Profissão Professor

Até pouco tempo atrás, a educação formal, aquela aprendida na escola, baseava-se em princípios antiquados e limitados que definiam o contexto sala de aula como uma situação engessada, na qual cada indivíduo mantinha uma postura única, com um papel pré-estabelecido. Esses princípios defendiam a ideia errônea de que o professor era o único detentor do conhecimento, considerando os alunos meros recipientes vazios destinados a internalizar tudo aquilo que liam e ouviam. Assim, o processo ensino-aprendizagem era visto como um sistema estático, sem qualquer tipo de interação ou troca de conhecimento entre professor e aluno.

Trabalhar com o colega favorece a aprendizagem

Felizmente, atualmente, a construção do conhecimento é feita em conjunto, numa situação interativa e dinâmica na qual o professor nada mais é do que um facilitador da aprendizagem, um orientador na busca pelo saber. Ao deixar de ser um sujeito passivo em sala de aula, o aluno começa a aprender de maneira significativa, pois se sente participante do processo ensino-aprendizagem. É como se ele deixasse de simplesmente ingerir um alimento pronto para finalmente fazer parte de cada etapa do seu preparo, avaliando e analisando o que está sendo ensinado a ele e tentando sempre contribuir com suas ideias e opiniões.

Pequenos gestos fazem a diferença

O diploma que dá ao professor o direito de lecionar não é garantia de sucesso, tampouco existe uma fórmula ou uma receita capaz de fazê-lo superar com mérito os inúmeros desafios da sua carreira. Contudo, algumas posturas adotadas pelo professor têm grande chance de torná-lo uma referência no que tange ao bom desempenho do seu trabalho. Atitudes pequenas, porém bastante significativas, influem no rendimento diário do aluno, fazendo-o se sentir motivado a participar da aula e conseguir boas notas ou fazendo-o se sentir desmotivado, obtendo notas ruins.

O professor Marcelo Henrique de Mello, especialista em didática e formação de professores, acredita que a afetividade em sala de aula é a característica mais importante no processo de aprendizagem, determinando o interesse e o rendimento final dos alunos. Quando estes, juntamente com o professor, se dispõem a criar um ambiente agradável baseado no respeito e na cooperação, dificilmente enfrentarão situações-problema. Mello afirma que quanto mais próximos eles forem, mais fácil será a troca de conhecimento e a própria convivência entre eles.

O afeto em sala de aula é fundamental

Por outro lado, se o professor não demonstrar empatia pelos alunos, a probabilidade de falhar na sua tarefa de ensinar aumenta consideravelmente. Ele precisa enxergar cada aluno como um sujeito único, aceitá-lo e se importar com ele, com o que ele tem aprendido, com o que ele pensa, com suas ideias, opiniões e limitações. Sem essa relação que ultrapassa os muros da escola, a aprendizagem é prejudicada, pois é justamente a partir dessa harmonia que o propósito de construir conhecimento se consolida e se realiza.

A postura do professor e o rendimento do aluno

De acordo com o especialista em didática, além de interagir com os alunos, é essencial que o professor instigue o desejo de aprender. A aprendizagem tem que ser encarada como um desafio enriquecedor. Antes mesmo de entrar na escola, o discente deve ter paixão e curiosidade pelas informações que contribuirão diretamente para o seu desenvolvimento social e intelectual. A aprendizagem, quando vista como uma obrigação, torna-se desinteressante e entediante, perdendo todo o seu encanto.

Para Marcelo Mello, o professor tem em suas mãos o poder de atrasar ou acelerar o processo de aprendizagem de cada aluno. Ao acreditar na capacidade da criança de aprender e de se desenvolver, deposita uma certa confiança nela, fazendo com que ela se esforce. Do contrário, ao duvidar da capacidade dela, ainda que não mencione isso diretamente, acaba dificultando o seu desempenho. O aluno se dedica mais quando sabe que o professor confia nele e acredita no seu potencial. Isso se justifica por dois motivos: primeiro, a autoestima faz com que ele aprenda mais e em menos tempo. Segundo, porque ele não quer decepcionar nem a si mesmo nem ao mestre.

Fugindo da rotina

Pequenas mudanças quebram a rotina e tornam as aulas interessantes

Mello afirma que aulas atrativas e criativas são de inquestionável relevância no contexto escolar, pois são capazes de despertar e manter a motivação e a admiração dos alunos. Evitar o método tradicional em que os alunos fazem sempre as mesmas atividades seguindo o livro didático ou a apostila é o primeiro passo para tornar as aulas mais interessantes e, consequentemente, mais produtivas. O próprio ambiente sala de aula pode ser substituído, vez ou outra, por um um lugar que seja menos formal, que traga uma novidade para a aula e motive os alunos.

Todavia, Marcelo de Mello alerta que para fazer mudanças é imprescindível que o professor tenha um tempo para conhecer a turma e as suas preferências, pois atividades que funcionam em alguns grupos não necessariamente são bem aceitos em outros. Além disso, o estilo e o perfil do professor também devem ser levados em conta, bem como as condições de liberdade impostas pela escola.

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Por Camila Guimarães Ribeiro