Aprenda a produzir um café de qualidade

O café sempre foi um produto de alto valor comercial

O café sempre foi um produto de alto valor comercial, prevalecendo uma forte tradição de só vendê-lo em pó ou em grãos torrados e, por isso, por muito tempo, não era fácil conseguir sementes ou mudas da planta. Mas, isso não foi suficiente para impedir que o café se espalhasse pelo mundo todo.

O cafeeiro é uma planta perene, o que permite obter, ao longo do seu ciclo de vida, mais de uma colheita. Trata-se de uma planta arbórea, do tipo dicotiledônea, que produz frutos, sendo que, dentro de cada fruto, poderá se formar de um a três grãos, com formatos diferenciados.

A cafeicultura brasileira é uma atividade agrícola de grande importância econômica para o nosso país, sendo responsável por uma boa parcela do produto interno bruto. Além disso, a atividade absorve expressiva quantidade de mão-de-obra do setor agrícola, sendo, portanto, geradora de trabalho para o homem do campo.

A qualidade do café influencia diretamente o preço do produto e, também, sua aceitação pelo consumidor, que, em geral, está cada vez mais exigente. Por isso, é importante separar os frutos  a fim de se obter um café de melhor qualidade, com as características de aroma e sabor desejáveis.

Antes de iniciar a colheita, o cafeicultor deverá observar os talhões e iniciar a operação pelas áreas onde a maturação estiver mais avançada

Normalmente, a qualidade do café encontra-se associada às condições de clima e de solo, onde as lavouras encontram-se implantadas, e às formas de pré-processamento do produto. Por causa de sua grande extensão territorial, o Brasil possui lavouras de café implantadas em locais com diferentes características, o que pode resultar na obtenção de produtos com diferentes níveis de qualidade.

Antes de iniciar a colheita, o cafeicultor deverá observar os talhões e iniciar a operação pelas áreas onde a maturação estiver mais avançada, pois, enquanto isso, os demais talhões acabarão de chegar ao ponto de maturação ideal de se colher os frutos. Agindo dessa forma, os cafeicultores obterão, no momento da comercialização, preços de mercado mais elevados, ou seja, obterão melhores lucros.

“Quando se pretende comercializar café de qualidade, é importante fazer a classificação por formato e tamanho dos grãos, pois ela permitirá a obtenção de vários tipos de cafés, que serão torrados separados, ou seja, em lotes constituídos com grãos de mesmo tamanho, o que resultará em uma torra uniforme”, afirmam os professores Mauri Martins Teixeira, Daniel Marçal de Queiroz, Francisco de Assis de Carvalho Pinto e José Dermeval Saraiva Lopes, do curso Passo a passo para se obter Café de Qualidade, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

A colheita é uma operação muito importante que, além de influenciar na qualidade final do produto, também, irá influenciar, significativamente, no custo de produção do café. Portanto, no momento de realizá-la, deve-se, sempre, ter o objetivo de colher o máximo possível de frutos maduros e, para isso, é preciso identificar se aproximadamente 90% dos frutos da lavoura ou do talhão encontram-se no ponto ideal de maturação, ou seja, se já atingiram o estágio cereja, o que, geralmente, ocorre sete meses após a floração.

A colheita não se refere somente à retirada dos frutos do pé de café, mas engloba também as seguintes etapas:
- Preparação da lavoura para ser colhida;
- Derriça dos frutos;
- Recolhimento e abanação dos frutos derriçados; e
- Limpeza ou abanação do produto, antes de ser transportado.

Assim sendo, o produtor deve ter a consciência de que todas essas etapas também são pontos importantes, quando se pretende obter um produto de boa qualidade. E, por isso, cada uma delas deve ser planejada cuidadosamente sendo que o que vai indicar qual a maneira mais apropriada para uma determinada situação será a topografia do terreno, onde a lavoura encontra-se instalada e o tamanho da área cultivada.

Em resumo, de nada adianta o agricultor escolher uma excelente variedade, cultivá-la em um local com altitude e condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento e praticar todos os tratos culturais necessários, se da colheita até o armazenamento do produto as técnicas corretas de pré-processamento não forem adotadas, visando a manter a qualidade do produto.

Quando se pretende comercializar café de qualidade, é importante fazer a classificação por formato e tamanho dos grãos, pois ela permitirá a obtenção de vários tipos de cafés

Essas técnicas são bem simples, sendo preciso apenas conduzir, de forma cuidadosa, as etapas de preparo e de secagem do café, o que será obtido, passando o produto por um lavador, por um descascador e um desmucilador, para em seguida secá-lo corretamente.

A colheita
O momento certo para se fazer a colheita do café é aquele em que os seus frutos estão maduros, ou seja, encontram-se no estágio cereja, o que, em geral, ocorre sete meses após a floração. Nesse estádio, eles já alcançaram o seu máximo desenvolvimento, apresentando teor de açúcar e de outros elementos químicos adequados para conferir os melhores padrões de sabor e aroma à bebida.

Panha pós-maturação
Após a maturação, se não forem colhidos, os frutos entrarão na fase de pós-maturação, ou seja, evoluirão para frutos passas ou secos, ficando mais vulneráveis às influências negativas da fermentação. Portanto, na colheita atrasada, existirá um grande número de frutos secos (nas plantas e, ou, no chão), o que resultará no aumento do número de defeitos pretos e ardidos, piorando a qualidade do café. Além disso, quando maduros, os frutos caem com maior facilidade, aumentando a parcela de cafés de chão ou de varrição.

Panha pré-maturação
Se forem colhidos antes da maturação, o elevado número de frutos verdes existentes resultará em prejuízos à qualidade do café e, por consequência, resultará em menores preços.

Chuvas
Dependendo das condições climáticas da região, uma mesma lavoura poderá apresentar mais de uma florada em um curto intervalo de tempo, fazendo com que surjam frutos em diferentes estádios. A ocorrência de chuvas espaçadas e de pequena intensidade induzirá o cafeeiro a emitir mais de uma florada, também espaçadas, resultando em uma maturação desuniforme dos frutos, tornando possível encontrar em um mesmo pé de café frutos verdes; maduros e boias ou passados. Sendo assim, fica difícil obter uma safra totalmente uniforme, composta apenas por grãos maduros e, por isso, para obter um produto de boa qualidade do café, o cafeicultor deverá adotar algumas técnicas existentes que permitirão separar os grãos com diferentes estádios de maturação.

o Brasil possui lavouras de café implantadas em locais com diferentes características, o que pode resultar na obtenção de produtos com diferentes níveis de qualidade

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Por Silvana Teixeira