Fatores como idade adequada, boa condição nutricional, presença de fotoperíodo longo (16 h/dia) e temperaturas mais quentes são essenciais para que a égua entre no cio. Essas condições estão inter-relacionadas, pois é exatamente quando os dias se tornam mais longos e a temperatura aumenta que a pastagem se torna mais exuberante, melhorando o escore nutricional dos animais que tiverem acesso a ela.
Em haras onde as éguas estão com dificuldade de entrar no cio, pode-se estabelecer um programa de luz (20 wts/m2) nas cocheiras, a fim de completar as 16 horas de luminosidade necessárias por dia. A estabulagem à noite também evita que as éguas passem frio, o que também é desfavorável ao estro. Esses programas devem começar meses antes da estação de monta para serem efetivos. Pode ser necessário suplementar a alimentação com concentrados, se o escore corporal das reprodutoras não for adequado. Se mesmo assim houver problemas e parte das éguas não apresentar cio, é necessário acompanhamento veterinário.
Durante o cio, a égua fica receptiva ao garanhão, afastando lateralmente os posteriores, elevando a cauda e urinando uma boa quantidade com odor característico
Como detectar o cio das éguas
1- Comportamento da égua no cio (ou estro)
Durante o cio, a égua normalmente fica receptiva ao garanhão, afastando lateralmente os posteriores, elevando a cauda e urinando uma boa quantidade com odor característico. Em seguida, ela contrai a parte inferior da vulva, o que expõe o clitóris.
2- Comportamento da égua no diestro
Ela rejeita o garanhão abaixando as orelhas podendo morder e dar coices.
3- Detecção do cio
- Por meio do rufião: o melhor tipo de rufião para a detecção de éguas no cio é o vasectomizado, desde que não o utilize solto junto com as éguas. Os animais criptorquidas também poderão ser utilizados. Deve-se evitar o uso de animais de temperamento excessivamente agressivo e também o uso do garanhão, a fim de se evitar acidentes.
- Sistema Australiano: é um sistema que permite rufiar diversas éguas quase ao mesmo tempo. Neste sistema, as éguas são colocadas uma atrás da outra, com um espaço suficiente entre elas para não serem atingidas por algum coice. Elas ficam separadas do rufião por uma cerca de varas ou de canos de ferro, de tal maneira que o rufião possa manter contato físico com cada uma delas individualmente.
- Ultrassonografia: com o auxílio da ultrassonografia, pode-se detectar os sinais internos de cio, tais como modificações do útero e o desenvolvimento folicular.
4- Formação do corpo lúteo
Depois da ovulação, a cavidade folicular é completada com um coágulo que progressivamente é substituído pelo corpo amarelo ou corpo lúteo produtor de progesterona. Além do corpo lúteo, podem também secretar progesterona, a placenta e a suprarrenal. Ela constitui um fator indispensável no início e na manutenção da gestação. Lamentavelmente, a ausência de cios não indica necessariamente que a égua esteja gestante. Pode ocorrer que não seja destruído o corpo amarelo por deficiência de secreção de prostaglandina e sua presença pode persistir por dois a três meses. A persistência do corpo lúteo (ausência de cios) pode confundir os criadores, levando-os a pensarem em gestação e, com isso, perderem a oportunidade de inseminação. Frequentemente, essa persistência do corpo lúteo sem gestação ocorre no verão e a aplicação de prostaglandinas injetável intramuscularmente resolve o problema.
Idade adequada, boa condição nutricional, presença de fotoperíodo longo (16 h/dia) e temperaturas quentes são essenciais para que a égua entre no cio
5- Controle do funcionamento ovárico
A sucessão de acontecimentos e de transformações que ocorrem no ovário é controlada pela hipófise, uma pequena glândula localizada na parte inferior do cérebro. Para efetuar esses propósitos nos ovários, a hipófise secreta as gonadotrofinas FSF e as gonadotrofinas LH. O primeiro estimula o crescimento dos folículos e o segundo é responsável pela sua evolução, ovulação e formação do corpo lúteo.
6- Anomalias do funcionamento ovárico
Além das anomalias da persistência do corpo lúteo e da inatividade ovárica sem ovulação, mas com sintomas de cio, temos outras que são mais raras:
- Poliovulação: é sabido que a égua, devido ao tipo de placenta, é um animal que não suporta uma gestação gemelar. Na maioria das vezes morrem os dois, e quando a égua consegue levar a termo a gestação, os potros nascem muito fracos e acabam morrendo. Considerando esse aspecto, as ovulações múltiplas são maléficas, pois podem colocar em perigo até a vida da égua. Por outro lado, para uma boa doadora, isso passa a ser uma vantagem, pois vários embriões poderão ser coletados.
- Cios anovulatórios: são aqueles em que a égua apresenta desenvolvimento folicular com sinais externos de cio, mas sem ovulação. O crescimento folicular pode chegar até a fase pré-ovulatória e depois regride, não havendo ovulação. Como não se forma corpo amarelo, o desenvolvimento folicular retoma seu crescimento em um intervalo mais curto (menor que 15 dias). Esses casos são raros e regularizam-se sem nenhuma medicação.
- Cio interrompido: o cio pode ser interrompido por um ou mais dias e voltar em seguida. Acredita-se que seja por um problema comportamental (éguas cujos sinais de cio são difíceis de detectar). Pensa-se, também, que possa ser uma consequência dos cios anovulatórios acima descritos.
- Cios silenciosos: vistos especialmente em éguas gordas em lactação, nas quais ocorrem os sintomas internos de cio tais como: desenvolvimento folicular, sinais de hiperemia de mucosa vaginal e ovulação sem, entretanto, demonstrar sinais externos de cio.
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Por Silvana Teixeira
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Comentários
HERTON RICHERT
15 de abr. de 2018Tenho uma égua Moura crioula. Quero tirar cria d um cavalo crioulo colorado testa Branca. Qual será a pelagem d filhote
Resposta do Portal Cursos CPT
16 de abr. de 2018Olá Herton,
Para mais informações nossas consultoras entrarão em contato.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos