
Quando se conhece a anatomia funcional e os eventos reprodutivos dos animais, torna-se mais fácil entender o comportamento dos indivíduos, assim como ajustar as técnicas de manejo às suas necessidades, explica Mariana Costa, Professora do Curso CPT Suínos: Produção e Principais Doenças.
São funções do aparelho reprodutor do macho suíno a produção de gametas, a excreção de urina, o transporte de gametas, o ejaculado e a excreção de hormônios. Na anatomia do sistema reprodutivo do macho, observam-se órgãos e glândulas que desempenham papel importante para o funcionamento do sistema reprodutivo e para a composição do ejaculado suíno. Pode ser dividido em: aparelho secretor de sêmen, órgão copulador e glândulas anexas.
Aparelho reprodutor do macho suíno
- Testículos
Local de produção de espermatozoides e testosterona. Os testículos se desenvolvem no abdômen do embrião e realizam a descida através o anel inguinal. Após a descida, permanecem alojados na bolsa escrotal do suíno. Essa descida acontece no último quarto da vida fetal do suíno.
- Criptorquidia e Hérnia Escrotal
Quando o testículo não desce e permanece na bolsa escrotal, não há produção de espermatozoides devido à variação (alta) de temperatura. Nesse caso, os suínos tornam-se estéreis. São os chamados criptorquidas unilaterais e bilaterais. Contudo, a função endócrina continua sendo mantida. Pode ocorrer a descida de vísceras abdominais pelo orifício, adentrando na bolsa escrotal, o que caracteriza uma hérnia escrotal. Essa alteração é muito comum em suínos. Para funcionamento eficiente, os testículos devem ser mantidos a uma temperatura inferior à temperatura do corpo. Deve estar a 4 e 7 graus abaixo da temperatura retal para que a espermatogênese ocorra.
- Sistema excretor de sêmen
Dentro do testículo temos o sistema secretor de sêmen, formado pelos túbulos seminíferos (correspondem ao local do aparelho reprodutivo em que são produzidos os espermatozoides), canal deferente, condutos eferentes, uretra e epidídimo (local onde os espermatozoides produzidos nos túbulos seminíferos são armazenados. É dividido em cabeça, corpo e cauda. Os espermatozoides mais maduros são armazenados na cauda do epidídimo). O órgão é envolto por uma cápsula chamada túnica albugínea.
- Função endócrina
Dois hormônios produzidos pela Hipófise influenciam a produção espermática dos machos suínos:
hormônio folículo estimulante-FSH (possui a função de agir nas células de Sertoli e estimular a espermatogênese) e hormônio luteinizante LH (estimula a secreção da testosterona responsável por garantir as características sexuais masculinas).
- Maturidade sexual do macho suíno
a) Fase de transição: 150 dias (5 meses) – espermatozoides nos túbulos seminíferos.
b) Puberdade: 10 a 12 meses - aumento do volume testicular e do número de espermatozoides.
c) Capacidade fecundante: o número de espermatozoides e o volume de sêmen continuam a aumentar durante os primeiros dezoito meses de idade do cachaço também chamado de varrão ou macho suíno. Entretanto, após 5 meses de idade, o macho adulto atinge a maturidade e tem inicio ao comportamento sexual.
Quando um animal é jovem ou imaturo sexualmente, mas já está produzindo espermatozoide, temos uma grande quantidade de células com defeitos morfológicos. A principal alteração é a presença da gota citoplasmática como indicador de que o espermatozoide não passou completamente pelo processo de maturação no epidídimo.
- Glândulas anexas ou acessórias
De uma forma geral, o volume médio do ejaculado de um suíno é em torno de 400 mL. Esse volume pode sofrer alterações conforme a idade do macho. Grande parte do ejaculado vem acompanhado por secreções das glândulas acessórias que compõem a porção líquida do ejaculado, também chamado de plasma seminal.
As principais glândulas do sistema reprodutor masculino são a próstata (tem como função é armazenar e secretar o sêmen), glândulas seminais (estão posicionadas ao lado das ampolas, responsáveis por produzir um fluido com pouca quantidade de frutose e grande quantidade de Inositol) e glândulas bulbouretrais (estão posicionadas próximas à uretra, responsáveis pelo componente gel no sêmen. Produzem 75% do ejaculado).
- Pênis suíno
O pênis de suínos apresenta a extremidade apical em forma de espiral. É importante entender essa particularidade anatômica da espécie, pois, no momento de realizar a coleta de sêmen, essa extremidade precisa ser considerada para correta fixação do copo coletor.
- Divertículo prepucial
O prepúcio do suíno é caracterizado por apresentar pequenos divertículos que acumulam resto de urina, restos de descamação do epitélio e também bactérias. Por isso, no momento pré-coleta, o esvaziamento completo do divertículo é essencial para reduzir os níveis de contaminação bacteriana no sêmen coletado e, consequentemente, na dose preparada.
- Produção espermática
Diversos fatores interferem na produção espermática dos suínos, entre eles a idade, a genética, o peso corporal, o ambiente, o tamanho testicular, a frequência de coleta e a nutrição. O estresse calórico interfere diretamente na produção de sêmen de suínos. Nesses casos, recomenda-se o afastamento do animal da rotina de coleta por até 3 semanas. Além disso, é necessário evitar o procedimento de coleta de sêmen em dias muito quentes.
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Por Silvana Teixeira.
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