A irrigação dos cafeeiros vem se mostrando uma tecnologia viável principalmente se empregada em conjunto com outras técnicas de manejo, para um melhor desempenho do empreendimento. Faz-se necessário saber que em primeiro lugar vem a escolha de um bom material genético.
Em segundo, a abertura de covas e o uso adequado de fertilizantes no plantio, de acordo com recomendações técnicas. Depois, vêm as adubações de cobertura, tratos fitossanitários, podas de condução e, finalmente, a irrigação.
Existem materiais genéticos que proporcionam respostas significativas em produtividade, quando irrigados, porém, outros pouco respondem. Normalmente, os materiais mais tolerantes à seca respondem menos à irrigação e, consequentemente, os mais sensíveis respondem mais.
Quando comparamos lavouras irrigadas com lavouras não irrigadas, as respostas podem variar de 20% até 260% em ganho na produtividade, mantendo-se o mesmo pacote tecnológico. Mantendo-se o mesmo pacote tecnológico, inclusive a irrigação, o material genético pode contribuir para um ganho em produtividade em até 150%.
Sistemas de irrigação
A seleção de um sistema de irrigação deve ser embasada em vários fatores. Dentre eles, pode-se citar a topografia, o espaçamento, a variedade cultivada, a disponibilidade e qualidade da água, a velocidade e direção dos ventos, a demanda de água pela cultura, o valor econômico e o potencial produtivo da lavoura.
Assim, não se deve pensar em qual equipamento é mais eficiente, qual é o mais utilizado, ou até mesmo qual é o mais sofisticado, mas sim em qual tipo de equipamento se adapta melhor à condição de operação em que será montado. É sempre bom lembrar que, para cada situação, existe um tipo de equipamento que melhor se adapta.
Os principais sistemas de irrigação usados na lavoura de café são a aspersão convencional, o pivô central, a microaspersão e, principalmente, o gotejamento. Os sistemas de aspersão convencional, normalmente, são utilizados em regiões de relevo mais acidentado, enquanto que o pivô central é utilizado somente em regiões planas. Já, a irrigação localizada (microaspersão e gotejamento) é empregada em qualquer tipo de topografia.
Qualidade da água
O principal problema da irrigação localizada está ligado à qualidade da água. Altos teores de ferro na água podem, em muitos casos, ser limitantes ao uso desse tipo de irrigação. Outro gargalo desse sistema refere-se à não-filtragem da água que, na maioria das vezes, devido à pouca importância dada à qualidade da água, vem causando problemas sérios de entupimento dos emissores.
No entanto, a presença de ferro, não necessariamente, elimina a possibilidade de uso dos sistemas de irrigação por gotejamento. Mas, nesse caso, é preciso executar alguns procedimentos para que esse ferro seja removido.
Uma simples análise da água que se pretende utilizar para a irrigação pode livrar o produtor de uma série de prejuízos, principalmente, com entupimento de emissores, antevendo as práticas e a infraestrutura necessárias para melhoramento da qualidade da água, ou até mesmo a inviabilidade do uso do sistema de irrigação.
Fatores que determinam o manejo da irrigação
Um bom manejo da irrigação se faz, quando se conhecem as características físicoquímicas do solo, a profundidade das raízes, as características de funcionamento do sistema de irrigação e as condições climáticas do local.
O conhecimento dessas características e de suas interrelações é fundamental para se obter um manejo preciso, identificando o momento e a quantidade de água a ser aplicada, evitando desperdício de água e gastos desnecessários.
O solo pode ser considerado como sendo a caixa-d’água para as plantas. Quanto mais profundo o solo, maior será a capacidade de armazenamento. Porém, a principal característica do solo é a textura, pois é ela que define a quantidade de água que o solo é capaz de armazenar em uma dada profundidade. Um solo arenoso tem baixa capacidade de armazenamento. À medida que aumenta a quantidade de argila, aumenta também sua capacidade de armazenar água. Logo, os solos barrentos têm mais capacidade de armazenar água.
A textura do solo, também, é muito importante para se definir a taxa de aplicação de água de um sistema de irrigação por aspersão e o espaçamento dos emissores num sistema de irrigação por gotejamento. Quanto mais arenoso for o solo, maior pode ser a taxa de aplicação de água e menor deverá ser o espaçamento dos gotejadores.
A interpretação das informações para se elaborar um plano de manejo de irrigação não é simples e, dessa forma, deve-se procurar um profissional capacitado para traçar esse plano. Um plano de manejo de irrigação pode proporcionar até mais de 30% de economia de água, que, considerando a economia no consumo de energia elétrica, a redução na lixiviação dos adubos, a economia de mão de obra, entre outras, além do possível aumento na produtividade, transforma-se em uma cifra monetária bem elevada, certamente, compensando os investimentos a serem realizados.
A textura do solo, também, é muito importante para se definir a taxa de aplicação de água de um sistema de irrigação
Projeto de irrigação
Um projeto hidráulico bem elaborado é fundamental para o sucesso da irrigação, melhor dizendo, se houver falhas na elaboração do projeto, jamais se obterá sucesso no manejo da irrigação, sem primeiro ser feita uma correção dessas falhas.
A melhor forma de se obter um bom projeto é adquiri-lo de firmas idôneas, que tenham em seu quadro de funcionários engenheiros capacitados para sua elaboração. Uma boa maneira de saber do desempenho da empresa é visitar os vizinhos que já adquiriram seus equipamentos de irrigação, para obter informações.
Nesses locais, deve-se procurar saber sobre problemas de funcionamento como entupimento de gotejadores, rompimento de tubulações e mangueiras, uniformidade da vazão, operacionalidade do sistema, entre outros. E, também, informações sobre assistência técnica pós-venda, cumprimento de prazos de entrega e outras informações que o produtor julgar necessárias.
Após a elaboração do seu projeto, é aconselhável que o produtor procure uma empresa de planejamento e, ou, assistência técnica, ou até mesmo um técnico de sua confiança, para analisar o projeto e dar um parecer final sobre sua qualidade, para evitar uma série de aborrecimentos pós-venda.
Quando irrigar
Pesquisas sobre irrigação do café Conilon, realizadas no INCAPER, num período de cinco anos, demostram que as melhores produtividades foram obtidas quando as plantas foram irrigadas nos seguintes períodos:
- Do abotoamento à floração, com aumento médio de 37% na produtividade, em cinco anos, em comparação com a cultura não-irrigada;
- Da floração ao pegamento dos frutos, com aumento médio de 27% na produtividade;
- Enchimento dos frutos, com aumento médio de 23% na produtividade.
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Por Silvana Teixeira
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