Saúde: tema transversal para o ensino fundamental I

O professor pode abordar o tema saúde como assunto relativo à cidadania, envolvendo os alunos em um processo de aprendizagem sem imposições

No dia a dia, a criança é influenciada a todo o momento pela temática saúde, seja ela vista de forma individual ou de forma coletiva. Tanto que o tema faz parte do currículo do ensino fundamental, de uma forma bastante intensa, abordada direta ou indiretamente em diversas disciplinas. Os PCN preveem que os conteúdos de saúde sejam integrados aos demais conteúdos, em uma relação de transversalidade, para que a prática educativa seja impregnada pelo tema, de forma global e abrangente.

“Um dos aspectos mais elogiáveis dos PCN é a criação dos temas transversais como parte do currículo do ensino fundamental, visando à formação cidadã e à valorização de aspectos culturais, sociais, ambientais e da saúde dos futuros cidadãos”, afirmam as professoras Maria Cortes e Alessandra Santos de Paula, do curso Saúde – Tema Transversal – Fundamental I, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

Ensinar saúde ou educar para a saúde

O principal objetivo do Tema Transversal Saúde é educar para a saúde, trabalhando procedimentos e atitudes necessários a uma vida saudável, e não apenas ensinar. Devemos também ter em mente que a criança traz consigo a valoração de comportamentos favoráveis ou desfavoráveis à saúde, oriundos da família e de outros grupos de relação mais direta, como é o caso da escola.

Portanto, valores que se expressam na escola, por meio de aspectos concretos como a qualidade da merenda, a higiene das dependências, as atividades propostas e a relação professor-aluno, são apreendidos pela criança diariamente no ambiente escolar. Daí a necessidade de o professor educar os alunos, enfocando a saúde e não a doença. Sempre com uma visão positiva sobre o tema.

Como exemplo, quando um professor mede a estatura dos alunos, ele desenvolve, a partir desse exercício, o conceito de medida, o estudo das diferentes formas de registro das informações coletadas, a herança genética e a diversidade, o estado nutricional de cada aluno e do grupo. A abordagem do tema saúde deve se dar no cotidiano da experiência escolar e não apenas no estudo de uma matéria.

Dessa forma, as experiências que promovam algum tipo de reflexo sobre as práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde devem ser encaradas de forma positiva, pois seu objetivo não é apenas persuadir ou informar, mas sim, fornecer elementos que capacitem para a ação.

Atitudes, normas e valores

Todo e qualquer aprendizado tem tanto um aspecto cognitivo, como um aspecto afetivo. Isso se revela por meio do aprendizado de normas e valores, de forma bastante significativa. A junção do cognitivo com o afetivo é que vai derivar nas condutas da criança, ou seja, em suas ações e intenções. Cabe ao professor desenvolver esses valores, normas e atitudes em seus alunos.

Além disso, o professor deve sempre atentar para as dimensões culturais, não as descartando nem as desqualificando, mas sim, considerando-as como ponto de partida do debate e da reflexão educacional. Em outras palavras, todo o processo deve ser feito com base no contexto de vida dos alunos, com sua plena participação e máximo envolvimento.

Autonomia

Para desenvolver a autonomia e as atitudes da criança é preciso conhecer os diferentes valores, ter acesso a fontes variadas de informação, com diferentes visões de mundo, para poder apreciá-los, analisá-los, elegendo um sistema de valores para si. Dessa forma, o professor pode abordar o tema saúde, como assunto relativo à cidadania, envolvendo os alunos em um processo de aprendizagem sem imposições.

O professor deve abandonar a atitude de detentor do conhecimento, para se tornar um orientador/facilitador em sala de aula. Deve estar pronto para explicitar seus valores e intenções e incluir em seu trabalho pedagógico a possibilidade de discussão e questionamento, além da não ocultação de contradições, conflitos e confrontos. Cabe ao professor mostrar aos alunos que conflitos são inerentes aos processos democráticos.

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Por Andréa Oliveira