As cáries são caracterizadas pela destruição do tecido dental calcificado. A fermentação bacteriana de carboidratos libera ácidos que decalcificam (dissolução de cálcio) o tecido dentário inorgânico. “As cáries Infundibulares de cemento têm uma alta prevalência e é a mais comumente encontrada nos equinos”, explica o Prof. Dr. Luiz Fernando Rapp de Oliveira Pimentel, do Curso CPT Odontologia Equina: Diagnóstico e Intervenções em Odontopatias Congênitas e Adquiridas.
Os dentes maxilares de cavalos idosos são predispostos ao desenvolvimento dessas cáries devido à presença de hipoplasia de cemento infundibular. Os dentes 109 e 209 e os infundíbulos rostrais são os mais acometidos. A hipoplasia de cemento infundibular também pode se desenvolver em animais jovens, devido à destruição do saco dentário, como ocorre na perda ou extração prematura de pré-molares decíduos.
As cáries Infundibulares podem ser classificadas de acordo com a tabela abaixo:
Tabela - Cáries infundibulares
Classificação |
Lesões Características |
Grau Zero |
Não há presença de cáries macroscópicas visíveis, mas há presença de hipoplasia de cemento. |
1o Grau |
A cárie afeta apenas o cemento; a partir de uma pequena corrosão pontual superficial até uma extensa destruição do cemento oclusal. |
2o Grau |
A cárie afeta o cemento e esmalte adjacente. |
3o Grau |
A cárie afeta cemento, esmalte e dentina |
4o Grau |
A partir da lesão cariosa, ocorre o desenvolvimento de infecção periapical ou fratura dentária, a viabilidade do dente está comprometida. |
Fonte: Dixon & Dacre, 2012.
Conforme a classificação acima, as cáries infundibulares podem progredir para uma infecção endodôntica dolorosa e atingir as raízes com possível necrose periapical. A expansão das cáries dos infundibulares permite a fusão dos infundíbulos rostral e caudal, o que diminui a resistência oclusal perante as forças mastigatórias e favorece a ocorrência de fraturas dentárias espontâneas.
As cáries dentárias periféricas afetam as faces periféricas dos dentes e o cemento oclusal. Nas faces lingual, intermesial, bucal e palatal, as cáries de cemento favorecem o desenvolvimento de doenças periodontais por meio da destruição dos ligamentos cemento-periodontais. Na oclusal, o pregueamento do cemento do dente acometido por cárie favorece a fratura do esmalte dentário com possível lesão da dentina e polpa, o que pode resultar em infecção periapical e perda dentária.
A alta incidência de cáries periféricas que envolve todos os dentes tem sido identificada em equinos sob dietas com alta concentração de carboidratos, restrito fornecimento de volumoso, no qual o reduzido tempo de mastigação diminui a produção de saliva tamponante. Isso pode predispor a longos períodos de pH baixo na cavidade oral com consequente desmineralização do tecido dentário mineralizado. Observamos isso em animais alimentados com silagem de milho e cana de açúcar.
Tratamento
Primordialmente nos animais com dieta desbalanceada, devemos obrigatoriamente corrigir os níveis nutricionais minerais e o balanço energia/proteína/carboidrato. Fornecer volumoso em quantidades adequadas ao peso do animal, se possível à vontade, para aumentar a produção de saliva e corrigir o pH oral. Estão indicadas as restaurações infundibulares, oclusais e em faces periféricas o mais precoce possível. Casos avançados em que há necrose periapical, indicamos a exodontia do dente afetado.
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Por Silvana Teixeira.
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