Ao contrário do que ocorre com os bovinos de raças europeias em condições de calor, nos animais zebuínos o cio, em geral, é mais fácil de ser detectado no verão (Zakari et al.,1981). Segundo Galina et al.(1990), poucas vacas foram observadas em cio no inverno (21%) quando comparada com o verão (33%), sendo portanto, as condições do inverno um fator de restrição na expressão do cio destes animais.
“Além disto, os zebuínos mostram uma tendência de reduzir o período de aceitação de monta, afetando a oportunidade para que um observador ocasional possa identificar o cio eficientemente”, explica Prof. Dr. Aloisio Torres de Campos, do Curso CPT Conforto Animal para Maior Produção de Leite.
Os zebuínos têm peculiaridades com respeito a sua expressão do estro: animais no cio não permitem a monta repetidas vezes, 85% da atividade de monta é realizada apenas pelos animais em cio e vacas mantidas em curral, para observação do cio, alteram seu comportamento, não expressando os comportamentos característicos do estro. Todos esses fatores, aliados ao fato de que o comportamento de monta não ser tão expressivo nos animais tropicais, e de que a maioria das montas ocorre geralmente à noite, tendem a afetar o sucesso da identificação do cio (Galina et al., 1995).
O comportamento infrequente de monta, junto a quase ausência dos sinais secundários do cio, como hiperatividade, agitação, mugidos repetidos e secreção cérvico-vaginal abundante, explicam porque o estro não é considerado intenso nos animais zebuínos. Autores têm mostrado que, em condições tropicais, sinais intensos do cio foram observados em apenas 20% de vacas mestiças Holandês x Hariana (Singh & Kharche, 1985), em 30% de vacas zebuínas criadas em condições brasileiras (Valle Filho et al., 1985), e em apenas 17% de vacas Gir (Galina et al.,1990).
Para se conhecer o comportamento característico do estro de animais zebuínos elegeu-se uma raça, a Gir e acompanhou-se continuamente o comportamento do cio induzido e natural de fêmeas desta raça, não lactantes, em duas estações do ano, durante dois anos consecutivos nas instalações do Campo Experimental Fazenda Santa Mônica pertencente à Embrapa Gado de Leite.
De um modo geral, não houve diferenças nas características do cio entre as estações. Porém, quando se verifica os resultados, com relação apenas ao cio natural, que é o tipo de cio que ocorre na grande maioria das fazendas que praticam a monta natural ou inseminação, o dado que chama a atenção é a diferença entre as estações na percentagem de cios curtos. Foi observado uma incidência relativamente alta destes cios durante o inverno. Além disto, nesta estação, mais da metade dos cios observados iniciaram-se entre 12 e 18 h. Isto significa que cios com duração inferior à 10 h e que se iniciam no final da tarde, após encerrarem-se as atividades rotineiras da fazenda, podem passar despercebidos na observação de cio casual.
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Por Silvana Teixeira.
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