Logan (2017)

Com o surgimento dos super-heróis e o consequente desgaste da imagem deles ao longo do tempo, nasceram os mutantes, uma espécie de seres humanos com poderes, mas sem o ambiente “mágico” dos heróis de capa. Eles conquistaram cada vez mais a atenção e paixão de seus leitores e espectadores e foram os responsáveis por desfibrilar a imagem dos super-heróis. Em 2000, lançou-se X-men: O Filme, que ganhou público e admiradores em todo mundo. Dito isso, o filme Logan tem a responsabilidade de proporcionar uma despedida desse mutante, que, por ter sido o protagonista da saga, acompanhamos seu crescimento e envelhecimento. Esse fato tem, também, ligação com o ator, Hugh Jackman, responsável por dar vida ao Wolverine ao longo dos anos. Apresentamos a seguir um resumo do filme, que tem mais de duas horas de duração.

Em 2029, os mutantes estão em extinção, com nenhum novo mutante nascido em 25 anos. Logan envelheceu bastante e agora ganha a vida como motorista de uma limousine para cuidar do nonagenário Charles Xavier (Patrick Stewart). O adamantium, metal indestrutível responsável pela sua característica mutante, fundido a seus ossos está envenenando-o e impedindo seu fator de cura de funcionar, deixando seu corpo crescer progressivamente mais fraco à medida que envelhece. Debilitado fisicamente e esgotado emocionalmente, ele é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma mexicana que precisa da ajuda do ex-X-Men para defender a pequena Laura Kinney / X-23 (Dafne Keen). Ao mesmo tempo em que se recusa a voltar à ativa, Logan é perseguido pelo mercenário Donald Pierce (Boyd Holbrook), interessado na menina.

Desde o começo do filme, percebemos que a história se desenvolve com um tom mais melancólico e saudosista. O dono das garras de ferro, que antes era sinônimo de força, garra, agilidade e habilidade, já se mostra mais cansado. O personagem se apresenta calejado, envelhecido, esteticamente malcuidado e cheio de cicatrizes. O tom saudosista ganha vida ao sentirmos falta dos outros X-men, que foram extintos repentinamente. Xavier, que sempre foi líder e a figura mais respeitável nos X-men também aparece velho, doente e frágil.

Ao “adotar” Laura, vemos em Wolverine um papel de pai, algo que, de forma alguma, é forçado na narrativa e que realmente se concretiza apenas no desfecho com a marcante frase: “não seja aquilo que te fizeram”. Ao mesmo tempo em que vemos um mutante ainda mais dominado pela ira e com sede de vingança, conseguimos perceber um Wolverine dócil, amoroso e carinhoso, característica ausente em todas as outras aparições durante sua “vida”.

À parte do personagem principal, Laura também ganha destaque. Uma menininha, a princípio sem expressão, brilha e dá mais sutileza ao filme. E, não pense que ela se apoia na figura da garota desprotegida e frágil. Por ter sido gerada a partir do DNA de Logan, ela herda a fúria e brutalidade, presentes tanto nas lutas, quanto no olhar, extremamente expressivo. A atuação dela nas cenas mais brutais, com presença forte de violência é extremamente impactante, ao passo que quando luta, parece brincar, quando dá saltos e rodopia ao fatiar seus oponentes com as garras que possui.

Por fim, esse filme coroa toda a carreira de Jackman pela brilhante atuação e entrega a Logan. Ao se despedir de Wolverine, ele apresenta o melhor trabalho do personagem e isso garante uma profundidade e realidade à despedida que, com certeza, despertará a emoção nos olhos de quem o assiste e principalmente nos de quem o acompanha. Esse filme também é mais um dos vários filmes que foram criados a partir de adaptações de histórias já conhecidas popularmente, formato de sucesso que foge dos padrões e ganha cada vez mais público.

Logan — Março, 2017

Nacionalidade: EUA

Gênero: Drama, ação, ficção científica

Direção: James Mangold

Roteiro: James Mangold, Michael Green e Scott Frank

Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Boyd Holbrook, Stephan Merchant, Dafne Keen, Elizabeth Rodriguez, Richard E. Grant

Duração: 135 min.

Fontes: Adoro Cinema, Omelete e Plano Crítico.

por Renato Rodrigues.