parda e tende a expandir-se, ocupando uma área consideravelmente grande. O fruto afetado deteriora-se, tornando-se imprestável para o comércio.
Por estar associado ao estádio de maturação e calor, fatores que apresentam correlação com o grau de incidência de podridão estilar, recomenda-se para controle:
1) colher os frutos antes que se tornem muito grandes;
2) controlar a temperatura dos frutos durante e após a colheita, pulverizando-os com água ou mantendo-os armazenados à sombra; e
3) efetuar colheita quando o fruto apresentar baixa pressão de liberação de óleo da casca, equivalente a 4,5-5 kg.
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Por Andréa Oliveira
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Comentários
Moacir Campos
20 de fev. de 2023Tenho em meu sitio alguns pés de limão laranja e mexrtica pocam, os frutas ficam bem formados e bonitos, porém ficam muito duros, mesmo estando maduros a casca não amacia, impossível de espremer manualmente. O que fazer?
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6 de set. de 2023Olá, Moacir Campos! Como vai?
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TEREZA CRISTINA BARBOSA
19 de jan. de 2023Meu pé de limão Taiti está com as cascas dos troncos se abrindo como se cortasse com uma faca,Oq posso fazer,?
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31 de jan. de 2023Olá, Tereza! Como vai?
Verifiquei no meu sistema que a consultora da empresa já entrou em contato com você.
Agradeço seu contato e precisando estou à disposição.
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Natalicio de Jesus Gonçalves
25 de jun. de 2022No meu quintal tenho um pé de limão Thaity, jã produz, porém, começou a apodrecer no caule, junto ao solo. Como proceder
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13 de jul. de 2022Olá, Natalicio.
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Dave
15 de jan. de 2022Olá, gostaria de saber como identificar fungo no fruto do limão, manchas pretas na casca do limão são fungos? Estes frutos poderiam ser consumidos ? Obrigado.
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18 de jan. de 2022Olá, Dave! Tudo bem com você?
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Karina Theodoro
Ederson Domingos Dionis
3 de jan. de 2022Gostaria de saber como q e pego o limão, porq assim q eu pego os limão ,ele começa a manchar,gostaria de uma explicação ,estou com varios pé que esta amarelando as folhoas ,
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1 de fev. de 2022Olá, Erdeson! Tudo bem?
Agradeço sua visita em nosso site!
Existem diversas fatores que podem influenciar no amarelamento dos frutos, para identificar a causa, recomendamos que você que procure um agrônomo na sua região para que o mesmo nossa fazer uma analise do seu pé de limão e assim orientá-la de forma mais eficiente.
Abraços!
Lorena
Alessandro Figueira de Santana
24 de dez. de 2021Bom dia gostaria de saber a causa do amarelamento das frutas do limão taiti não consigo controlar nem indetificar
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14 de jan. de 2022Olá, Alessandro! Tudo bem?
Agradeço pela visita em nosso site! :)
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Abraços!
Lorena
Alessandro Figueira de Santana
18 de nov. de 2021Meus limoes estão crescendo com manchas amarelo pardo sem fins comerciais
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13 de jan. de 2022Oi, Alessandro! Tudo bem?
Agradecemos sua visita em comentário em nosso site!
O ideal é que busque ajuda de um profissional da área. Para isso, você poderá fotografar o problema e ir até uma loja de produto agrícola e pedir algum produto para tratar o problema.
Abraço!
Lorena
Eliana Cristina guarnier
23 de mai. de 2020Meu pe de limão thaity não desenvolve é quando começa às folhas nascem enrugadas. Ele já tem 1 ano e meio.as folhas quando nascem poucos dias começam a enrugar.o que fazer?
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25 de jun. de 2020Olá,Eliana
Como vai?
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Neste caso, recomendamos que procure um agrônomo na sua região para que o mesmo nossa fazer uma analise do seu pé de limão e assim orientá-la de forma mais eficiente.
Atenciosamente,
Erika lopes
Nei
18 de set. de 2019Meu pé de limão está com umas manchas brancas, que viram tipo uma casca. O que fazer?
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20 de set. de 2019Olá Nei,
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O ideal é que busque ajuda de um profissional da área. Para isso, você poderá fotografar o problema e ir até uma loja de produto agrícola e pedir algum produto para tratar o problema.
Atenciosamente,
Victor Sampaio
MARIA RITA BATISTA DOS SANTOS DE LACERDA
28 de jul. de 2019Gostaria de saber qual veneno passo nos meus pés de limão e laranjas que estão ficando amarelos e secando.
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29 de jul. de 2019Olá Maria Rita Batista dos Santos,
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Pelos sintomas, não é possível especificar o problema sem uma visita ao local. Sendo assim, o ideal é procurar por um engenheiro agrônomo, para que ele possa diagnosticar com exatidão o que está causando o problema, para que seja indicado o melhor tratamento.
Atenciosamente,
Victor Sampaio