
A cinza, produzida com a queima do bagaço da cana, pode substituir até 50% da areia para fabricação de concreto.
O reaproveitamento das cinzas geradas com a queima de bagaço de cana na produção de concreto, no setor da construção civil, poderá transformar o resíduo em mais um subproduto da cana. A técnica para produção de concreto foi desenvolvida pelo pesquisador e professor da UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos, Almir Sales, e vem sendo estudada há quatro anos.
“As cinzas não serão depositadas nas lavouras. Além disso, vai sobrar matéria-prima para outro setor, o que é importante do ponto de vista econômico,” explica Sales. O uso do bagaço de cana é uma alternativa viável, principalmente, pela grande quantidade de produção. O volume elevado é um dos requisitos básicos para um resíduo ser considerado como alternativa para a areia, já que ela é muito utilizada no dia-a-dia.
De acordo com o pesquisador da UFSCAR, os estudos com as cinzas de bagaço ainda estão em fase inicial. O grupo está avaliando os parâmetros de durabilidade, o que ainda deve levar algum tempo. No entanto, a pesquisa já revelou que esse concreto aumenta de 15 a 17% a resistência do material.
Atualmente, de 100 a 120 milhões de toneladas de areia de rio são consumidas anualmente no Brasil. Em contrapartida, são produzidas cerca de quatro milhões de toneladas de cinza a partir do bagaço da cana. Portanto, do volume total, a cinza representaria 4% da areia. “Isto significa que em 1m³ de concreto, de acordo com nossas pesquisas, a cinza pode substituir até 50% da areia,” complementa o pesquisador.
Para Patrícia Tristão, zootecnista e tutora do Portal de Informações do CPT – Centro de Produções Técnicas, o interessante dessa pesquisa é que o produtor de cana pode utilizar seu cultivo como um todo, gerando vários subprodutos. “ Não sobra nada. Produz-se açúcar, etanol, cachaça, fertilizante, energia elétrica e, agora, concreto.”
A pesquisa do grupo da UFSCAR é direcionada principalmente para as regiões onde existe bastante produção de açúcar e etanol e, consequentemente, grande queima de bagaço e cinza residual.
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Comentários

José de Oliveira
6 de nov. de 2017Muito interessante a pesquisa com a conclusão positiva. Trabalhei durante 20 anos na área de construção pesada. Passei por três hidroelétricas ( Paraibuna, Salto Santiago e Tucuruí ) Atuava na área de custos setor industrial abrangendo tbm a produção do concreto. Coincidentemente, tbm tive uma experiência na produção de aguardente, montei um pequeno alambique, deixei com meu pai que por anos fez dele seu gerador de receita. Lendo essa matéria, ocorre-me a idéia do pequeno produtor poder utilizar o bagaço no processo de destilagem ( como lenha) e as cinzas, embaladas em sacos, ser vendida para casa de material de construção . Abraços Oliveira