Apesar da posição de destaque na pecuária mundial, sabe-se que as pastagens brasileiras têm sido exploradas de forma extensiva/extrativista, sem condições, no médio-longo prazo, de atender as dimensões técnico-econômico-sócio e ambiental do conceito de sustentabilidade.
Dos 172 milhões de hectares de pastagens (IBGE, 2006), estima-se que aproximadamente 60% encontram-se em processo de degradação, demandando altos investimentos anuais em sua recuperação/renovação.
O resultado? Menores produtividades, recria e lucro; baixa rentabilidade da atividade, empobrecimento de regiões de pecuária tradicional, desemprego e empregos com baixos salários, entre outros e compactação e erosão do solo, assoreamento e contaminação de cursos d`água, emissão de gases de efeito estufa.
Além desses impactos, a atividade pecuária ainda tem sofrido pesadas críticas e acusações por parte da sociedade e de ONGs do país e do exterior pelo seu modelo de exploração extensivo/extrativista. Aceitam-se com naturalidade no meio pecuário, o que é normal, a pastagem degradar-se, e que a cada cinco a 10 anos é preciso recuperá-la ou renová-la.
Em algumas regiões produtores acreditam que a renovação seja inevitável a cada três anos. Entretanto, todas as 55 gramíneas e as 15 leguminosas introduzidas no Brasil são de ciclo de vida perene.
Segundo o Novo Dicionário Aurélio de 2004, perene é aquilo “que não acaba; perpétuo, imperecível, …, eterno”. “Deduz-se que no código genético daquelas plantas não existe codificação que determine sua morte”, afirma Adilson de Paula Almeida Aguiar, professor do Curso CPT Recuperação de Pastagens - Método Direto.
Um observador mais atento poderá constatar, através de fatos, a perenidade das pastagens brasileiras. Por exemplo, no bioma caatinga, mesmo sob condições severas de déficit hídrico e chuvas regulares, é possível encontrar pastagens de capim-buffel formadas há mais de 30 anos; ou no bioma amazônico sob condições limitantes de excesso de chuvas e solos mal drenados e de baixa fertilidade natural, pastagens de Quiquio-da-amazônia, implantadas há mais de 40 anos; ou no bioma cerrados, sob solos de fertilidade natural muito baixa, pastagens de Braquiária decumbens, implantadas há mais de 50 anos, mesmo atacadas anualmente pelas cigarrinhas-da-pastagem e até mesmo pastagens de capim-colonião formados há um século no bioma Mata Atlântica (por exemplo, na região pastoril de Itapetinga, na Bahia).
Em tempo – na Europa existem pastagens sendo exploradas há mais de seis séculos, um tempo maior que a própria descoberta do Brasil. Por outro lado, a maioria das pastagens brasileiras avança para uma condição de solo degradado, caracterizando-se pelo desaparecimento da planta forrageira, pelo domínio do terreno pelas plantas indesejáveis, pelo adensamento e compactação do solo, com consequente erosão e pela ocupação da área por pragas de solo (cupinzeiros, formigueiros, percevejos e outros).
Sabendo que as pastagens são formadas por plantas perenes, conclui-se que, quando a planta forrageira morre é porque ocorreu algum erro de manejo.
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Por Silvana Teixeira.
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