A partir do início da década de 70, com a introdução do chamado mamão papaya, conhecido também como mamão Havaí, houve a expansão dessa cultura no Brasil
O mamoeiro é uma planta tropical cuja origem provável é a América do Sul. É uma das fruteiras mais comuns nos países da América Tropical, expandindo-se para a África e Ásia, sendo hoje largamente cultivada na Índia, Tailândia, Indonésia, México, Nigéria, entre outros. No Brasil, a Bahia e o Espírito Santo são os maiores produtores, sendo este último o que apresenta maior produtividade, cerca de 40t/ha/ano, sendo suficiente para abastecer o mercado local e fornecer excedentes para a exportação (Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Canadá, entre outros).
“A partir do início da década de 70, com a introdução do chamado mamão papaya, conhecido também como mamão Havaí, houve a expansão dessa cultura no Brasil. Por apresentar características que são aceitas tanto pelo mercado internacional como o nacional, esta variedade do grupo Solo teve rápida aceitação”, afirmam os especialistas da FRUPEX e professores do curso Produção de Mamão, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
Vale ressaltar que algumas particularidades do mamoeiro o tornam importante tanto para abastecer os mercados nacionais e internacionais de fruta fresca, quanto pelo aproveitamento da polpa para extração de papaína, empregada para os mais variados usos na indústria têxtil, farmacêutica, de alimentos e de cosméticos. Além disso, o mamão é uma boa fonte de cálcio, pró-vitamina A e vitamina C.
Doenças causadas por vírus
As viroses do mamoeiro constituem, atualmente, o maior entrave à implantação dessa cultura, devido à característica itinerante ou migratória que lhe é imposta. Os vírus mais importantes são o VMM (vírus do mosaico do mamoeiro) e o VMAN (vírus da mancha anelar do mamão). Embora distintos, ambos são chamados de vírus do mosaico do mamoeiro, pois apresentam sintomas parecidos.
A importância desta doença reside no fato de que as plantas atacadas não se recuperam, sofrendo drástica redução no porte e na produção, podendo chegar até à morte. Enquanto isso, é recomendado que o produtor se dedique à adoção de medidas preventivas, que retardem a disseminação da virose.
Vírus da mancha anelar
A mancha anelar do mamão é ocasionada por um vírus cujos isolados, ou raças, pertencem a um dos principais tipos existentes: Tipo P (papaya), que infecta o mamão e também ocorrem e se multiplicam em cucurbitáceas. Em mamão, os sintomas induzidos por isolados do tipo P são variáveis e dependem do estádio da infecção, vigor da planta, temperatura (verão, inverno), isolado e tamanho da planta.
A transmissão do vírus da mancha anelar do mamão, em condições naturais, é feita por várias espécies de afídeos (pulgões). O vírus ocupa a planta de forma sistêmica, podendo, portanto, ser transmitido por inoculações em folhas, frutos e raízes. A semente e o látex não transmitem o vírus. A sua ocorrência é mais frequente e os danos mais severos nas estações frias do ano.
Os sintomas induzidos pelo vírus da mancha anelar do mamão são, inicialmente, o amarelecimento das folhas mais novas no terço superior da copa, seguido de clareamento das nervuras, rugosidade e intenso mosqueado. Observa-se, também, redução das lâminas foliares, que podem tornar-se filiformes. Já nos pecíolos e na parte superior do caule, aparecem estrias alongadas.
A característica mais marcante desta virose é a presença de manchas em forma de anéis sobre os frutos. O crescimento das plantas e a produção são afetados sensivelmente, ocorrendo marcantes alterações no sabor e aroma do mamão.
Mosaico do mamoeiro
A doença do mosaico do mamoeiro é causada por um vírus de partícula alongada medindo 820 μm de comprimento. Pode ocorrer em elevada porcentagem de plantas, reduzindo sensivelmente a produção e prejudicando a qualidade do fruto. É encontrado em locais onde ocorre a mancha anelar do mamoeiro. Os sintomas são semelhantes, quando se comparam folhas e caules afetados.
Como acontece com o vírus da mancha anelar do mamão, os afídeos (pulgões) são os responsáveis pela transmissão do vírus de uma planta para outra, e as cucurbitáceas são suas hospedeiras. A transmissão também pode ser feita mecanicamente.
Os sintomas mais característicos do VMM são: má formação das folhas e manchas cloróticas, formando um mosqueado ou mosaico (porções amarelas entremeadas de verde), crescimento retardado, causando o enfezamento das plantas e prejudicando severamente a produção.
Meleira
A meleira é um problema presente, com certa frequência, em mamoeiros do sul da Bahia, norte do Espírito Santo e algumas regiões do Estado de Minas Gerais, embora não se conheça a sua importância econômica.
A etiologia da meleira ainda não está definida, mas acredita-se que o problema seja de origem viral, haja vista que altas concentrações de partículas isométricas tipo vírus têm sido observadas, consistentemente, em suspensões de látex de frutos ou das folhas de plantas com sintomas, quando examinados ao microscópio eletrônico.
O principal sintoma é a exsudação de látex nos frutos que, após a oxidação, lhes dá o aspecto borrado ou melado, depreciando a sua qualidade comercial. Independentemente da idade das plantas, pode ocorrer ainda a exsudação a partir dos pecíolos e das extremidades de folhas novas. Em plantas jovens, os primeiros sintomas surgem nas extremidades das folhas novas, provocando queima e alteração de forma.
O látex dos frutos com meleira escorre com maior facilidade do que o dos frutos normais, devido à sua menor viscosidade e dificuldade de coagulação. Frutos de plantas doentes apresentam consistência e sabor da polpa alterados, ficando imprestáveis para a comercialização.
Amarelo letal do mamoeiro
É uma doença causada pelo vírus do amarelo letal (VALM) cujos sintomas se iniciam com o amarelecimento das folhas do terço superior da copa. A planta apresenta ainda o ponteiro retorcido, com folhas cloróticas, que amarelecem, murcham e morrem, provocando a morte da planta. Tem sido relatado o efeito sinergístico entre o vírus da mancha anelar do mamão e o vírus do amarelo letal.
Medidas preventivas para o controle das doenças viróticas
- Treinamento de pessoal para reconhecimento das plantas com sintomas da virose, de preferência, o mais prematuramente possível;
- Localizar o viveiro para formação das mudas, em áreas estrategicamente isoladas, distante de plantações antigas de mamoeiro e das demais plantas hospedeiras;
- Erradicar e/ou evitar o plantio de cucurbitáceas, em geral, como abóbora, pepino, melancia, melão, melão de são caetano, berinjela, quiabo, algodão, couve, couve-flor, pimenta e repolho. Estas plantas favorecem a criação de pulgões; estes próximos a mamoeiros contribuirão para a disseminação mais rápida da doença;
- Fazer vistoria três vezes por semana, no viveiro e no pomar, erradicando as plantas infectadas;
- Eliminar os pomares velhos e improdutivos, mesmo que não estejam infectados pela virose. O mesmo deve ser feito com plantas localizadas em fundos de quintais ou margens de estradas;
- Fazer a rotação de culturas, utilizando plantas que não sejam hospedeiras do vírus.
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Por Andréa Oliveira
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Comentários
Maria Alice Alves da Silva
24 de ago. de 2016Olá! boa tarde! Meu esposo planta mamão ha mais de 10 anos, e ultimamente surgiu esta virose retorcida no mamoeiro que leva a morte da planta que já esta entrando na fase da colheita, gostaria de saber, qual o tratamento para tal virose?
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25 de ago. de 2016Olá Maria Alice,
Recomendamos que consulte um especialista ou uma casa agrícola em sua região para mais informações sbre um correto tratamento, pois só pela maneira que descreveu a doença não conseguimos identificar que tipo de virose estar a atacar seu mamoeiro.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos
Jaine
26 de out. de 2015Muito bom o site, está me ajudando muito nos trabalhos. Gostaria de saber em que ano foi feita a publicação Mamoeiro: Doenças viróticas e controle. Obrigada!
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27 de out. de 2015Olá, Jaine!
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site. A data desta publicação é de 11/01/2012.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos
Naiara
15 de out. de 2013Muito legal esse site, está me ajudando nos trabalhos!!!
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16 de out. de 2013Olá, Naiara!
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos
PAULO CORREA SILVA
19 de ago. de 2013A matéria é boa, mas precisa ser mai profunda no manejo dos defensivo das doenças ....abraços. PAULO
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20 de ago. de 2013Olá, Paulo!
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos