Além das madeiras reflorestadas, um outro conceito surgiu: o de madeiras certificadas. Mas a simples adoção desse tipo de matéria-prima não foi suficiente para que as preocupações com o meio ambiente fossem atendidas. Surgiu, então, o conceito de certificação da madeira, feita por entidades que se especializaram nisso, com alguns objetivos:
- Desenvolver princípios e critérios de certificação;
- Credenciar e monitorar organizações certificadoras independentes;
- Apoiar o desenvolvimento de padrões nacionais e regionais de manejo florestal.
Segundo Wilhelmus Deutsch, professor do Curso a Distância CPT de Marcenaria - Nível Básico, “Entre diversas entidades que fazem este tipo de certificação, está o FSC (Forest Stewardship Council), Conselho de Manejo Florestal. Esta é uma organização internacional não-governamental fundada em 1993, independente e sem fins lucrativos. Seus membros são representantes de organizações sociais ambientais de comércio de madeira e produtos florestais, de povos indígenas, organizações comunitárias e certificadoras de produtos florestais de todo o mundo”.
De acordo com a FSC, “a certificação é um processo voluntário em que é realizada uma avaliação de um empreendimento florestal, por uma organização independente, a certificadora, e verificados os cumprimentos de questões ambientais, econômicas e sociais que fazem parte dos Princípios e Critérios do FSC”. O objetivo da certificação do FSC é garantir que os produtos florestais são originários de florestas manejadas de uma maneira ambientalmente adequada, socialmente benéfica e economicamente viável. Apesar disso, essa certificação não assegura a qualidade da confecção do produto nem o preço, ou seja, não está relacionada ao trabalho do marceneiro, mas sim à matéria-prima que ele utiliza.
Os produtos das florestas certificadas, que podem ser madeiras cultivadas ou resultante de manejo sustentado, ostentam a logomarca da certificadora para que os consumidores identifiquem os produtos de madeira que se originam de florestas bem manejadas, conforme os princípios e critérios sociais e ambientais reconhecidos internacionalmente. Qualquer que seja o sistema de certificação, desde que seja reconhecido nacional e internacionalmente, traz diversos benefícios. Vejamos.
I- Benefícios econômicos:
- Gera vantagem competitiva;
- Facilita o acesso a novos mercados; e
- Desenvolve e melhora a imagem pública da empresa e o espírito de equipe de seus empregados.
II- Benefícios sociais:
- Promove o respeito aos direitos dos trabalhadores, povos indígenas e comunidades locais por meio da participação das diversas partes interessadas na definição de padrões de manejo florestal; e
- Contribui para a redução de acidentes de trabalho em decorrência da introdução e do cumprimento das normas de segurança e prevenção.
III- Benefícios ambientais:
- Contribui para a conservação da biodiversidade e de seus valores associados: recursos hídricos, solos, paisagens e ecossistemas únicos e frágeis;
- Mantém as funções ecológicas das florestas; e
- Protege as espécies ameaçadas ou em perigo de extinção e seus habitats.
No Brasil, existem 3 empresas e 1 ONG credenciadas pelo FSC para realizar a Certificação Florestal e de Cadeia de Custódia. O processo pode ser resumido em macroetapas:
- Contato inicial: a operação florestal entra em contato com a certificadora.
- Avaliação: consiste em uma análise geral do manejo, da documentação e da avaliação de campo. O seu objetivo é preparar a operação para receber a certificação. Nessa fase, são realizadas as consultas públicas, quando os grupos de interesse podem se manifestar.
- Adequação: após a avaliação, a operação florestal deve adequar as não-conformidades (quando houver).
- Certificação da operação: a operação florestal recebe a certificação. Nessa etapa, a certificadora elabora e disponibiliza um resumo público.
- Monitoramento anual: após a certificação, é realizado pelo menos um monitoramento da operação ao ano.
O processo da certificação é conduzido pela certificadora. Sendo assim, o Conselho Brasileiro de Manejo Florestal não emite certificado. Cabe às certificadoras avaliar operações de manejo florestal, ou de cadeias de custódia, para conceder o uso do selo FSC nos produtos e auditar operações certificadas, seja de manejo florestal ou de cadeia de custódia. Também cabe à certificadora precificar e cobrar por este serviço.
O Conselho Brasileiro de Manejo Florestal não recebe nenhum subsídio ou repasse financeiro pelas certificações concedidas no país.
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Por Silvana Teixeira.
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