Constantin Stanislavski foi um ator russo que nasceu em 1863 e morreu em 1938. Foi um dos fundadores do Teatro de Arte de Moscou, criador do Sistema Stanislavski de atuação, ainda hoje fundamental para a arte do ator. "Trazer as técnicas de preparação de um ator, criadas por Stanislavski para a preparação do professor, vai colaborar para melhorar ainda mais o seu treinamento", afirma Jeane Doucas, professora do Curso a Distância CPT Técnicas de Ator para Professores.
Em resumo, esse grande diretor/ator deixou um legado. Segundo ele, para a preparação do ator (aqui no caso o professor) ser efetiva, tem de ser usada no seu cotidiano, para que o corpo fique marcado com esses novos hábitos e costumes. Para ele, não basta que você faça os exercícios específicos propostos e os “guarde” para usá-los mais tarde. Para alcançar movimentos que expressem sutileza, complexidade, fluidez entre outros é preciso que interfira na sua natureza cotidiana, prestando atenção nos músculos que aciona sem necessidade, na força exagerada que emprega para escovar os dentes, por exemplo, que inclusive os prejudica, o peso nas mãos ao abrir uma porta, o descaso com que senta numa cadeira, e procure agir de forma relaxada, sem tensões.
É esse novo corpo, com novos hábitos, perseguidos diariamente, a vida toda, que vai lhe dar base para usá-lo de forma relaxada durante o seu trabalho em sala de aula. O mesmo ocorre com o estado de presença que é fundamental durante toda a aula. É esse estado de presença que permite a você unir mente e corpo.
A linguagem cotidiana se expressa estimulada pelas nossas ansiedades, intenções, sentimentos, desejos, associações, que são demonstrados pelo olhar, pelo gaguejar, faces coradas, levantar de sobrancelhas e pequenos gestos descontrolados como o balançar das pernas, por exemplo. Durante uma aula, no entanto, o professor deve ter a dimensão de todos os seus gestos. Eles servirão para ensinar, expressar, e até para serem imitados por quem os observa constantemente. Um gesto realizado numa hora determinada marca aquele assunto que está sendo tratado naquele momento. Reforça o conteúdo teórico. Quando um professor ministra uma aula, reproduzindo apenas os movimentos habituais, a linguagem fica pobre de significados, genérica e sem cor.
É muito comum encontrarmos em nossa vida professores que, quando estão em evidência, subtraem de si os sentidos e vão direto para a prática discursiva. E todos sabem que uma aula discursiva não atrai o menor interesse. Para vencer a dificuldade que o acometia sempre que ficava em evidência, Stanislavski começou, desde muito cedo, a agir em diversas situações do seu cotidiano como se fosse um personagem; costume que continuou praticando até suas últimas atuações. Stanislavski exigia de si mesmo e de seus alunos que praticassem a observação ativa. Significa aguçar o que vê e o que ouve durante as relações para perceber as emoções, as intenções, os desejos das pessoas com quem você mantém contato no dia a dia. Com todos os sentidos em alerta! Além de enriquecer o seu “estoque” de gestos e expressões, ainda vai causar bastante empatia em quem estiver se relacionando com você.
Quando o professor desperta os outros sentidos do corpo e traz a energia necessária ao seu corpo expressivo, que veio dos exercícios praticados e dessa vivência da observação ativa, vem à tona o vigor poderoso, sutil e complexo que reforça as ações físicas que ele vai realizar. Quando você verificar o sucesso desse novo corpo, vai se tornar mais ousado a cada aula. Mas, para isso, é necessária uma prática diária, sistemática, insistente e entusiasmada.
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Por Silvana Teixeira.
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