Dizer que o bambu é uma planta versátil e tem mil e uma utilidades já não é novidade alguma. Na Ásia, sua importância econômica atinge tal nível que a planta é considerada "divina" em alguns países. Segundo a FAO, existem no mundo mais pessoas morando em casas de bambu que em moradias construídas a partir de qualquer outro material.
Em países como a Colômbia, casas centenárias e edifícios são feitos com ele e, como é sabido, com custos bem menores que os das construções tradicionais. Então, se existe mesmo toda essa potencialidade em se construir com bambu, porque em nosso país as construções feitas com ele são consideradas provisórias? – A resposta está na maneira e nos cuidados que se tomam quando se constrói.
Os cuidados para se construir uma benfeitoria com bambu já devem começar antes de se cortar os colmos de uma touceira. Dentre as mais de 1000 espécies existentes no mundo, serão consideradas boas para serem usadas em construção aquelas que aliem grande resistência física com baixa susceptibilidade ao ataque de predadores (insetos e fungos).
Escolhida a espécie adequada, a atenção agora se volta para o corte de uma touceira e as consequências desse corte na qualidade dos colmos e futuras intervenções na touceira. Com o material cortado, as fases que se seguem são o tratamento preservativo e a secagem dos colmos. Estes dois processos, juntamente com os citados anteriormente (escolha do material e um corte bem feito), é que vão determinar o tempo de vida útil da construção com bambu.
O tratamento preservativo começa, ainda, no campo, logo após o corte, com um procedimento que consiste em deixar o excesso da seiva escorrer, denominado "cura" do bambu. Recomenda-se, também, o tratamento feito através da impregnação de produtos químicos preservantes de madeira. Para isto, devem ser consideradas algumas características do produto a ser usado e a forma correta de utilização, de modo que não ofereça riscos à saúde ou ao meio ambiente.
Antes de se iniciar a construção é importante que se faça a secagem do material para evitar grandes variações dimensionais, causadas pela absorção e evaporação de água que fazem com que o bambu se rache. Além disso, eliminando-se a água do colmo do bambu estaremos eliminando o meio por onde se propagam os fungos apodrecedores.
Por fim, quanto à execução da construção, o detalhe final da rigidez da estrutura vai depender do capricho no feitio dos encaixes das peças e de alguns cuidados relacionados ao acúmulo de água do colmo. Essas técnicas, apesar de serem de fácil execução e bem conhecidas, não são, no entanto, utilizadas por aqueles que constroem com bambu.
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Rógério Leite dos Santos
Engenheiro Florestal
Especialista em Construções com Bambu
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