Os destinos do cavalo e do homem são inseparáveis. Conhecido e admirado, o cavalo tem sido útil no progresso da humanidade e à nossa evolução. Foi utilizado como meio de conquista, de imigração, de transporte, de trabalho, de veneração e de crença, na mitologia, na fabricação de soro e vacina, no lazer e no esporte. Hoje lhe é dado um grande destaque como instrumento de reabilitação e educação.
Animal dócil, de porte e força, que se deixa montar e manusear, transforma-se em um amigo e estabelece com o ser humano um relacionamento afetivo importante. Uma criança, por exemplo, por suas necessidades de alegrar-se, de amar e estabelecer limites, e o cavalo estabelecem uma relação harmoniosa e conseguem atuar juntos graças à desinibição e à doçura dos gestos da criança e à confiança recíproca.
No Brasil, país de grandes áreas rurais, o uso adequado da equiterapia vem ao encontro de uma população que vive fora dos grandes centros urbanos e que tem facilidade em assimilar o uso do cavalo em seu benefício.
A amplitude de atuação da equiterapia tem desenvolvido atuações em nível terapêutico, educacional e social, envolvendo não só a população portadora de deficiências, mas, também, a criança carente, o jovem drogado e o adulto socialmente desajustado.
Trabalhando no domínio do ambiente do cavalo, o ser humano aprende a paciência, o comando, o respeito por si e pelo próximo
“Trabalhando no domínio do ambiente do cavalo, o ser humano aprende a paciência, o comando, o respeito por si e pelo próximo. O exercício da liderança é estimulado de sua forma mais adequada e benéfica. É estimulada a união de equipes pelo entrosamento e aceitação de cada participante”, afirma a professora Gabriele Brigitte Walter, do curso Seleção, Doma e Treinamento do Cavalo para Equiterapia, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
A pergunta que se faz, no entanto, é a seguinte: Qual o perfil do cavalo ideal para os trabalhos da equiterapia? A resposta a essa indagação é bem simples: “ao passo deve simular, com perfeição, no ondular do seu dorso, a marcha humana. Ao trote, não deve marchar, mas, ao mesmo tempo ser suave o bastante para não causar desconforto e tencionar em demasia os músculos lesados de um cavaleiro. Tem que carregar, por si só, sua cabeça, para não pesar nas rédeas. Deve aceitar mudanças de cadência e frequência com naturalidade. Deve ser inteligente o bastante para aceitar treinamento e trabalho com responsabilidade. O cavalo deve ser muito dócil para aceitar os desmandos de um “ginete” portador de deficiências, mas sem, contudo, perder o brilho que desperta o orgulho e a satisfação de quem cavalga”.
O animal
O único que preencheu todos esses requisitos até hoje foi o cavalo Puro Sangue Lusitano e algumas das raças descendentes deste.
A doma
A doma utilizada para o cavalo de equiterapia é a chamada doma comportamental. Ela é baseada no comportamento de manada, natural dos equinos. Também está intimamente ligada ao manejo o mais perto do natural possível e na observação do comportamento do cavalo. A doma consiste em não usar agressividade nenhuma, e em não contrariar, em nenhum momento, o comportamento do cavalo. Ela é efetiva com qualquer cavalo, desde o xucro, laçado no pasto, cavalos que foram tratados com o maior cuidado dentro de haras, e até cavalos traumatizados por doma errada. Deve-se deixar claro que cavalo xucro não é cavalo selvagem. É apenas o cavalo que nunca foi montado.
Pré-requisitos
Na equiterapia, não selecionamos o animal por raça. Ele é selecionado por preenchimento de pré-requisitos. Essa seleção pode ser feita de quatro maneiras: A primeira delas, é quando se quer iniciar a criação no próprio haras. Nesse caso, seleciona-se o garanhão e as matrizes que começarão o plantel. A segunda forma é quando se quer selecionar um potro recém-desmamado para acabar de criar e depois domá-lo e treiná-lo para a equiterapia. A terceira forma é escolher o potro já criado, só necessitando iniciar a doma e treinamento. A quarta forma é selecionar o cavalo já adulto, só necessitando do treinamento. O cavalo adulto deve ser calmo, manso, mas não “morto”, tem de ter vontade de andar e de ser um cavalo atleta. No atendimento, ele vai ser conduzido ao passo, mas o passo ativo com impulsão.
O domador
Para domar, o domador entra no jogo para ganhar. Ele tem que ser elevado ao status de um garanhão chefe. Para isso, é utilizado o redondel. Se o domador desafiar o cavalo para correr em linha reta, ele nunca vencerá. Ao contrário, se o domador for para o meio de um circulo, e colocar o cavalo para correr em torno desse círculo, para ele, o domador estará sempre a sua frente. Para o cavalo, o redondel é uma reta sem fim. O domador irá desafiá-lo a correr nas duas direções. Durante o jogo, o cavalo pode querer inverter a situação. Por isso o domador deve ser paciente e persistente. Se o cavalo for um líder natural, ele vai querer tomar o meio do círculo. Cabe ao domador não deixar. Uma regra, que não deve ser esquecida, é que os cavalos não falam. Então, não adianta chamá-lo com sons humanos. O domador tem que falar na linguagem deles. O tempo todo, apenas a linguagem corporal é utilizada.
O tempo de doma
O tempo de doma não é determinado. Pode-se por um limite de tempo para o domador. Estabelecer metas. Por exemplo, se a meta for a liderança do domador, pode-se parar quando o cavalo começa a mascar aceitando o final do jogo. Daí leva-se para o piquete ou baia e pronto. Continua outro dia ou outra hora. A meta também pode ser a colocação da sela ou a montaria. Isso tudo como limite do domador e não do cavalo. Em geral, não se leva mais do que quatro horas para se chegar nesse ponto, usando este método. Um cavalo xucro, em quatro horas, estará apto a aceitar a sela, e sem traumas. A doma completa, vai do cavalo xucro até o momento em que o domador sentou na sela em cima dele.
O manejo
A parte mais importante no treinamento é o manejo diário do animal que é representado pela lida diária com o cavalo. Não estamos falando aqui da alimentação, vacinação, etc. Essa lida diária deve ser o mais próximo possível da vida do cavalo na natureza. É a confirmação da doma. As necessidades de sobrevivência do cavalo devem ser supridas totalmente. A vida social, a vida afetiva, o preenchimento da necessidade de mastigação, enfim, todos os seus instintos devem ser satisfeitos. Para o cavalo, mantê-lo ao passo, como é a sessão de equiterapia, é muito estressante. Na natureza, ele corre, para, anda, trota, galopa, enfim, faz movimentos variados. Na pista, ele tem de manter o ritmo contínuo o tempo todo. Ele aceita esse movimento, quando o manejo é o mais correto possível, no resto do dia. O tratador de um cavalo de equiterapia é um tratador diferenciado. Ele deve tratar os cavalos com suavidade, sem espantá-los. O tratador deve ser alguém especial.
O manejo alimentar
· Feno à vontade;
· 2,5 kg de ração balanceada por dia para cada animal que pesa aproximadamente 500 quilos,
divididos em três refeições;
· 1 kg na hora do almoço;
· ½ kg à noite;
· ½ kg de madrugada – este horário depende do início do trabalho do dia (a pouca ração,
mantendo um cavalo de 500 kg segue um antigo ensinamento árabe: “A ração do dia vai para o esterco e a ração da noite para a garupa”).
A equiterapia tem desenvolvido atuações em nível terapêutico, educacional e social, envolvendo não só a população portadora de deficiências, mas, também, a criança carente, o jovem drogado e o adulto socialmente desajustado
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Por Silvana Teixeira
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