
Todos os pecuaristas sabem que a alimentação animal é o maior custo da atividade. Por conta disso, alternativas têm sido utilizadas com o intuito de diminuir os gastos e aumentar a lucratividade, como é a caso da fabricação de rações na própria fazenda, a partir de técnicas e ingredientes que tornem essa fabricação mais barata.
Jorge Borges, professor do Curso CPT Fabricação de Ração na Fazenda, explica que de uma pequena fábrica, podem sair suplementos energéticos, proteicos e rações fareladas para várias categorias animais, com diversas composições, utilizando diferentes ingredientes, sejam eles moídos, na forma de farelos e mesmo em grãos.
Um desses ingredientes, que pode ser produzido facilmente e vem sendo utilizado em larga escala na alimentação animal é o bagaço da cana-de-açúcar, obtido a partir da remoção do suco da cana, após prensagem em equipamento adequado para tal.
A cana-de-açúcar
Nosso país está em primeiro lugar no ranking mundial de produção de cana-de-açúcar, sendo responsável por quase ¼ do total mundial. Essa produção gera resíduos, após o esmagamento para retirada do suco, que podem ser aproveitados na indústria e também na alimentação animal.
Para esta última, utiliza-se o bagaço, que passa por um tratamento com a finalidade de se tornar alimento volumoso para bovinos. Esse tratamento que, na maioria das vezes, é químico, é relativamente barato e acessível aos produtores, o que justifica sua utilização.
Composição do bagaço
- Celulose: composto químico orgânico que existe em abundância nas plantas e que é aproveitado por ruminantes, como é o caso dos bovinos. O aproveitamento pode chegar a 90% e pode servir para suprir as deficiências energéticas desses animais;
- Hemicelulose: permite ser hidrolisada a pentoses, servindo também como fonte energética aos animais;
- Lignina: quanto mais “maduras” as plantas, mais ligninas elas possuem. Essa substância está relacionada à indigestibilidade das fibras da dieta e, a depender da concentração no bagaço, dificulta o aproveitamento das outras duas substâncias citadas.
Para utilizar o bagaço, deve-se manuseá-lo tecnicamente de forma correta e como complemento volumoso para os ruminantes. Pode ser tratado de duas formas para utilização na alimentação de ruminantes:
Tratamento físico-químico
Empregando-se altas temperaturas e pressão, obtém-se o bagaço tratado por auto-hidrólise. O principal objetivo dessa técnica é agregar valor nutritivo no bagaço, devido aos efeitos de hidrólise ácida, através dos efeitos dos ácidos gerados durante o tratamento e afrouxamento da fração fibrosa da parede celular.
Tratamento químicos
É a forma mais eficiente para agregar valor nutritivo em materiais fibrosos que serão empregados na alimentação de animais. Além de não afetar a atividade microbiana do rúmen, melhora a digestibilidade da fibra e promove um aumento proteico.
Tratando-se o bagaço com alcáli, torna-se a hemicelulose mais solúvel e não se altera o conteúdo cristalino da celulose. Além disso, há aumento da digestibilidade, da ingestão voluntária e do valor nutritivo. Também é possível tratá-lo com ureia, em um processo mais seguro e barato, que dependerá da liberação enzimática da amônia para que se obtenha sucesso.
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Fonte: Rural News – ruralnews.com.br
por Renato Rodrigues
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