Na notícia Aprendizagem Significativa, Ensino Efetivo, baseada em uma palestra realizada pelo CPT – Centro de Produções Técnicas, o professor Per Christian orientou nossa equipe sobre os principais conceitos de um bom ensino/aprendizagem.
Em suma, deve-se buscar um conhecimento significativo, que é aquele que se interliga com outras ideias, pois o aluno já predispõe de um conhecimento prévio. No entanto, professores devem motivar os alunos a perceberem como essa aprendizagem será utilizado no seu cotidiano.
O professor Per Christian é licenciado em Química pela UERJ, Mestre em Química Analítica pela PUC/RJ e Doutor em Educação Científica pela Universidade de Wisconsin. Passou a maior parte da sua vida profissional como Coordenador e Professor do curso de Química da UFV. Hoje, é Diretor Acadêmico da Univiçosa. Diante de um profissional com tanta autoridade teórica e prática na educação, não poderíamos deixar de aproveitar a oportunidade para uma entrevista mais aberta.
Compartilhamos com você nesse espaço nossa entrevista:
CPT: Professor, com as tecnologias fluidas do mundo pós-moderno que estamos vivendo, pode-se alcançar o conhecimento de diversas formas. Por exemplo, através da biblioteca on-line, de palestras por vídeo conferência e de grupos de estudos virtuais. Isso facilita o processo de ensino-aprendizagem?
Per Christian: Tenho certeza que facilita. Eu acho que esse progresso todo que temos hoje facilita muito, tanto o trabalho do aluno quanto do professor. Acho que a informação está fantasticamente disponível, mas ao mesmo tempo coloca o professor em uma situação mais vulnerável que antigamente, porque o professor era como se fosse o dono do saber, hoje ele já não é mais.
Então, tem que tomar muito mais cuidado, sabendo que o estudante tem acesso a todo tipo de informação que se possa imaginar, e isso tudo é muito bom. Acho até que estaremos iniciando uma revolução no ensino nos próximos anos, uma mudança grande de paradigma. Talvez uma mudança na maneira de se dar aulas, porque o aluno hoje precisa do professor, é claro, para tirar dúvidas, mas ao mesmo tempo, a internet é uma ferramenta absolutamente fantástica.
Eu escrevi um livro há pouco tempo. Não sou dono do conhecimento e quando surgia algum assunto o qual eu precisava de mais informação, entrava na internet e descobria coisas que não tinha aprendido nos últimos 30, 40 anos. Hoje estamos realmente na época da informação.
CPT: O perfil do aluno muda e o perfil do professor muda também?
Per Christian: Vai ter que mudar também. O professor vai ter que se adaptar a uma realidade completamente diferente e provavelmente muito assustadora para muitos deles.
CPT: A secretária do Estado norte-americano, Hillary Clinton, esteve no Brasil nos últimos dias e afirmou que não existe caminho fácil para o sucesso, a chave é o conhecimento. O senhor também acredita nisso?
Per Christian: É a coisa mais verdadeira que eu já ouvi até hoje. Inclusive, existe uma pesquisa, a qual eu não sei os números exatos, mas que mostra que o grau de escolaridade aumenta os seus salários enormemente. O fato de você ter, por exemplo, uma especialidade na sua área de formação, pode duplicar, em média, sua remuneração.
Hoje existe um problema mundial muito grande de desemprego, e no Brasil não é diferente. Conclusão, pensemos em uma pessoa como eu, que sempre estudou muito. Eu não tenho medo nenhum de ficar desempregado. Isso significa que quanto mais preparado, formado e competente uma pessoa estiver, maior chance ela tem de sobreviver em um mundo que é cada vez mais competitivo. Então, a educação, sem dúvida, é a coisa mais importante na qual podermos investir.
CPT: Qual é o ponto chave do seu estudo sobre aprendizagem significativa e ensino efetivo?
Per Christian: Eu acho que é compreender o papel fundamental do conhecimento prévio. Não apenas por causa do conhecimento prévio, mas também por causa da questão psicológica da pessoa. Porque não é só o conhecimento. O professor tem que entender que problemas psicológicos existem, inclusive, mostrar para os seus alunos que existem.
Falar para o estudante: "olha, o seu problema não é que você não tem capacidade, não tem condição intelectual, o seu problema é que, por alguma razão (que podem ser N razões, entre elas o ensino médio, a escola em que você estudou, pode ser o professor que você teve), você não consegue apreender o conhecimento compartilhado.
Até hoje eu gosto de matemática por causa de um professor que tive, escolhi química, que tem muita matemática, por causa disso. O professor tem uma influência fantástica na vida do estudante. Penso que é como o estudioso Ausubel fala: a coisa mais importante é o que o aprendiz já sabe.
Para o professor, o educador, não importa se é uma turma de 2, 3 ou 50, deve-se sempre tentar descobrir o que o aluno sabe e ensinar depois. Sei que é muito difícil, porque as turmas são muito heterogêneas, mas o professor não pode desistir por causa disso, tem que tentar encontrar uma solução. Em turmas grandes, o professor pode, por exemplo, dar assistência em grupos menores, monitorias ou tutorias para alguns alunos.
Por outro lado, tem a atitude do estudante, que tem muito a ver com a atitude o professor, pois se este diz: “decora aquilo ali”, o aluno vai decorar. Por exemplo, se o professor é do tipo que faz perguntas como “qual é a área exata de Viçosa?”, o aluno começa a perceber qual é a filosofia de ensino dele, a da decoreba. A grande questão é que tem muito professor que não está preparado para a profissão.
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