
O complexo de doenças que causam as clostridioses é um tema relevante na área de medicina veterinária. Essas doenças são causadas por bactérias que produzem toxinas violentas que atacam o plantel avícola. “A clostridiose não afeta apenas o frango e as galinhas, atinge também aves aquáticas, codornas e perus”, explica Marcelo Dias da Silva, professor do Curso CPT Avicultura – Produção e Principais Doenças.
Observe as principais características desse conjunto de doenças:
• Causadas por um grupo de bactérias Gram+ saprófitas, ou seja, são bactérias presentes no trato gastrointestinal e no ambiente em que as aves vivem. Exemplos: Clostridium botulinum, Clostridium perfringens e Clostridium colinum.
• Condições de anaerobiose ou a baixa presença de oxigênio no organismo dos animais favorecem a produção de toxinas pelas bactérias e a ocorrência de várias doenças concomitantes às clostridioses, tais como: tétano, gangrena gasosa e botulismo.
• O maior problema das clostridioses são as violentas toxinas produzidas pelas bactérias. Essas toxinas estão entre as mais letais conhecidas pelo ser humano.
Enterite necrótica: entre as clostridioses, vamos abordar, em primeiro lugar, a enterite necrótica e suas especificações em relação às aves.
a) Etiologia
• Agente etiológico: Clostridium perfringens.
• Enterotoxemia aguda: a absorção de toxinas na área intestinal causa lesões repentinas nas aves do plantel.
• Mais comum em animais jovens.
• Toxinas A e C.
• Observa-se necrose de intestino delgado, debilidade e morte.

Foto: (A) Alça intestinal com presença excessiva de gases e (B) hepatomegalia em ave, fígado com tamanho aumentado e pontos esbranquiçados devido à enterite necrótica.
b) Patogenia
A enterite necrótica é produzida pela ação de toxinas, quando há condições favoráveis para a rápida multiplicação de C. perfringens. Dentre essas condições, podemos citar:
• Desequilíbrio no microambiente digestivo.
• Coccidioses causadas pelo emprego de rações com alto nível proteico, grande quantidade de trigo, ou ricas em fibra.
As rações ricas em fibra podem afetar a fisiologia digestiva da ave, cuja anatomia é voltada para a passagem rápida dos alimentos. Quando se emprega uma ração com muita fibra, ocorrem dois problemas:
• A grande fermentação origina gases e consome oxigênio.
• As fibras podem causar lesão da mucosa do intestino devido ao material fibroso.
Ambos os problemas são fatores predisponentes à coccidiose cujo protozoário causa lesões no intestino delgado dos animais.
c) Lesões
• As lesões são causadas por toxinas do tipo alfa, principal fator de patogenicidade.
• As cepas de bactérias que produzem esse tipo de toxina apresentam a capacidade de destruir a membrana celular dos enterócitos – células intestinais.
• O intestino das aves mortas apresenta-se distendido com a presença de gases no jejuno e no íleo.
• Mucosa com presença de pontos necróticos.
• Hepatomegalia com focos esbranquiçados.

Foto: (A) segmento intestinal com pontos de lesão e (B) segmento intestinal com estrias de vaso.
d) Controle e prevenção
• Evitar proliferação de microrganismos indesejáveis no trato intestinal.
• Cuidado com o excesso de fibra na ração. Exemplo: trigo, cevada e centeio não devem ser usados em grande proporção na ração avícola.
• Uso de probióticos que colonizam o trato intestinal e reduzem o pH.
• Atenção à cama (troca, presença de coccídeos e limpeza).

Foto: Cama aviária com granulação incorreta e com a presença de farpas.
Importante:
O médico veterinário deve orientar o produtor a ter atenção em relação à granulometria da cama do aviário. Camas grosseiras, com farpas ou cuja procedência seja duvidosa, que tenham sido armazenadas em lugares suspeitos, são uma porta de entrada e meio de proliferação de bactérias.
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Por Silvana Teixeira.
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