A necessidade de reduzir custos na alimentação animal faz a produção de feno crescer no Brasil. Feno é um alimento largamente utilizado para ruminantes nos EUA e Europa, porém, no Brasil, ainda existe uma série de dificuldades que impedem o seu uso de uma forma mais intensiva.
Feno é a forragem desidratada, em que se procura manter o valor nutritivo da forrageira de origem. A desidratação permite que a forragem seja armazenada por muito tempo, sem comprometimento da qualidade, se confeccionada e armazenada corretamente. O feno de gramíneas e de algumas leguminosas pode ser feito no próprio campo, usando-se para desidratação somente a energia do sol e do vento até atingir níveis de umidade próximos a 15%, garantindo a conservação dos seus princípios nutritivos.
A fenação ocupa importante papel no manejo das pastagens, permitindo o aproveitamento dos excedentes de forragem ocorridos em períodos de crescimento acelerados de forrageiras, que coincide com o período das chuvas. É difícil a realização do controle do consumo de forragem através de alterações da carga de animais em pastejo.
O feno pode possibilitar lucros, desde que sua produção por área seja elevada, o que se consegue quando a forrageira é adequadamente escolhida e cultivada, estocada e convenientemente fornecida aos animais.
A produção de feno em escala agroindustrial é, essencialmente, um processo mecanizado. Exceto nos casos de fenação em pequena escala, quase em nível artesanal, o processo requer a utilização de um elevado grau de mecanização. Algumas atividades já fazem utilização de feno de alta qualidade durante todo o ano, como na caprinocultura leiteira, em rebanhos bovinos de elite e em criatórios de equinos.
Com relação ao tipo de alimento volumoso a ser usado na alimentação de bezerros, a recomendação de ordem geral é que bons fenos são melhores que bons alimentos verdes picados, que, por sua vez são melhores que boas silagens.
O feno de boa qualidade é proveniente de uma forragem cortada no momento adequado. Promovendo uma rápida desidratação na forragem, é possível a conservação do seu valor nutritivo, uma vez que a atividade respiratória das plantas, bem como a dos microrganismos, é paralisada. A qualidade do feno está associada a fatores relacionados com as plantas a serem fenadas, às condições climáticas durante a secagem a campo e ao sistema de armazenamento empregado. Feno de boa qualidade apresenta cor verde característica, maciez ao tato e excelente aroma.
Qualquer que seja a forrageira a ser fenada, o corte deve ser realizado quando a planta alcançar alto teor de proteínas, associado a elevada produtividade por hectare e baixo teor de fibra bruta.
A forma física do feno afeta a produção animal: na quantidade de energia que o animal obtém por unidade de peso e na quantidade de feno consumido pelo animal. A perda do valor protéico, devido ao processo de fenação, é de ordem de 2,5%. Todavia, o efeito do aquecimento no processo de desidratação, sobre a proteína do feno, pode alterar a solubilidade desta no aparelho digestivo do ruminante.
O processo de secagem ou cura requer um maior cuidado para o sucesso da confecção do feno. Sob condições naturais ideais a secagem, requer de 2 a 3 dias, mas geralmente é mais vagarosa devido a alta umidade relativa do ar e às chuvas que podem ocorrer, antes que se complete a secagem, ocasionando perdas quali-quantitativas.
Fenos enfardados e armazenados com mais de 20% de umidade favorecem o desenvolvimento de fungos. O calor gerado pela atividade metabólica destes microrganismos aumenta a temperatura do feno podendo ultrapassar a 65ºC, quando ocorrem reações químicas que levam à combustão expontânea do material.
Até meados de 1970, nas regiões úmidas dos EUA, o feno era acondicionado sob a forma de fardos retangulares e estocado em galpões. Desde então, grandes quantidades de feno têm sido cortadas e acondicionadas em grandes fardos circulares pesando cerca de 500 a 600 kg e estocados à campo. Este método de corte tem reduzido grandemente o trabalho e acelerado o processo de produção de feno. Porém, pelo fato destes tipos de fardos serem estocados a campo, as perdas são dependentes das condições ambientais durante a estocagem e do manejo de fornecimento para os animais, e podem chegar até a 25%.
Análises da aparência visual, cor, odor e textura têm sido utilizadas a nível de campo, enquanto que um sistema baseado em padrões de odor, cor, proporção de folhas, textura do caule e presença de impurezas é usado, nos EUA, para fins de comercialização. Porém, avaliações feitas com base nas aparências físicas têm pouca relação com o desempenho animal.
O trabalho do professor Josvaldo Rodrigues Ataíde Júnior junto ao CPT - Centro de Produções Técnicas na coordenação técnica do curso "Produção de Feno", visa exatamente levar aos produtores as informações práticas necessárias para se iniciarem nesta atividade ou aprimorar o seu trabalho.
Josvaldo Rodrigues Ataíde Júnior
Zootecnista - Pós Graduando do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Viçosa
Especialista em Conservação de Forragens
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