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Um dos fatores que mais contribuem para elevar a lucratividade, via aumento da produtividade de grãos, na lavoura de arroz, é o perfeito conhecimento, por parte do produtor, das exigências e peculiaridades das principais cultivares disponíveis para o cultivo na região subtropical, que permita a escolha do material genético mais adequado à sua realidade de lavoura. Diversos parâmetros podem ser considerados para classificar as diferentes cultivares de arroz irrigado. Entre eles, podem ser citados a arquitetura de planta e o ciclo de desenvolvimento.
Arquitetura de planta
Embora seja uma classificação empírica, em termos práticos existem três tipos de arquitetura de plantas de arroz nas lavouras orizícolas do Brasil, assim denominadas: tradicional (gaúcha); intermediária (americana), semianã filipina (moderna/filipina) e semianã americana (moderna/americana). A distinção de grupos de plantas auxilia aqueles que estão, diuturrnamente, envolvidos com a lavoura orizícola, pois facilita tomada de decisões quanto a práticas de manejo a serem adotadas, diagnóstico de estresses bióticos (doenças) e abióticos (frio) e até prognóstico de produtividade.
- Tradicional
As plantas de arquitetura "tradicional", em geral, apresentam porte superior a 105 cm, baixa capacidade de perfilhamento, folhas longas e decumbentes-pilosas, rústicas e, consequentemente, menos exigentes quanto às condições de cultivo, embora possam responder favoravelmente quando conduzidas dentro da melhor tecnologia recomendada; suscetibilidade à brusone em semeaduras tardias e/ou sob alta fertilidade-nitrogênio; ciclo biológico médio ou semitardio; toleram lâmina de água-irrigação desuniforme (terreno não aplainado) em razão do porte alto; boa resistência às doenças de importância econômica secundária-rizoctonioses; grãos curtos, médios e longos, de secção transversal elipsóide, de casca pilosa-clara. Dado ao alto vigor, possuem boa capacidade competitiva com plantas invasoras, no entanto acamam sob alta fertilidade natural ou quando recebem doses elevadas de nitrogênio; mesmo em condições de solo frio, o vigor inicial das plantas desse grupo permite competir com as plantas por luz solar, água e nutrientes, motivo pelo qual elas são adaptadas às semeaduras do cedo, quando geralmente ocorrem baixas temperaturas de solo.
- Intermediária
As plantas desse grupo, em geral, possuem o porte intermediário (ao redor de 100 cm), folhas curtas, estreitas, semieretas e lisas. Como regra, as plantas apresentam baixo vigor inicial, notadamente em semeaduras do cedo quando a temperatura do solo normalmente é fria. Em razão do porte e vigor inicial, são cultivares exigentes principalmente quanto ao preparo do solo, incluindo aplanamento e controle de plantas daninhas. Têm o ciclo, em geral, variando entre precoce e médio; baixa capacidade de perfilhamento; baixa resistência às doenças de importância econômica secundária, especialmente as rizoctonioses, porém são fontes de resistência à ponta branca-nematóides; grãos curtos, médios ou longos, tipo "patna" (longo-fino-cilíndrico), de alta qualidade e aceitação no mercado internacional. Em razão da fácil degranação são cultivares impróprias à colheita manual. Possuem suscetibilidade à brusone variável, porém a maioria é atacada sob níveis elevados de nitrogênio e deficiente manejo de água - retardo no início da irrigação. Em função da precocidade, algumas delas toleram as semeaduras tardias.
- Semianã filipina
Inclui todas as cultivares de porte baixo (ou semianão), inferior a 100 cm, folhas curtas e eretas (pilosas ou lisas) e de alta capacidade de perfilhamento - o que proporciona condições de produzir mais grãos que as cultivares dos grupos acima.
Nessas cultivares, geralmente, as plantas possuem colmos fortes e, por isso, toleram níveis elevados de nitrogênio em cobertura sem acamarem-se. O ciclo biológico vai de precoce a tardio e os grãos tipo "patna", de casca pilosa ou lisa. Em geral, as cultivares possuem reações variáveis às raças de brusone, predominando a reação intermediária. Em condições de solo frio, demonstram vigor inicial mediano, indicando baixa competição com as plantas daninhas. Devido à arquitetura das plantas, respondem em produção de grãos a níveis mais altos de nitrogênio do que as cultivares dos demais grupos até aqui descritos. O porte baixo e alta degranação natural das sementes obriga ao corte mecanizado. O porte semianão, juntamente com o vigor inicial médio, tornam as cultivares de arquitetura "moderna-filipina" altamente exigentes quanto ao preparo e aplainamento do solo (uniformidade na altura da lâmina de água) e ao controle inicial de inços. A dormência e o degrane, que geralmente apresentam as cultivares desse grupo, não permite o uso da mesma área para produção de sementes de outra cultivar, especialmente nos primeiros anos de cultivo. De modo geral, apresentam apículos descoloridos na floração das plantas.
- Semianã americana
Inclui as cultivares de porte baixo (ou semianão/moderno), inferior a 100 cm. As plantas possuem folhas de superfície lisa; cor verde-azulada; curtas e hábito ereto e baixa capacidade de perfilhamento, característica que a diferencia das plantas do tipo moderna/filipina. As panículas são, geralmente, compactas com alta fertilidade de espiguetas, superando a da moderna/Filipina, principalmente sob condições ambientais de ampla variação térmica do ar toleram mais ao frio na fase reprodutiva.
As plantas dessas cultivares possuem colmos fortes e robustos, por isso, toleram níveis elevados de nitrogênio em cobertura sem acamarem semeadura na época ideal da região. Pela robustez de seus colmos, característica que dificulta acamamento, podem ser alternativas no sistema de implantação do arroz através de sementes pré-germinadas. O ciclo biológico vai de precoce a mediano e os grãos tipo patna, de casca lisa. Em geral, as cultivares possuem reações variáveis às raças de brusone, predominando a reação intermediária.
Em condições de solo frio, demonstram vigor inicial mediano, indicando baixa competição com as plantas daninhas. Devido à arquitetura das plantas, respondem em produção de grãos a níveis altos de nitrogênio, a exemplo das tipo moderna/filipina.
O porte baixo obriga ao corte mecanizado e a baixa degranação natural das sementes evita maiores perdas na faixa recomendada de colheita, isto é, 19 à 23% de umidade no grão. O porte semianão, juntamente com o vigor inicial médio, tornam as cultivares de arquitetura moderna/americana altamente exigentes quanto ao preparo e aplainamento do solo (uniformidade na altura da lâmina de água) e ao controle inicial de inços.
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Fonte: Embrapa
Postado por Silvana Teixeira
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