A maioria das fazendas do Brasil não identifica seus animais nem registra os diversos eventos que acontecem a eles. Em função disso, os produtores não têm conhecimento dos índices zootécnicos dos rebanhos e da rentabilidade da sua atividade.
Os bovinos têm potencial para apresentar o primeiro parto à idade de 24 a 30 meses e o intervalo de partos de 12 meses. Levantamentos efetuados em fazendas leiteiras da região sudeste do Brasil, com rebanhos mestiços, mostraram que o primeiro parto acontece entre 42 e 48 meses de idade e que o intervalo de partos é superior a 18 meses.
A elevada idade ao primeiro parto decorre do estado nutricional dos animais. Enquanto mamam, as bezerras concorrem com o comprador do leite e, por isso, não recebem o leite necessário à sua alimentação. Após a desmama, como são animais improdutivos, os fazendeiros reservam para elas as piores pastagens. Em virtude deste sistema de criação, seu desenvolvimento é lento, ganham peso nas águas, quando as pastagens são exuberantes e perdem na estação seca, quando o capim é pouco e tem baixo poder nutritivo.
Longos intervalos de partos podem ser determinados por períodos prolongados de anestro pós-parto, repetição de cios, deficiência do reprodutor ou do serviço de inseminação artificial (sêmen ou inseminador) e abortos. Dados de pesquisa mostram que, em rebanhos leiteiros mestiços, o anestro pós-parto é a principal causa de alongamento do intervalo de partos. Isto acontece porque, nos dois primeiros meses da lactação, a vaca não consegue consumir todo alimento de que necessita e para atender à demanda, tem que mobilizar suas reservas energéticas. Se a vaca parir magra, a mobilização das reservas significa a interrupção da ciclicidade reprodutiva do animal, ou anestro.
Nos sistemas de produção que utilizam animais puros, de raças especializadas para produção de leite, o quadro é diferente. O desenvolvimento das novilhas é contínuo e as vacas, geralmente, parem em boa condição corporal. Nesse caso, as principais falhas de manejo são a obesidade das novilhas e a repetição de cios das vacas.
O conhecimento dessas características permitiu que pesquisadores da EMBRAPA Gado de Leite desenvolvessem técnicas de avaliação animal e estratégias de alimentação corrigindo o manejo e, em conseqüência, aumentando a eficiência reprodutiva e produtiva do rebanho. São técnicas simples e de baixo custo de adoção que o curso "Técnicas Simples para Produzir Mais Leite e Mais Bezerros" mostra cada uma delas em detalhes.
O lançamento deste curso, produzido pelo CPT em convênio com a EMBRAPA Gado de Leite, vem num momento bastante oportuno. As transformações impostas ao setor leiteiro do Brasil e a nova realidade econômica que vivemos estão aposentando os produtores que não conhecem cada detalhe do seu rebanho e brigam por cada centavo dos preços do leite ou dos insumos.
José Henrique Bruschi
Doutor em Nutrição Animal
Pesquisador da EMBRAPA Gado de Leite
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