Proteção contra raios na fazenda

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Nenhum sistema de proteção contra raios oferece total segurança. Entretanto, a adoção de um sistema contra raios reduz, em muito, os riscos de acidentes com os raios. Todos os sistemas de proteção contra raios visam encaminhar o raio para a terra, fazendo a corrente se difundir no solo por meio do sistema de aterramento.


É importante lembrar que nenhum para-raios atrai raios e nem evita raios. Se assim fosse, seria uma atitude irracional instalar para-raios sobre as edificações. Portanto, o para-raios consiste em um sistema que tem por finalidade conduzir as descargas elétricas do raio para a terra, por um caminho de baixa resistência elétrica, evitando acidentes com pessoas e animais e sem causar danos às estruturas protegidas.


O Brasil é um dos países que possui maior incidência de descargas atmosféricas, trazendo anualmente morte para centenas de pessoas, milhares de animais e enormes prejuízos materiais, por isso é muito importante conhecer o fenômeno da descarga atmosférica e os sistemas de proteção.


De uma forma simplificada podemos dizer que os raios são formados por causa do movimento das camadas de ar dentro das nuvens, que faz surgir cargas elétricas no seu interior, em virtude do atrito entre as camadas de ar e de gelo, resultando em um carregamento eletrostático.


A quantidade de cargas, tanto positivas como negativas, vai aumentando até que a camada de ar existente entre a nuvem e a terra deixa de ser isolante permitindo a ocorrência do raio da nuvem para a terra, conhecidas como descargas descendentes.


“As descargas atmosféricas incidem preferencialmente nos pontos mais altos do relevo, pois nestes locais a distância entre a nuvem e a terra torna-se menor. Entretanto, é muito comum também a ocorrência de raios nos locais descampados”, afirma o professor José Osvaldo Saldanha Paulino, professor do Curso CPT Proteção contra Raios na Fazenda.

Sendo assim, a implantação de sistemas de proteção contra raios justifica-se, principalmente em locais onde pessoas e animais possam estar presentes. Além disso, é importante instalar estes sistemas também nas edificações valiosas, como unidades armazenadoras. Estas edificações se atingidas por raios, poderão ser destruídas, causando sérios prejuízos, além de colocar em risco a vida de pessoas e animais.


Os sistemas de proteção contra raios podem ser divididos em três grupos, ou seja, o sistema tipo Franklin, ou para-raios de pontas, o sistema Gaiola de Faraday ou sistema de blindagem, e os dispositivos de proteção da rede de baixa tensão.


Para-raios tipo Franklin

O para-raios tipo Franklin é constituído por dispositivos de pontas que são instalados próximos ou sobre as edificações criando uma região imaginária de proteção. Esta região imaginariamente delimitada no espaço possui o formato de um cone. Quanto maior a altura do dispositivo de pontas, maior será a zona de proteção deste para-raios.


Detalhes de um para-raios Franklin instalado sobre residência

- Os condutores de descida precisam ser isolados até uma altura de três metros acima do nível do solo. Para isso, são utilizados os eletrodutos de PVC rígido, de 50 mm de diâmetro;
- Devem ser instaladas caixas para medição da resistência de terra do aterramento a, aproximadamente, um metro de altura;
- O aterramento deverá ser feito com a primeira haste sendo cravada a uma distância mínima de um metro da residência;
- Os suportes-guias deverão ser espaçadas em, no máximo, dois metros;
- O condutor de descidas precisa ficar afastado das edificações em, no mínimo, 20 cm;
- O condutor de descidas deverá ser encaminhado até à primeira haste através do tubo de PVC rígido;
- Após cravar as hastes em buracos feitos no solo, recomenda-se colocar manilhas de barro com tampa de concreto para permitir verificar as condições do aterramento. Além disso, nos períodos secos do ano, recomenda-se jogar água dentro destas manilhas para reduzir a resistência de terra.

Aterramento

O sistema de aterramento localizado permite a difusão das correntes dos raios para o solo, evitando que a edificação seja danificada. Porém, existirá o risco de animais ou pessoas que estiverem próximas do sistema de aterramento no momento do raio serem atingidas pelas correntes superficiais.


Gaiola da Faraday

Este sistema é utilizado principalmente em residências onde se deseja preservar a estética da edificação, bem como em instalações cujas dimensões dificultam ou impedem a instalação de para-raios tipo Franklin. A gaiola da Faraday é formada por cordoalhas de cobre com bitola mínima de 50 mm2, que devem ser instaladas nas edificações nos pontos mais altos da cobertura e em volta da mesma, sendo conectada ao sistema de aterramento através de condutores de descida. É muito comum instalar ao longo destas cordoalhas pontas metálicas para facilitar a incidência dos raios.


Medidas econômicas

Algumas edificações mais simples da fazenda como celeiros, pequenos galpões, cochos cobertos em pastagens, principalmente em locais descampados, podem ser protegidos contra raios utilizando-se soluções econômicas. Estas soluções podem ser obtidas colocando-se uma cordoalha de aço galvanizado de 6,4 mm de diâmetro sobre a edificação e as duas extremidades da cordoalha devem ser enterradas no solo. Nestes casos, recomenda-se enterrar pequenos pedaços da cordoalha ao lado da edificação protegida para servir de testemunha.

Assim, com o passar dos anos, avalia-se o grau de corrosão do fio protetor mediante análise destes pedaços de fios testemunha.


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Por Silvana Teixeira