
Um costume ancestral, extinto em grande parte do país, continua vivo na serra da mantiqueira e garante a sobrevivência de muitas famílias: a troca de dias, prática de ajuda mútua, na qual sitiantes vizinhos, pela dificuldade de mão de obra e isolamento, juntos, realizam as tarefas de rotina em seus próprios sítios.
Na troca de dias, trabalho é pago com trabalho e entram aqui atividades como faxinão em curral; baldeação e esparrame do esterco; roçada de pastos; retoques em cercas; colheitas de produtos diversos; fabricação de silagem; tarefas de casa, como faxinão, costuras, geral em hortas, geral em jardins, enfim, em questão de horas todo o trabalho, que geralmente demandaria um tempo maior para a sua realização, é executado e finalizado.
Como isto é possível sem a utilização de dinheiro? Simples: união, companheirismo e amizade. É um meio de vida naturalmente solidário, no qual homens e mulheres procuram ajudar para serem ajudados. Trocando em miúdos, a troca de dias agiliza o trabalho, aumenta a produção e ainda estreita a amizade.
E tem mais, essa história de amor ao próximo na serra da mantiqueira não para por aí, pois essas famílias ainda promovem a “corrida do saco”, praticando e disseminando a caridade fora do âmbito de trabalho. Na prática, um membro dessas famílias bate à porta dos vizinhos para recolher alimentos com o objetivo de prover a família que, por algum motivo, não conseguiu fazer a renda do mês. Caso ninguém necessite da ajuda, esses proventos são levados para a cidade e doados para instituições de caridade que, atualmente, pouco recebem dos órgãos competentes para se manterem.
Por Silvana Teixeira.
Fonte: Globo Rural.
Este conteúdo pode ser publicado livremente, no todo ou em parte, em qualquer mídia, eletrônica ou impressa, desde que contenha um link remetendo para o site www.cpt.com.br.
Cursos Relacionados
Deixe seu comentário
Informamos que a resposta será publicada o mais breve possível, assim que passar pela moderação.
Obrigado pela sua participação.