
Sendo a equitação o código a ser empreendido para a comunicação entre cavaleiro e cavalo, e a doma o processo por meio do qual se procura estabelecer essa linguagem, torna-se mais do que óbvia a ordem de prioridade entre ambos. Primeiro, devemos ter domínio sobre a linguagem para, em seguida, podermos tentar transmiti-la. Como seria possível a um domador o exercício eficiente da doma sem domínio prévio da equitação? A probabilidade dessa ocorrência seria quase nula. Mas, então, como explicar o grande número de domadores desprovidos de conhecimentos suficientes sobre equitação exercendo esse ofício? “A resposta é simples: eles estão preparando animais para serem montados e não para serem equitados”, afirma Paulo Guilhon, professor do Curso a Distância CPT Doma Racional Interativa, em Livro+DVD e Curso Online.
Talvez seja o momento de prestar outro esclarecimento: nem todo cavaleiro é equitador. Cavaleiro pode ser apenas o homem montado, ou que monta a cavalo, enquanto equitador, obrigatoriamente, deve ser o cavaleiro provido de conhecimentos e recursos técnicos para a prática da equitação. O mais comum é encontrarmos domadores/cavaleiros e não domadores/equitadores. A consequência direta desse fato é a escassez de montarias habilitadas para serem equitadas. No Brasil, o meio equestre ainda não amadureceu o suficiente para fazer essa diferenciação. Para haver possibilidade de prática da equitação, homem e cavalo precisam conhecer o ódigo, do contrário, é improvável a ocorrência de comunicação por meio dessa linguagem.
A equitação demanda estudos teóricos e práticos, desenvolvimento de capacidades sensoriais, psíquicas e motoras, disciplina, paciência, persistência, maturidade emocional, cultivo de valores éticos, respeito pelo cavalo, espírito de cooperação, entre outros atributos cujo significado não tem sido percebido nem valorizado por boa parte dos adeptos das atividades equestres.
A doma, por sua vez, exige muito mais! Para admitirmos isso, basta reconhecer que o trabalho de iniciação do cavalo é muitas vezes mais complexo do que a prática da equitação, o que pode ser visualizado ao compreendermos as dificuldades inerentes a qualquer processo de aprendizagem, no qual o aprendiz não tenha nenhuma noção do aprendizado que a ele será proposto. Este é o caso do cavalo ao ser submetido à doma. O homem, quando se propõe a aprender equitação tem, pelo menos, uma visão daquilo que precisa assimilar. Agora, imaginem o cavalo; que tipo de noção ele poderia ter com relação ao que pretendemos dele, numa parceria totalmente alheia às suas necessidades originais? Diga-se, de passagem, ele não dispõe de intelecto, portanto, não é possível explicar-lhe nossas intenções. Tudo deverá acontecer por sugestão do homem, segundo as estratégias que estabelecermos para seduzi-lo a submeter-se às nossas vontades.
Refletir sobre as expectativas de homem e cavalo relacionadas a um projeto que, sem dúvida, é unilateral, ajuda-nos a reconhecer a dimensão das questões presentes nas relações cotidianas, no decorrer da doma. O cavalo precisa ser visto pelo domador como um aprendiz que, além de não se dar conta das nossas intenções, não buscaria por iniciativa própria a parceria proposta. O pressuposto da aprendizagem, aquilo que leva o aprendiz a dedicar-se aos aprendizados, é o interesse. No caso do cavalo, podemos afirmar que, de início, ele não teria interesse algum nessa parceria. Ela terá um significado para o cavalo, à medida que ele identificar ganhos para si.
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Por Silvana Teixeira.
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Comentários

Marcos de Oliveira Santos
27 de mar. de 2018Sou domador, porém não tenho o curso de equitação e queria aprender algo a mais, e novo. Trabalho com os dois tipos de doma, racional e chucro.

Resposta do Portal Cursos CPT
28 de mar. de 2018Olá Marcos de Oliveira,
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site. Em breve, uma das nossas consultoras entrará em contato com mais informações e esclarecimentos sobre os cursos que irão melhor lhe atender.
Atenciosamente,
Victor Sampaio