A raiva é uma zoonose provocada por um rabdovírus neurotrópico (gênero Lyssavirus da família Rhabdoviridae) que tem como hospedeiro definitivo o morcego. É uma doença de clima tropical e de alta população que acomete a maioria dos mamíferos silvestres, afirma Maria Gazzinelli Neves, Professora do Curso CPT Doenças de Equinos. Por ser uma zoonose, a raiva é de notificação obrigatória.
A transmissão acontece por meio da mordida de animais silvestres infectados ou pela inalação de gotículas via oral ou transplacentária. Possui período de incubação variável, de 9 dias a 1 ano, dependendo da cepa e da proximidade entre a inoculação e o sistema nervoso central.
A patogenia da raiva se dá a partir da inoculação do vírus e da sua replicação nos miócitos. Logo após, serão replicados nos gânglios espinhais e nos ramos dorsais dos nervos mais próximos, partindo para os neurônios do cérebro, medula espinhal e tronco simpático. Do encéfalo, e novamente passando pela medula espinhal por via centrífuga, os vírus disseminam-se através dos neurônios aferentes para locais altamente inervados, como a pele da cabeça e pescoço, glândulas salivares, retina, córnea, mucosa nasal, medula suprarrenal, parênquima renal e células acinárias pancreáticas.
Os sinais clínicos da raiva são muito variados, abrangendo desde uma simples claudicação até sinais nervosos característicos de doenças neurológicas. A sintomatologia pode ser apresentada sob três formas:
- Raiva nervosa ou furiosa: os animais ficam extremante agitados e agressivos, menos comum em equinos;
- Raiva obscura ou depressiva: os animais ficam depressivos e apresentam todos os sinais de uma doença neurológica comum, como ataxia, andar em círculos, convulsões, recostar a cabeça contra obstáculos, entre outros;
- Raiva paralítica: os animais se comportam normalmente, mas não conseguem se movimentar.
O diagnóstico da raiva pode ser realizado:
- Antes da morte: Teste de anticorpo fluorescente por meio de folículos da pele facial ou epitélio da córnea. Tem alta frequência de falsos negativos;
- Somente post-mortem: Resfriar metade do cérebro e do cerebelo para realização de imunofluorescência, inoculação em camundongos para pesquisa de anticorpos monoclonais. A outra metade do cérebro e cerebelo conservado em formol 10% para histopatologia.
A raiva não possui tratamento específico, cabendo apenas o isolamento do animal para mantê-lo em condições éticas de cuidado e respeito até sua morte. Entretanto, como profilaxia, existem vacinas inativadas, de modo que a primeira dose deve ser administrada de 4 a 6 meses de idade, com revacinação em 30 dias. Depois, revacinação anual ou de 6 em 6 meses para animais de propriedades localizadas em zonas endêmicas à doença.
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Por Silvana Teixeira.
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