
Segundo o Ministério da Saúde, a brucelose é uma doença subnotificada e, com isso, muitos casos passam desapercebidos. Muitas vezes a população e até mesmo os profissionais de saúde humana não possuem conhecimento sobre essa doença. “O Médico Veterinário deve alertar e orientar as comunidades e os produtores rurais sobre os cuidados necessários, relacionados à vigilância sanitária e prevenção”, explica Marcelo Dias da Silva, do Cuso CPT Prevenção e Controle de Doenças em Bovinos: Raiva, Tuberculose, Brucelose, Leptospirose e Hantavirose.
Para tentar solucionar o problema ao máximo, devem ser promovidas atuações em educação e saúde dos pequenos produtores em parceria com Institutos Agropecuários, vinculados à Secretaria de Agricultura. Dessa forma, haverá a proteção da saúde não só do produtor e sua família, mas também do seu consumidor.
Veja agora as principais características em relação à origem e evolução da brucelose
- Mecanismo de contágio
Após a penetração do hospedeiro (via oral, conjuntiva, por lesão de pele, etc.), as bactérias chegam aos linfonodos regionais e multiplicam-se atingindo a corrente sanguínea e difundindo-se pelo corpo. Sofrem tropismo em células do sistema mononuclear fagocitário (baço, fígado e medula óssea). Em ruminantes e suínos pode ocorrer tropismo pela placenta, acarretando aborto no terço final da gestação. Nessas espécies e em canídeos, ovinos e caprinos, há presença de eritritol (álcool) que atrai a bactéria para as regiões do útero, glândula mamária e testículos.
Atenção:
Homens e equinos não produzem eritritol, mas são suscetíveis a casos de orquite e aborto.
1- Brucelose humana
Os tipos de brucelose mais patogênicos aos seres humanos são a B. Melitensis, B. suis, B. abortuse B. canis. A Organização Mundial de Saúde estima 500 mil casos anuais em humanos. O tratamento humano é realizado com antibióticos administrados por longo período de tempo, principalmente, a Doxiciclina.
Os principais cuidados e recomendações para prevenção da brucelose humana são:
- Pasteurização do leite e derivados.
- Em zona rural, orientar a necessidade de fervura do leite de forma adequada.
- Vacinação do rebanho.
- Identificação e eliminação de animais positivos.
- Manejo correto de fetos e restos placentários.
- Utilização de equipamentos de proteção individual na fazenda.
- Programas de educação e saúde sobre a doença.
- Orientação e treinamento dos funcionários de abatedouros e laticínios.
2- Brucelose em animais
Veja as principais características da brucelose em diferentes espécies animais.
- Brucella canis (brucelose canina): possui poucos relatos zoonóticos. A bactéria causa doença reprodutiva em cães.
- Brucella melitensis (brucelose caprina): contamina o leite e queijos de cabras; provoca doenças graves no homem; não há relatos no Brasil.
- Brucella abortus (brucelose bovina): causa prejuízos econômicos e possui alto risco zoonótico. Por isso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastamento criou o PNCEBT(Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal). Também causa doença reprodutiva (que causa diminuição de 25% da produção de leite e carne).
- Brucella abortus (brucelose equina): mais comum em equinos que convivem com bovídeos em pastagens aguadas e contaminadas com urina ou restos placentários de animais portadores de brucelose. Equinos acometidos apresentam fístula de cernelha. Não possui tratamento. Em caso de identificação positiva recomenda-se a realização da eutanásia.
- Brucella suis (brucelose suína): quadro abortivo, repetição de cio, orquite em machos e febre nos animais são alguns dos seus sintomas. É mais patogênica que a abortus para o homem. A bactéria se apresenta em grande quantidade nos tecidos do animal, aumentando o risco de contaminação. O homem se infecta através do contato direto, do consumo de alimentos e via aerossol. A Instrução Normativa do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento para a brucelose suína atesta que granjas de reprodutores suínos são obrigadas a testar os animais e, em caso positivo, sacrificá-los.
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Por Silvana Teixeira.
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