Como garantir a biossegurança em instalações animais? Parte 2

O controle sanitário desempenha um papel muito importante não apenas na segurança das pessoas que trabalham no biotério, mas também na integridade da pesquisa ou estudo, uma vez que alterações no perfil sanitário dos animais podem afetar os dados analisados, explica a professora Alessandra Sayegh Arreguy Silva, do Curso CPT Ética no Uso de Animais.

Existem diversos fatores que influenciam o controle sanitário, incluindo aspectos ambientais, químicos, físicos e microbiológicos, além de fatores genéticos. Todos esses elementos devem ser considerados e monitorados para garantir a saúde e o bem-estar dos animais, bem como a confiabilidade dos resultados obtidos na pesquisa ou estudo.

Quando se faz o pedido de animais, o ambiente de criação e experimentação já deve estar todo organizado, sendo constantemente monitorado para que seu padrão se mantenha. A esse monitoramento, dá-se o nome de controle de qualidade.

Monitoramento sanitário no ambiente de biotério.

A frequência do monitoramento sanitário varia de acordo com o tipo de estudo e a linhagem animal utilizada no experimento. Durante esse processo de monitoramento, é realizada uma observação clínica, que envolve a avaliação visual de diversos aspectos, como a pele, pelagem, desempenho reprodutivo, consumo de alimentos e água, além da presença de estereotipias e outros sintomas relevantes.

No caso de lesões, é importante coletar amostras por meio de swabs para análise microbiológica, a fim de identificar possíveis agentes patogênicos envolvidos.

O monitoramento sanitário é muito importante para identificar precocemente quaisquer problemas de saúde nos animais de estudo, garantindo a qualidade e a confiabilidade dos dados obtidos.

Os dados de morbidade e mortalidade desempenham um papel fundamental no monitoramento sanitário, uma vez que qualquer alteração nas taxas esperadas indica a ocorrência de problemas de manejo. Além disso, informações histopatológicas e macroscópicas são importantes para compreender a natureza e a extensão das doenças nos animais.

Para complementar o monitoramento sanitário, exames de sangue, sorologia e controle bacteriológico são igualmente importantes. Esses procedimentos permitem a detecção de agentes patogênicos, identificação de anticorpos e avaliação da presença de bactérias, contribuindo para a avaliação abrangente da saúde dos animais e a identificação de possíveis riscos à pesquisa.

A análise combinada desses dados é fundamental para garantir um monitoramento sanitário eficaz e permitir ações corretivas adequadas, visando a saúde e o bem-estar dos animais no ambiente de estudo. A amostragem e a frequência de monitoramento são realizadas de acordo com o número de animais utilizados na pesquisa.

Em colônias com mais de 100 animais, são utilizados de 8 a 10 animais, os quais devem ser:

• 50% adultos para diagnóstico sorológico;
  
  
• 25% para coleta de animais para isolamento microbiano;
  
  
• 25% adultos jovens ou recém-desmamados para controle parasitológico.

Para linhagens convencionais, a frequência de monitoramento é em torno de 6 meses, analisando-se a mesma quantidade de machos e fêmeas.

Para animais SPF e sentinelas, a frequência de monitoramento cai para cada 3 meses.

Para animais gnotobióticos, a frequência é de 15 em 15 dias.

Em casos específicos, é possível também coletar dados sanitários dos funcionários dos biotérios.

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Por: Thiago de Faria