Silagem: quais as fases do processo de ensilagem?

No processo de ensilagem é destaca fases importantes. A fase aeróbia, iniciada no enchimento do silo, envolve a colonização de microrganismos aeróbios e anaeróbios, preparando para a fase anaeróbia. Nesta, bactérias ácido-láticas como lactococos e lactobacilos convertem carboidratos em ácidos, baixando o pH. A fase de estabilidade mantém a qualidade com baixa atividade bacteriana. A fase de descarga, ao abrir o silo, traz oxigênio, mas a estabilidade aeróbia inibe microrganismos aeróbios, reduzindo a deterioração da silagem, explica o  Prof. Juliano Ricardo Resende, do Curso Produção e Utilização de Silagem.

Fase aeróbia:

Inicia-se durante o enchimento do silo e perdura por poucas horas após o fechamento do mesmo. Devido à elevada concentração de O2 presente no silo, entre as partículas da forragem, ocorre a colonização por microrganismos aeróbios, sendo eles fungos, bactérias e leveduras, e anaeróbios, como Lactococcus lactis, Enterococcus faecalis, Pediococcus acidilactici, Leuconostoc mesenteroides, e lactobacilos como Lb. plantarum, Lb. Cellobioses.

A atividade desses microrganismos e a respiração que ocorre na forrageira ensilada removem o O2 presente no meio, dando início à segunda fase, anaeróbia. Quanto mais rápida for essa primeira fase, menores serão as perdas de qualidade da forragem ensilada.

Fase de fermentação ativa:

As primeiras bactérias a se estabelecerem nessa fase são as BAL (bactérias ácido-láticas), principalmente os lactococos e lactobacilos, as enterobactérias e as heterofermentativas. Essa fase perdura até que o pH tenha baixado para menos de 5. As BAL nas silagens são bem diversificadas, dependendo das propriedades dos materiais das plantas, tecnologia de ensilagem e tipo de silo. Geralmente, ocorre uma mudança de predominância na silagem em seu estágio final de fermentação, de lactococos para lactobacilos, mas pode ocorrer predominância de lactococos em alguns casos, conforme afirmam Ohmomo et al37.

Essas bactérias metabolizam carboidratos solúveis a ácidos orgânicos, causando a queda do pH. Conforme o pH se torna mais ácido, essas populações bacterianas vão sendo substituídas e dão lugar, principalmente, às bactérias homofermentativas.

As mudanças químicas gerais nas silagens, resultantes da ação de enzimas bacterianas e vegetais, envolvem a conversão de carboidratos em outros componentes, como ácidos orgânicos e gases. Além disso, ocorre a quebra parcial da proteína, levando à formação de estruturas não proteicas. Conforme destacado por McDonald et al.28, essas alterações são resultado da interação de diversas espécies de bactérias e são fortemente influenciadas tanto pela quantidade quanto pelo tipo de substrato.

Fase de estabilidade:

Essa fase permanecerá até a abertura do silo, e, nela, a anaerobiose aliada ao baixo pH são responsáveis por manter a qualidade do material ensilado. Durante essa fase, a atividade bacteriana é quase ausente, com exceção de bactérias ácido-lácticas, que se mantêm com atividade, porém em níveis basais.

Fase de descarga:

Inicia-se com a abertura do silo e estende-se até o completo uso do material ensilado. Caracteriza-se pela entrada de oxigênio (O2) no silo. Apesar disso, não ocorre novamente o crescimento de fungos, leveduras e bactérias aeróbias. A inibição desses microrganismos é conhecida como estabilidade aeróbia. Essa característica reduz a deterioração, mas não consegue inibir completamente a colonização desses microrganismos e, consequentemente, a deterioração da silagem.

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Por: Thiago de Faria