
O carrapato estrela (Amblyomma cajennense) é um parasita dos equinos, mas também pode parasitar bovinos, outros animais domésticos e animais silvestres. É o principal vetor no Brasil, explica Prof. Marcelo Dias da Silva, do Curso CPT Saneamento e Zoonoses em Medicina Veterinária.
Ciclo de vida do carrapato estrela
- Fêmea ingurgitada (reboleiro) deposita no solo de 3 a 4 mil ovos.
- As larvas (3 pares de pernas) eclodem após 65 dias e buscam o hospedeiro, sugam seu sangue e vão ao solo. Em seguida, fazem a muda em ninfa (4 pares de pernas) e vão buscar um novo hospedeiro.
- As ninfas e larvas podem sobreviver meses no solo sem hematofagia.
- As ninfas buscam um novo hospedeiro onde ficam de 5 a 7 dias sugando sangue. Depois vão ao solo e sofrem a segunda muda, virando adulto macho ou fêmea.
- No novo hospedeiro, acasalam e a fêmea suga o sangue até ficar ingurgitada e voltar ao solo para ovipostura.
Patogenia: vetor
- A fêmea pode transmitir por via transovariana a bactéria à prole e o macho pode transmitir no acasalamento às fêmeas.
- Uma vez infectado, o carrapato pode carregar o patógeno pela vida inteira.
- A transmissão da Rickttsiae ao hospedeiro vertebrado acontece através da saliva do carrapato durante a hematofagia.
- É necessário algum tempo do carrapato fixado e sugando o sangue para ocorrer a transmissão da doença ao hospedeiro, no mínimo, 4 horas.
- A proporção de carrapatos infectados pela R. rickettsii, mesmo em regiões endêmicas para a doença, costuma ser abaixo de 1 a 3%.
Quadro clínico
O quadro clínico humano inclui sintomas iniciais como febre, dor de cabeça e dores musculares, seguidos pelo aparecimento de exantema, apesar de nem todos os infectados apresentarem as manchas características. A doença pode ser difícil de diagnosticar nos estágios iniciais e, sem tratamento rápido e adequado, pode ser fatal.
Patogenia: ser humano
No sangue do hospedeiro, a bactéria lesiona o endotélio. Os sintomas (inespecíficos - febre, dor, mal-estar) se inciam após sete dias. Pode aparecer as máculas, manchas vermelhas na pele, inclusive nas palmas das mãos e dos pés, quadro patognomônico da doença. Se não for tratado com urgência, pode evoluir para casos de paralisia, insuficiência respiratória, insuficiência renal, inflamação do cérebro e/ ou perdas cognitivas. O tratamento é feito com antibióticos e medicações de suporte. Não se aguarda o resultado do exame para instituir tratamento, pois pode ser tarde.

Diagnóstico e prevenção
O diagnóstico é feito pelos laboratórios centrais dos estados (LACEN). Uma orientação importante é que não é incomum não achar anticorpos nos primeiros momentos da doença, cerca de 7 a 10 dias, precisando ser feita segunda sorologia em torno dos 21 dias para confirmar o resultado.
- Prevenção individual
--> Use roupas claras para ajudar a identificar o carrapato.
--> Use calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas.
--> Evite andar em locais com grama ou vegetação alta.
--> Uso de repelentes: já existem repelentes contra carrapatos (icaridina). Inspecione se você e seus animais de estimação estão com carrapatos, evitando aguardar mais de três horas após estar em área de risco.
- Extração do carrapato
Para a remoção do carrapato, não se deve simplesmente puxá-lo, pois o seu corpo pode sair, mas o aparelho bucal permanecer aderido à pele. Portanto, remova o carrapato com uma pinça com leves torções sem esmagá-lo, puxando-o com cuidado e firmeza. Lave a área da mordida com álcool ou água e sabão.
Quando chegar de uma caminhada em local de risco ou se identificou a presença de carrapatos no ambiente em que está, é importante usar algum material abrasivo na pele ao tomar banho, como esponjas, escovas e bucha vegetal, porque as larvas e ninfas são muito pequenas, difíceis de perceber na pele, e esse procedimento ajuda a eliminá-las.
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Por Silvana Teixeira.
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