Gado de corte - uma boa nutrição aumenta o ganho de peso do boi

A nutrição é essencial para a vida saudável do gado bovino, gerando crescimento e ganho de peso regular do boi. Para que haja um bom aproveitamento dos nutrientes pelo bovino, o produtor precisa conhecer, primeiramente, as classificações dos nutrientes e as categorias de alimentos que compõem a dieta dos bovinos de corte. A influência da alimentação é muito grande em todo o processo produtivo da pecuária de corte. A escolha de diferentes sistemas de produção está diretamente dependente dos custos e da disponibilidade dos alimentos a serem fornecidos ao rebanho.

Matéria seca

 

Matéria seca é o peso do alimento sem umidade. Com ela, é possível se basear no que diz respeito ao valor nutritivo dos alimentos e ao balanceamento nutricional da dieta oferecida ao gado de corte. A partir da matéria seca, pode ser também obtido o que se convencionou chamar resíduo mineral ou cinzas, que se consegue a partir do alimento que é aquecido até 550ºC, quando o material se queima. Por outro lado, a porção desse material que entrou em combustão é a matéria orgânica do alimento.

 

Os nutrientes presentes nos alimentos estão presentes na matéria seca, na combinação entre matéria orgânica e matéria mineral (cinzas). Essas duas frações, por sua vez, são constituídas por grupos de substâncias que se diferenciam por conta de suas propriedades químicas, físico-químicas e biológicas particulares. Na matéria orgânica, essas substâncias estão reunidas em quatro subgrupos: glicídios, lipídios, proteínas e vitaminas. Já na matéria mineral, estão dois subgrupos: macroelementos e microelementos.

“O consumo de matéria seca (MS) pelo bovino dependerá da qualidade e palatabilidade do alimento disponível. Por exemplo, forragens verdes e grãos são mais bem aceitos do que forragens grosseiras. Em média, pode-se estimar que o consumo de MS por animal adulto é de 2% do peso vivo: um boi de 400 kg de peso vivo consome cerca de 8 kg de MS/dia”, afirma Gilmar Ferreira Prado, professor do curso Alimentação de Gado de Corte, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

 

Glicídios

 

Também chamados carboidratos, estão presentes no açúcar, no amido e, principalmente, na celulose. São substâncias sintetizadas pelos vegetais clorofilados, a partir da fotossíntese, que é uma reação em que a energia solar é armazenada em uma reação que combina o gás carbônico da atmosfera e a água. Portanto, contém grande quantidade de carbono, hidrogênio e oxigênio em sua composição.

 

O amido e o açúcar são nutrientes de digestão muito fácil no organismo dos bovinos. Por isso, alimentos que os contêm, em grande quantidade, são chamados de energéticos, porque garantem suprimento de energia com rapidez para o gado. Já a celulose é de digestão mais complexa, exigindo mais tempo e energia para seu aproveitamento no organismo dos bovinos, que podem utilizar melhor esses alimentos, devido à digestão microbiana que ocorre no rúmen.

 

A energia extraída desses nutrientes é usada pelo organismo dos bovinos para o desenvolvimento de seus processos vitais, no funcionamento dos órgãos, na locomoção e também na produção de calor (considerando que os bovinos são mamíferos que têm como uma de suas características o fato de serem animais de sangue quente).

 

Lipídios

 

Também conhecidos como gorduras, insolúveis em água, podem ser de origem animal ou vegetal e são classificados como óleos (líquidos) e gorduras sólidas. Sua principal característica é o fato de concentrar em sua composição grande quantidade de energia: podem fornecer duas vezes mais energia que os carboidratos, mesmo considerando um mesmo peso na comparação. Entretanto, são alimentos complexos, de digestão mais difícil que os açúcares e carboidratos e mais fácil que a celulose.

 

Da mesma maneira que os glicídios, os lipídios contêm grande quantidade de carbono, hidrogênio e oxigênio em sua composição. Outro aspecto importante a destacar sobre os lipídios é que determinadas substâncias lipídicas, presentes em pequenas proporções em diversos alimentos, estão envolvidas no processo de síntese da vitamina D, que é de grande importância para o organismo dos bovinos.

 

Proteínas

 

Além de conterem em sua composição átomos de carbono (51 a 55%), hidrogênio (6,5 a 7,3%) e oxigênio (21,5 a 23,5%), como os glicídios e lipídios, as proteínas também contêm nitrogênio (15,5 a 18,0%). São compostas por diferentes combinações de aminoácidos (também chamados de ácidos orgânicos), que não são sintetizados nos organismos dos animais, apenas nos vegetais. Por isso, bois, vacas e bezerros têm de ingerir aminoácidos a partir das plantas, para, aí sim, sintetizarem suas próprias proteínas.

 

No caso específico dos animais carnívoros e onívoros, os aminoácidos podem ser obtidos também quando usam outros animais como alimento. Mas a base da cadeia alimentar continuará sendo os vegetais, que servem de alimentos aos herbívoros, que são mais numerosos no ambiente natural. Quanto mais o perfil de aminoácidos se aproxima dos requisitos animais, mais eficientemente as proteínas são utilizadas.

 

No caso do gado de corte, as proteínas se encaixam como elementos estruturais. Nos órgãos internos, compõem a maior parte dos músculos, tecido conjuntivo e cartilaginoso. Nos órgãos externos, compõem a pele e os pelos. O teor de proteína no organismo permanece em torno de 80%, com alguma variação entre os animais. O músculo esquelético responde por 45% do peso do bovino, constituindo o maior conjunto proteico do seu corpo.

 

A deficiência proteica, entretanto, não apresenta um quadro clínico bem definido. Geralmente, dependendo da gravidade e duração do ciclo carencial, gera os seguintes sintomas: anorexia e crescimento paralisado; eficiência alimentar reduzida; anemia; infertilidade; nascimento de fetos pequenos; queda geral da produção; síntese reduzida de hormônios; atraso do desenvolvimento mental.

 

Vitaminas

 

Da mesma maneira que as proteínas, as vitaminas não podem ser sintetizadas no organismo dos animais, apesar de indispensáveis ao seu funcionamento. Têm funções muito específicas no metabolismo, podendo ser substituídas umas pelas outras, apesar das quantidades diárias necessárias serem muito pequenas.

 

A maioria das vitaminas que os bovinos necessitam, está empregada em níveis adequados em sua dieta básica de forrageiras ou grãos, ou são sintetizadas nos rúmens dos bovinos. Entre as vitaminas essenciais, estão: Vitamina A, Vitamina D, Vitamina K, Vitamina E, Vitamina C, Vitamina B1 e Vitamina B6.

 

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Por Andréa Oliveira

 

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