Se você possui cavalos na sua propriedade precisa se atentar às duas doenças infecciosas mais importantes e que mais acometem nos equinos, a professora Maria Gazzinelli Neves do Curso CPT de Doenças de Equinos ensina interessantemente e prática como essas doenças agem e como você pode lidar com elas caso seus animais entrem em contato.
Anemia infecciosa equina
A anemia infecciosa equina (AIE) é uma doença de etiologia viral causada por um retrovírus da subfamília Lentivirinae, família Retroviridae. A transmissão se dá a partir da transferência de sangue ou derivados sanguíneos contaminados, seja por via fômite ou por picadas de insetos, e ainda de forma intrauterina e seminal.
Os principais vetores da AIE são:
• Stomoxys calcitrans (mosca do estábulo);
• Chrisopus sp. (mosca do cervo);
• Tabanus sp. (mosca do cavalo).
Em relação à patogenia da doença, os vírus têm como células-alvo, principalmente, os macrófagos e os monócitos (do fígado, baço, linfonodos, pulmões e rins). O local de integração do DNA viral ao genoma da célula hospedeira está diretamente relacionado com a extensão e natureza das alterações celulares.
As respostas imunes se dão a partir de 45 dias pós-infecção e persistem durante toda a vida do animal.
Como sinais clínicos, é possível dividir a doença em duas fases:
a) Fase aguda:
• Febre (letargia, diminuição do apetite, hipertermia);
• Alguns podem se apresentar anêmicos;
• Óbito: duas a três semanas.
b) Fase crônica:
• Ciclos recorrentes de febre;
• Surgimento de novas linhagens antigênicas do vírus no animal infectado, a partir das frequentes mutações que o agente etiológico pode sofrer em suas glicoproteínas de suporte;
• Anemia severa, perda de peso, trombocitopenia, hemorragia e anorexia;
• Cerca de 90% sobrevive a fase crônica e se tornam clinicamente normais.
Os casos inaparentes são fontes potenciais de infecção para outros equinos, por isso, a AIE é uma doença que causa muito prejuízo econômico em um rebanho.
Os casos da doença são de notificação obrigatória e é necessário diagnóstico negativo para o transporte de qualquer animal dentro do nosso país. O diagnóstico é feito por meio de soro resfriado em gelo ou IDAG ou Teste de Coggins (recomendado pelas normas para profilaxia do combate à AIE). Se positivo, o animal deve ser sacrificado ou isolado, de acordo com o regulamento da PNSE, e marcado com a letra A.
Para prevenção da doença, deve-se testar o animal antes de introduzi-lo ao plantel e não compartilhar agulhas, seringas ou objetos com vestígio de sangue entre os animais.
Babesiose
A babesiose também provoca anemia hemolítica nos equinos e tem por agentes etiológicos os protozoários Theileria equi e babesia caballi. Os vetores são os carrapatos.
O sinais clínicos característicos da doença são:
• Picos febris intermitentes, anemia e icterícia;
• Desenvolve-se entre 5 a 28 dias após os equinos susceptíveis serem colocados com equinos infectados em uma área endêmica;
• Depressão, taquicardia, dispneia, inapetência, cólica, constipação, diarreia, esplenomegalia, petéquias, decúbito, tremores musculares.
Diagnóstico:
• Anamnese e exame clínico;
• Esfregaço sanguíneo: pesquisa do parasito;
• Soro: teste de ELISA, FC, Imunofluorescência indireta.
Tratamento:
• Diaminazeno (11 mg/kg IM – 2 doses);
• Imidocarb (2,2 a 4 mg/kg IM – 1 a 2 doses);
• Muares e asininos sensíveis ao Imidocarb: DL50 < 2 mg/kg.
Profilaxia:
• Controle de carrapatos;
• Ações para diminuir o estresse dos animais.
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Por Eduardo Silva Ribeiro.
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