
Se você é estudante de medicina veterinária ou um profissional da área e precisa examinar e detectar sinais clínicos em cães e gatos recém-nascidos, temos aqui os principais deles e quem vai explicar melhor é Gustavo Carvalho Cobucci, professor do Curso CPT Clínica Médica de Cães e Gatos.
Segundo o especialista, “independente da doença que o animal tenha, os três principais sinais clínicos que um filhote poderá apresentar são Hipotermia, Desidratação e Hipoglicemia. Logo, o veterinário deverá ficar atento para fazer a correção de tais problemas imediatamente. Nos neonatos, temperaturas inferiores a 34,5oC caracterizam hipotermia.”
Acompanhe, no esquema abaixo, o processo desencadeado por esse problema, e que leva o filhote a óbito:

Foto: Processo desencadeado pela hipotermia, e que leva o filhote a óbito.
Mas, atenção! É de extrema importância que a temperatura dos filhotes seja mantida adequadamente. Em contato com a mãe, os neonatos conseguem manter a temperatura corporal, mas, caso se trate de filhotes órfãos, deve-se mantê-los em um ambiente com temperatura entre 29 e 32 graus na primeira semana, posterior a esse período, a temperatura do ambiente pode ficar em torno de 26,5 graus.
O reaquecimento do filhote deve ser feito como mostrado a seguir.

Foto: Processo de reaquecimento do filhote diagnosticado com hipotermia.
O segundo sinal clínico mais comum em neonatos é a desidratação, o que se deve à imaturidade fisiológica renal. Desse modo, o filhote não consegue reabsorver a água nos rins. Em animais desidratados, deve-se avaliar TPC, coloração e umidade das mucosas; qualidade do pulso; e a pele abdominal e do focinho.
O turgor cutâneo e a taquicardia compensatória não são parâmetros para verificar a desidratação em filhotes, pois, nessa fase, esses animais têm maior concentração de água e menos gordura corporal, o que faz com que, mesmo desidratado, o filhote apresente turgor de pele normal. O mesmo ocorre com a taquicardia compensatória, que, devido à imaturidade do sistema nervoso, não acomete filhotes.
Uma das formas de realizar a reposição da hidratação é através de Fluidoterapia NaCl 0,9% ou RL, aquecido, e aplicado de forma lenta. As vias utilizadas para esse processo são as vias IV (umbilical ou jugular) ou IO (fossa trocantérica do fêmur), como demonstrado nas figuras a seguir.
O terceiro sinal clínico mais comum é a hipoglicemia, que ocorre quando a glicemia fica abaixo de 40 mg/dL. Filhotes de cães e gatos têm predisposição a esse problema devido à limitada reserva hepática de glicogênio, capacidade mínima de glicogênese e falta de tecido adiposo. Os principais sinais clínicos que esses animais apresentarão são: choro e agitação intensa; tremores; fraqueza/letargia; depressão/estupor/coma; e crises epiléticas.
Em situações de hipoglicemia, o filhote precisa se alimentar. Uma das maneiras de aumentar a glicemia do neonatal é utilizando-se alimentação enteral, lembrando que a capacidade máxima do estômago de neonatos é de 40 mL/kg.
Uma vez que será realizada a alimentação do filhote, é importante que o clínico se atente para duas coisas: garantir que a temperatura esteja acima de 35,5oC e estimular a micção e defecação, como supracitado. Se o filhote não estiver se alimentado corretamente, pode-se introduzir uma sonda orogástrica.
Gostou do assunto? Quer aprender um pouco mais? Leia a matéria abaixo:
- Citologia da pele em cães e gatos. O que saber sobre o assunto?
Um pouco mais sobre o que encontrar no Curso CPT Clínica Médica de Cães e Gatos? Assista ao vídeo!
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Por Silvana Teixeira.
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