Educação financeira e empreendedorismo nas escolas

 Finanças também é assunto para crianças

Engana-se quem pensa que o assunto finanças deve fazer parte somente da vida de adultos. A nossa evolução e amadurecimento, que é conquistado através do tempo, de experiências e da busca pelo conhecimento, assemelham-se muito com a nossa educação financeira, que desenvolve-se à medida que nos propusemos a fundamentá-la. Saber administrar o próprio dinheiro, levar em consideração o meio ambiente na prática do consumo e ganhar noções de empreendedorismo são vantagens interessantes do cultivo desse tema nas crianças e jovens.

Apesar disso, normalmente, os pais evitam educar os filhos no âmbito financeiro, até que eles atinjam certa idade. É como se eles pensassem que através de uma mágica, a habilidade para lidar com finanças brotasse em seus filhos, assim que eles completassem 18 anos ou atingissem certa maturidade. Mas, não é assim que funciona.

Com as inúmeras funções dos pais, é compreensível que algumas áreas de educação dos seus filhos não sejam exploradas por eles na intensidade correta. Os ensinamentos financeiros, por exemplo, são conteúdos que podem ser passados nas escolas, de maneira mais incisiva, ensinados por pessoas preparadas para essa função, no caso, os professores.

É preciso que, desde a infância, sejam desenvolvidas neles, noções básicas do assunto. Obviamente que esses ensinamentos devem levar em conta a idade da criança ou pré-adolescente, sendo coerentes com a capacidade assimilativa de cada um. Além disso, devem ser transmitidos de modo interdisciplinar, atrelados a matérias tradicionais, prescindindo da necessidade de ela ser feita como uma disciplina específica.

Algumas escolas particulares já adotaram práticas que estimulam o contato dos alunos com o tema em questão. Atividades como debates sobre mesada, visitas a empresas e desafios de investimento já ocorrem em muitas dessas instituições. No entanto, nas escolas públicas, onde, normalmente, estudam as crianças com poder aquisitivo menor, existe uma carência de práticas como essas.

Para capacitar os professores que desejam dominar o assunto, o CPT – Centro de Produções Técnicas elaborou com a ajuda do professora Michelle Gomes Lelis, especialista em educação infantil, o curso “Educação infantil – Educação Financeira e Empreendedorismo”. Esse curso tem como objetivo treinar os professores, de modo que eles consigam desenvolver nos alunos habilidades para administrar suas finanças de forma consciente, sem prejudicar o meio ambiente, e aprendendo a ter ética ao ganhar e gastar dinheiro. Além disso, busca incentivar e desenvolver nos jovens e crianças, o espírito empreendedor.

 O que é educação financeira e qual a sua importância para a criança?

A instrução do professor é fundamental para que as crianças se desenvolvam

A educação financeira é um tema transdisciplinar, na qual se discute a importância do dinheiro e como administrá-lo; como ganhar, gastar, poupar e doar dinheiro; a consumir de forma consciente, mostrando as consequências do consumo ao meio ambiente e às gerações futuras; orientar os alunos sobre seus direitos e deveres, enfatizando o direito a um meio ambiente saudável; reforçar a ética e a responsabilidade social que estão envolvidas no ganho e no uso do dinheiro; orientar sobre como economizar água, energia e telefone; formar futuros jovens capazes de poupar e de planejar gastos; criar uma mentalidade adequada e saudável em relação ao dinheiro; e orientar os alunos a terem uma relação mais saudável com suas finanças.

A educação financeira, além de desenvolver um modo saudável, responsável e ético na forma de lidar com o dinheiro, ainda prepara para desafios do tempo em que vivemos. Esses desafios estão relacionados com as características das novas gerações.

Alunos responsáveis

 As crianças devem praticar o consumo consciente

Estudar em boas escolas, fazer cursos adicionais, como inglês e computação, ser aprovado em uma boa faculdade são os maiores desejos dos pais para seus filhos.

Sabe como os filhos podem garantir a própria educação? Para Rocha e Vergili (2004), o primeiro passo é estudar bastante. O conhecimento adquirido na escola será útil durante toda a vida e irá ajudá-lo a ter um bom retorno no futuro: boas oportunidades, bons salários.

O segundo passo será ajudar os pais a administrarem esse dinheiro desde cedo. Por isso, é importante seu aluno saber, desde a educação infantil, da sua responsabilidade para com o orçamento da família, de forma a valorizar os estudos e o dinheiro gasto com ele. Procure sempre apresentar a seus alunos um projeto social nos níveis mundial, estadual ou municipal, que mostre a realidade em que se vive no mundo todo, realidades fora do contexto real do seu aluno. Trabalhe o tema em sala de aula abordando o gastar, o poupar e o doar, de forma a mostrar o papel social de todo cidadão consciente dos seus deveres e direitos.

Desenvolvendo esses valores nas crianças e jovens de maneira adequada, é possível desencadear uma mudança positiva da mentalidade. Tornar o consumo mais responsável e as pessoas mais preocupadas com os aspectos sociais e ambientais.

É preciso deixar claro que a educação financeira não visa condenar o consumo e incentivar a poupança. Ela busca simplesmente estimular que as pessoas se organizem desde cedo, fazendo escolhas equilibradas, que contemplem o respeito com as práticas ambientais, sociais, econômicas, filosóficas e éticas.

Por: Victor Monteiro Lopes