O biodiesel, que é uma fonte alternativa de energia renovável e ecologicamente correta, poderá se tornar um importante instrumento de desenvolvimento socioeconômico e regional.
O processo de produção do biodiesel já se encontra consolidado no Brasil. As tecnologias de processamento das diversas matérias-primas estão bem desenvolvidas. Para a otimização do “lead time” da cadeia produtiva do biodiesel é de fundamental importância a harmonização das interfaces do sistema logístico. A integração entre os diversos elementos da cadeia de produção de biodiesel é fator preponderante para que o seu uso e produção sejam efetivos e eficientes, com preços competitivos, na entrega do produto ao consumidor final.
O principal agente da cadeia de produção do biodiesel é o Governo Federal. "Para viabilizar a inserção do biodiesel na matriz energética do país, bem como de sua cadeia de produção, ele ainda precisa intervir em diversos segmentos da mesma. Ao instituir a obrigatoriedade da adição ao diesel de petróleo, estimulou a produção e estabeleceu a demanda", afirma Paulo Anselmo Ziani Suarez, professor do Curso a Distância CPT Produção de Biodiesel na Fazenda.
Ao criar o Selo Combustível Social, procurou viabilizar o desenvolvimento regional, em especial no semiárido, e a inclusão social e, com isso, o desenvolvimento de outras culturas oleaginosas para abastecer a produção. Por intermédio da ANP, o governo normatiza e fiscaliza a qualidade do produto e intervém na comercialização, realizando leilões que estimulam a competição entre os produtores de biodiesel e controlam o preço do produto. E, por meio da Petrobrás, além da implantação de algumas instalações produtoras, organiza a distribuição do biodiesel e a sua mistura no diesel para o consumo. Além disso, estimula pesquisas nos diversos campos científicos relacionados ao biodiesel, por meio da Rede Brasileira de Pesquisas em Biodiesel (RBPB), e cria mecanismos de políticas públicas de incentivo fiscal, financiamentos e infraestrutura por meio do Plano Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB).
É interessante observar também que a estrutura criada desenvolveu um processo de verticalização, onde uma mesma empresa controla a maioria das etapas da cadeia de produção. A fim de aumentar suas margens líquidas, as unidades produtoras de biodiesel integraram as comunidades de agricultores familiares, estimulando a sua organização em cooperativas, e refinarias de petróleo (Petrobrás) instalaram unidades de produção de biodiesel, seguindo também esse mecanismo de integração.
Ao criar o Selo Combustível Social, o governo procurou viabilizar o desenvolvimento regional, em especial no semiárido.
No segmento da produção agrícola, ainda são necessários avanços em pesquisas para aumentar a escala de produção de óleos vegetais, explorando o potencial brasileiro de produção de oleaginosas alternativas, que tenham maior rendimento de óleo por unidade de área, que não apresentem outras demandas significativas que possam encarecer o biodiesel, a fim de reduzir a dependência do óleo de soja.
Os principais gargalos detectados na análise realizada estão relacionados à logística de distribuição física ao longo da cadeia de produção do biodiesel, a citar: a predominância do modal de transporte rodoviário para grãos e para o biodiesel; a má conservação e insegurança das rodovias nacionais; a regionalização ainda incipiente da distribuição, com a concentração da produção no Centro-oeste e Sudeste e o relativo isolamento das áreas produtoras do Nordeste; a falta de infraestrutura de armazenamento para atender a demanda e de carregamento de muitas usinas, aumentando o tempo de espera dos distribuidores, levando à protelação do lead-time; a possível exclusão das montadoras de caminhões-tanques do PNPB, de modo que elas não foram capazes de atender o aumento da demanda quando o Governo Federal antecipou a obrigatoriedade de adição do biodiesel ao diesel.
Além dos problemas da produção e distribuição do óleo e dos demais insumos, destaca-se, como principal desafio para viabilizar a cadeia produtiva do biodiesel, a integração harmônica de todos os elos em toda sua complexidade, o que exige uma eficiente e rápida articulação entre todos os envolvidos nela.
Fica claro que, para ser bem sucedido, o setor do biodiesel não poderá fugir à necessidade de se impor uma gestão sistêmica, flexível e de alto nível. São necessárias, também, políticas adequadas e viáveis de suporte à sua sustentabilidade competitiva no âmbito mundial.
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Por: Ariádine Morgan.
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