Produção de alevinos

Existem várias espécies de peixes que podem ser cultivadas em pisciculturas. O cultivo de peixes é constituído por três fases: a alevinagem, a recria e a engorda. Cada uma delas constitui um tipo específico de piscicultura. Para que cada fase seja bem conduzida, será necessário que o piscicultor conheça as formas de manejo e os cuidados que cada uma dessas etapas requer, visando manter as condições adequadas para o desenvolvimento dos peixes.

O produtor de alevinos dedica-se à reprodução, à larvicultura, à criação e à comercialização de alevinos. A larva é considerada o primeiro estágio de desenvolvimento dos peixes, formada pela eclosão dos ovos. O segundo estágio é definido pós-larvas e está relacionado com o enchimento da bexiga natatória e, consequentemente, com a abertura da boca. Em seguida, formam-se os alevinos, peixes pequenos que já se assemelham aos adultos da sua espécie.

Os alevinos estarão prontos para serem comercializados quando atingirem o peso ideal e depois de passarem por um treinamento alimentar, que os deixa aptos a se alimentarem com ração farelada ou balanceada, dependendo da espécie. Isso facilitará o início da recria e a condução da engorda, proporcionando a obtenção de um elevado potencial de desenvolvimento dos peixes.

“Os alevinos podem ser vendidos para outros criadores, podem ser criados ou, até mesmo, utilizados para repovoamento dos rios onde suas espécies estão em extinção”, afirmam os professores Dálcio Ricardo de Andrade e Manuel Vasquez Vidal, do curso Produção de Alevinos, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

Espécies mais produzidas

Peixes Tropicais:
Apresentam o maior potencial de desenvolvimento, quando a temperatura da água se encontrar entre 22ºC e 30ºC. Os peixes tropicais são comercializados para pesque-pague, ou abatidos para servirem de alimentos para a população em geral. São eles: Tilápia, Carpa, Pacu, Tambaqui, Tambacu, Surubim, Matrinchã, Piau e Curimba ou Curimbatá ou Curimatã.

Peixes de clima frio ou temperado:
No caso do Brasil, a principal espécie comercial dessa categoria é a truta, sendo considerada um peixe nobre. Esse peixe, normalmente, é comercializado abatido e os maiores criatórios do Brasil encontram-se localizados nas regiões serranas de Minas Gerais, no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Espírito Santo.

Peixes ornamentais:
Nessa categoria, existe uma diversidade de espécies de peixes, que são produzidas, exclusivamente, para a aquariofilia. Os principais criatórios comerciais de peixes ornamentais ficam localizados em Minas Gerais e São Paulo.

Temperatura

A temperatura da água influencia muito na temperatura do corpo dos peixes, pois estes pertencem à classe de animais aquáticos classificados como piscilotérmicos. Essa relação térmica influencia no consumo de alimentos pelos peixes e, consequentemente, no seu metabolismo. Caso a temperatura da água esteja muito além da faixa ideal de cada espécie, dependendo da duração, poderá ocorrer paralisação do desenvolvimento dos peixes, o que poderá resultar em elevadas taxas de mortalidade, levando a uma significativa redução dos lucros do piscicultor.

pH da água

Trata-se de um parâmetro que indica a concentração dos íons de hidrogênio presentes na água, que, dependendo do seu valor, também interferirá diretamente no metabolismo dos peixes. Quando o valor do pH for abaixo de sete, ele será ácido; quando igual a sete, será neutro e, quando acima de sete, será básico.

Oxigênio dissolvido

Trata-se de um dos parâmetros mais importantes para a manutenção das condições de vida para os peixes. Quando o oxigênio da atmosfera entra em contato com a água, ele se dissolve nela e, por isso, o parâmetro a ser monitorado durante os cultivos é o “oxigênio dissolvido”. Se for detectada uma concentração de oxigênio abaixo da ideal, podem-se adotar medidas para elevá-la até valores próximos dos recomendados.

Essas medidas são as seguintes:
- Reduzir as adubações orgânicas (com esterco de animais);
- Renovar parte da água dos viveiros;
- Utilizar os aeradores, sendo esse o principal procedimento.

Pós-larvas

O desenvolvimento de larvas é dividido, por razões práticas do piscicultor, em duas fases que são:

- Na primeira, chamada fase prematura, desenvolvem-se paralelamente a boca e o tubo digestivo com as brânquias. Quase todas as larvas têm um período no desenvolvimento, quando reduzem seu movimento e “deitam-se”. Nessa fase, o abastecimento da incubadora com água bem oxigenada é especialmente importante.

- A segunda fase, chamada pós-larva, começa quando a bexiga natatória desenvolve-se. Com a bexiga natatória funcionando, a larva já pode nadar horizontalmente e buscar alimento. Quando a larva chega nessa fase, o saco vitelino tem ainda 20 a 30% de reservas. Como o tubo digestivo é desenvolvido, inicia-se uma fase de alimentação dupla. Esse fenômeno é uma forma de adaptação ao meio ambiente e tem grande importância por aumentar as chances de sobrevivência. Essa fase pode durar 4 a 8 dias, dependendo do tamanho do saco vitelino e da temperatura. Nesse tempo, a pós-larva tem de começar a alimentação externa.

Alevinagem

O tanque que vai receber as pós-larvas deve ser devidamente preparado. É necessário que se faça a calagem para corrigir o pH da água que deverá ficar com valor próximo a 7. Como o tanque será utilizado para alevinagem, a adubação deverá ser feita com esterco, apenas, na faixa central do tanque. Isso é para diminuir a mortalidade inicial das pós-larvas devido à fermentação da matéria orgânica. Colocar capim seco nos margens dos tanques estimula o crescimento de alimentos naturais. Após aplicação do calcário, faz-se a adubação inicial dos tanques. Ela terá a função de proporcionar o desenvolvimento de plâncton necessário ao desenvolvimento dos peixes. Essa adubação inicial deverá ser feita com os seguintes fertilizantes:
- Sulfato de amônio, 70,0 kg/ha;
- Superfosfato triplo, 40,0 kg/ha;
- Esterco de suíno, 3.500,0 kg/ha.
- Caso o produtor disponha apenas de esterco de suíno, a quantidade aplicada deverá ser de 5.000,0 kg/ha.

A adubação orgânica e fertilização mineral garantem altos índices de produtividade natural dos tanques na piscicultura. Elas têm como objetivo adicionar os elementos limitantes à produção orgânica: nitrogênio (N), fósforo (P) e carbono (c). O carbono é adicionado na forma de esterco, e o P e o N na forma de fertilizantes. O esterco de suíno é considerado o melhor para os alevinos.

O adubo orgânico, tanto na adubação inicial quanto na adubação de manutenção, deverá ser utilizado com critério para evitar contaminação e poluição ao meio aquático e, consequentemente, comprometer o desenvolvimento das pós-larvas quanto à qualidade do produto final.

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Por Andréa Oliveira.