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Transposição do rio São Francisco, necessidade técnica ou obra eleitoreira?

 

Prof. Nelson Fernandes Maciel, Diretor-Presidente do Grupo CPT.

 Prof. Nelson Fernandes Maciel
Diretor-Presidente do CPT

O Governo Federal insiste em começar, o mais rápido possível, as obras de transposição do rio São Francisco, que levará águas bombeadas para os estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco. A grandiosa obra terá 700km de canais de concreto, com 25m de largura e 5m de profundidade, 30km de aquedutos e outros tantos túneis atravessando regiões com grandes acidentes geográficos. No entanto, muitos questionamentos em relação à viabilidade da transposição não são respondidos pelos políticos e técnicos do governo.

 Vamos relacionar algumas delas. O custo que o governo afirma ser de R$6,6 bilhões, previsto no PAC, é contestado pelo professor e pesquisador João Abner, especialista em hidrologia e irrigação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Segundo o professor, o custo da obra principal com a distribuição da água à população não sairá por menos de R$20 bilhões, valor confirmado por especialistas do CREA.

 O pesquisador João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, afirma que os sistemas de bombeamento absorverão, no volume minimo - 26 m3/s, 500 MW (Megawatts), o equivalente à geração de uma vez e meia a usina de "Três Marias", que gera 380 MW. Imaginem o custo dessa energia, diariamente, e no momento em que o país está prestes a ter um apagão por falta de energia elétrica!

O Coordenador do Projeto Jaíba, Alberto Daker, ex-professor da Universidade Federal de Viçosa, especíalista na área, disse: "bombear este volume de água a 165 m de altura toma qualquer projeto inviável".

Está na mesa do Presidente Lula, há bastante tempo, o ATLAS NORDESTE, elaborado pela Agênda Nacional de Águas - ANA, Órgão do próprio governo, que apresenta estudos e dados levantados ao longo de anos, propõe soluções viáveis, imediatas e definitivas para resolver o problema do abastecimento de água em todo o Semi Árído. São soluções com base em estudos e experimentação de campo, a um custo muito menor.

Enquanto na transposição serão gastos R$6,6 bilhões (ou 20 bilhões dados dos especialistas) atingindo quatro estados do Nordeste - PE, PB, RN e CE, atendendo 391 municípios e beneficiando 12 milhões de pessoas, o ATLAS da ANA gastará R$3,3 bi, atingindo os 9 estados do Nordeste e o Norte de Minas Gerais, atendendo 1.356 municípios, beneficiando 34 milhões de pessoas (Dados do Eng° Agrônomo Roberto Malvezzi, Assessor da Comissão Pastoral da Terra - 2007).

As soluções da ANA são técnicas, nada mirabolantes ou megalomaníacas. São construções de poços artesianos num dos maiores aqüíferos do Brasil, que está no Nordeste, uso de água das grandes represas, tratamento das águas salinizadas, construção de cisternas e reuso de águas servidas.

O Pesquisador João Suassuna, na Audiência Pública da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, usou um argumento incontestável em favor do projeto da ANA e contra a Transposição: "O potencial hídrico do Nordeste é de 37 bilhões de m3 de água e a capacidade volumétrica dos principais açudes do Nordeste Setentrional é de 11,4 bilhões de m3. Ora, o volume de água bombeado, anualmente, pela Transposição será de 400 milhões de m3 (26,4 m3/s), ou seja, apenas 1% do potencial hídrico existente e 3,5% da capacidade dos açudes".

 E conclui: "o recurso hídrico existe em cada estado nordestino, faltando apenas seu gerenciamento para atender as necessidades do povo. É importante explorar o que está disponível, revitalizar a bacia do São Francisco para então usufruir suas águas".

 As incertezas e a falta de respostas colocam, praticamente, toda a comunidade científica a se pronunciar contra a transposição.

 Então, por que o governo quer a obra a qualquer custo?

Pode ser por falta de conhecimento, ou por falta de oportunidade ou interesse em um debate maior onde serão ouvidos os especialistas no assunto, técnicos e pesquisadores, e ter coragem de "ser uma metamorfose ambulante" e mudar de idéia. Pode ser por influência de politicos do Nordeste e duas dúzias de empreiteiras que estão "lambendo os beiços". Ou pode ser um projeto suspeito, eleitoreiro, em que, se concretizado, não faltarão recursos para financiar campanhas para presidente, senadores, deputados e uma fonte imensa de recursos, por muitos anos, para sustentação de partidos politicos, feito pelas empreiteiras e os votos dos nordestinos, é claro.

 Existe uma pressão sobre aqueles que são contra a transposição, pois são taxados de "contra os Nordestinos"; "negam uma caneca de água para os que sofrem com a seca"; "contra os pobres"; "elite" e outros jargões que o brasileiro conhece bem. Por isso, ficam quietos o Governador e os politicos mineiros.

Mas, na garganta do govemo existe um "espinho" atravessado, chama-se Frei Luiz Flávio Cappio. Franciscano, Bispo de Barra - BA, de elevada cultura, formado em Filosofia, Teologia, Ciências Econômicas, Contábeis e Administração, que há 32 anos vive os problemas da população do Semi-Árido e do São Francisco, e, como ninguém, conhece as soluções para a região seca. Radicalmente contra a transposição, o Bispo Cappio é a esperança de que a população tome consciência e faça protestos e manifestações para que o Presidente pare e reconheça as reais necessidades da região.

 Espero que o Franciscano obtenha apoio de todos e atinja seus objetivos.

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