Como os lipídeos influenciam a nutrição em bovinos de corte?

De acordo com as explicações da Professora Taiane Martins, do Curso CPT Nutrição e Alimentação de Bovinos de Corte, abordaremos a digestão e o metabolismo dos lipídeos na nutrição desses animais. Exploraremos a classificação e características dessas gorduras, a composição lipídica dos alimentos e os potenciais efeitos negativos dos lipídeos dietéticos na fermentação ruminal.

Representado pelas gorduras, os lipídeos constituem uma fonte densa de energia para os animais, atuando:

• Na melhora da absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D E e K).

• Na manutenção da temperatura do corpo. Como fonte de ácidos graxos essenciais.

• No controle da ingestão, síntese de gordura e de hormônios.

• Na melhora da eficiência energética das dietas.

• Na nutrição animal, as gorduras são importantes, na forma de triglicerídeos, os quais se constituem no rúmen a partir de uma molécula de glicerol ao qual se ligam três ácidos graxos.

Os ácidos graxos podem ser classificados em:

Monoinsaturados: possuem uma única dupla ligação (instauração) em suas cadeias.

Poli-insaturados: possuem duas ou mais instaurações em suas cadeias.

Saturados: não tem nenhuma dupla ligação em suas cadeias.

Os lipídeos são provenientes da alimentação oferecida aos bovinos, portanto estão presentes tanto nos alimentos volumosos quanto nos concentrados, embora o teor de gordura das forragens seja consideravelmente menor. Os concentrados de origem vegetal são mais ricos em ácidos graxos insaturados e os concentrados de origem animais, em ácidos graxos saturados.

Efeito negativo dos lipídeos da dieta sobre a fermentação ruminal.

O teor ótimo de fornecimento de gordura na alimentação dos bovinos é de apenas 3 a 5% na MS total, sendo que acima de 6% a degradabilidade da fibra começa a ser limitada.

Esse efeito se explica por duas hipóteses:

1) Hipótese química: toxicidade dos ácidos graxos, especialmente insaturados para as bactérias celulóticas.

2) Hipótese física: efeito de recobrimento das partículas de alimento pela gordura, dificultando a adesão das bactérias celulolíticas a elas.

Contudo, apesar de o principal efeito inibitório dos ácidos graxos incidir sobre a população de bactérias digestoras de fibra, dietas com altos teores de forragem tendem a reduzir os efeitos da gordura na fermentação ruminal.

Metabolismo lipídico: ácidos graxos essenciais, síntese de gordura e absorção de lipídeos.

Dentre os ácidos graxos essenciais, o ácido linoleico e o ácido linolênico são os de maior importância que devem ser fornecidos na dieta dos ruminantes, uma vez que eles não são sintetizados pelo organismo dos animais.

A síntese de gordura nos ruminantes se diferencia da que ocorre em animais monogástricos nos seguintes aspectos:

1) O acetato proveniente da fermentação ruminal é o principal precursor dos ácidos graxos na maioria dos depósitos de gordura em vez da glicose.

2) O tecido adiposo é o principal local de síntese da gordura e não o fígado.

Em relação à manipulação da composição de ácidos graxos, deve-se levar em consideração:

• Forças transformadoras pós-absortivas (mecanismos fisiológicos).

• Forças transformadoras pré-absortivas (biohidrogenação).

• Absorção diferencial de ácidos graxos.

No que diz respeito à fase intestinal da digestão e absorção de lipídeos, no intestino entra uma emulsão grosseira que vem do estômago e se mistura com o suco biliar e o suco pancreático. A lipólise ocorre por ação das lipases do suco pancreático sobre os triglicerídeos (TG), produzindo diacilgliceróis (DG), monoacilgliceróis (MG) e ácidos graxos livres (AGL).

Já na corrente sanguínea, todos os compostos que chegarem (VLDL, Triglicerídeo, Acetato e Glicose) vão ser absorvidos pelas células de gordura.

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Por: Thiago de Faria