A característica de ser forrageira é uma vantagem adicional que deve ser procurada em espécies para associar com pastagens. Essas espécies podem ser muito úteis nas propriedades rurais, principalmente na época seca, quando são usadas para suplementação da alimentação animal.
Pesquisas apontam que o plantio de forrageiras arbóreas para aumentar a produção animal e minimizar as deficiências nutricionais em períodos de escassez está se tornando muito comum na Austrália. No Brasil, o uso de leguminosas arbóreas para alimentação animal é mais comum nos Estados do Nordeste. Entre as espécies mais conhecidas citam-se o sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia), juazeiro (Zyziphus juazeiro) e angico-branco (Piptadenia sp.), já que possuem folhas ou vagens bem aceitas pelo gado.
A maioria das forrageiras arbóreas conhecidas pertence ao grupo das leguminosas, as quais, devido à capacidade para fixação biológica de N2, tem maior potencial para fornecer forragem de qualidade, principalmente, em proteína bruta.
“Outras espécies bem conhecidas como forrageiras no nordeste são algaroba e faveira. Da faveira (Parkia platycephala), são utilizadas mais as vagens”, afirma o professor Maurílio José Alvim, do curso Sistemas Silvipastoris – Consórcio de Árvores e Pastagens, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
Entre as espécies exóticas que foram introduzidas no Brasil, e que se prestam para associações com pastagens, algumas têm se destacado por apresentarem crescimento rápido e adaptação a solos ácidos e de baixa fertilidade.
O plantio de forrageiras arbóreas aumenta a produção animal e minimizar as deficiências nutricionais
Na Região Sudeste, as espécies Acacia mangium, A. angustissima, A. Auriculiformis, Albizia lebbek e Gliricidia sepium estão entre as leguminosas arbóreas que têm apresentado boa adaptação. Em Coronel Pacheco - MG, essas espécies apresentaram crescimento inicial rápido, porém, apenas as três primeiras tiveram boa adaptação.
A seguir, uma breve descrição dessas espécies:
Acacia angustissima
Espécie nativa da América Central, muito ramificada, é uma árvore de pequeno porte, crescendo até 6-7 m de altura (Leal & Ramos, 1994). É usada em sistemas silvipastoris, para controle de erosão em taludes e como forrageira, através de pastejo direto ou para corte (Alcântara, 1993). Nas condições das áreas montanhosas do sudeste de Minas Gerais, essa espécie apresentou crescimento inicial rápido, porém, cinco anos após o plantio teve altura média de apenas 4,3 m. Apesar disso, essa espécie está sendo considerada com o promissora para associação com pastagens cultivadas na região, para fornecimento de sombra e biomassa.
Acacia auriculiformis
Espécie nativa da Austrália (Wildin,1990), e das savanas de Papua Nova Guiné. Apresenta a característica de nodular bem e fixar nitrogênio, podendo atingir até 30 m de altura em locais favoráveis. Em Coronel Pacheco - MG, alcançou altura média de 9,3 m cinco anos após o plantio. É uma árvore de copa vistosa, fornecendo sombra para a pastagem e para os animais. Adapta-se a terrenos tropicais de baixada, em vários tipos de solo, inclusive nos de baixa fertilidade e em solos argilosos, salinos ou sujeitos a encharcamento periódico. Adapta-se também a terrenos íngremes erodidos, em solos arenosos e muito ácidos. É uma espécie de clima quente úmido e quente subumido com precipitação média anual variando de 1.000 a 2.000 mm (Wildin, 1990). Suas utilidades são também variadas, produzindo lenha, polpa para fabricação de papel, servindo ainda para controle de erosão e para sombra. Não é considerada forrageira e não é palatável para o gado.
Acacia mangium
Nativa do extremo norte de Queensland, Austrália, de Papua Nova Guiné e parte oriental da Indonésia, Irian Jaya (Wildin, 1990). De crescimento rápido, pode atingir até 30 m de altura. Adapta-se a solos ácidos de baixa fertilidade e clima tropical quente e úmido, com precipitações médias anuais variando de 1.500 a 3.000 mm (Wildin, 1990). Essa espécie tem demonstrado excelente adaptação às condições de solos ácidos e inférteis das áreas montanhosas do sudeste de Minas Gerais, alcançando altura média de 12,2 m aos cinco anos após o plantio. É usada para lenha, como madeira para construção civil e fabricação de móveis, para fornecimento de polpa para papel, controle de erosão, sombra e forragem (Wildin, 1990). Em Coronel Pacheco, a A. Mangium tem sido consumida pelo gado, nos primeiros anos, somente as árvores adultas, no final do período seco, mas, ultimamente, plantas novas têm sido ramoneadas em várias épocas.
No Brasil, o uso de leguminosas arbóreas para alimentação animal é mais comum nos Estados do Nordeste
Albizia lebbek
É considerada uma leguminosa de crescimento rápido, nativa da Ásia e África tropicais e norte da Austrália (Wildin, 1990). Nas condições da Zona da Mata de Minas Gerais, seu crescimento tem sido lento, com apenas 3,0 m de altura média aos cinco anos após o plantio. É fixadora de nitrogênio, podendo atingir 30 m de altura (Alcântara, 1993). Caracteriza-se por sua tolerância a condições adversas, como fogo, geada, e extremos climáticos como verões longos e quentes, assim como invernos frios (Wildin, 1990). Adapta-se a regiões com precipitações médias anuais variando de 400 a 2.500 mm. Pode ser utilizada como forragem, para sombreamento e como fornecedora de N para as gramíneas (Wildin, 1990).
Gliricidia sepium
Nativa do México, América Central e do Sul, está hoje amplamente distribuída nas regiões tropicais (Wildin, 1990; Alcântara, 1993). É uma espécie de crescimento rápido e fixadora eficiente de nitrogênio (Wildin, 1990). Essa espécie também não teve boa adaptação às condições das áreas montanhosas da região, com altura média de apenas 3,0 m aos cinco anos após o plantio. A gliricídia é tolerante à seca, no entanto, perde suas folhas nesse período. Adapta-se a vários tipos de solo, com pH ácido ou alcalino, e vegeta até a altitude de 1.200 m (Alcântara, 1993). A espécie tem várias utilidades, incluindo lenha, madeira, cerca viva e forragem.
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Por Silvana Teixeira
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Comentários
Elza Rodrigues Pereira
5 de fev. de 2015Bom dia. Favor informar-me como conseguir sementes de leguminosasa arbóreas. Agradecida. Elza.
Resposta do Portal Cursos CPT
6 de fev. de 2015Olá, Elza!
Agradecemos su visita e comentário em nosso site. Recomendamos que procure o órgão responsável (silvicultura) para mais informações.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos
Elza Rodrigues Pereira
2 de fev. de 2015Boa tarde. Obrigada pela atenção. Por favor, poderia informar-me como adquirir sementes de forrageiras arbóreas utilizadas na consorciarão com pastagens na época da seca para suplementação animal? Seriam: sabiá, juazeiro, angico-branco, algaroba, acácia mangium, albízia e gliricidia. Agradecida. Elza.
Resposta do Portal Cursos CPT
4 de fev. de 2015Olá, Elza!
Agradecemos a sua visita e comentário em nosso site. Recomendamos que procure uma silvicultura em sua região para mais informações.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos
Elza Rodrigues Pereira
16 de jan. de 2015Ana Carolina, boa noite. Muito obrigada pela ajuda. Como chegar até as instituições especializadas em silvicultura? Para tentar sementes das leguminosas arbóreas
Resposta do Portal Cursos CPT
23 de jan. de 2015Olá, Elza!
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site. Você pode procurar por estas sementes no Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa - UFV, no seguinte endereço:
Universidade Federal de Viçosa - UFV
Avenida P. H. Rolfs s/n - Campus UFV
CEP 36570-000 - Viçosa - MG
Fones: (31) 3899-2466/2465 Fax: (31) 3899-2478 E-mail: def@ufv.br
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos
Elza Rodrigues Pereira
9 de dez. de 2014Boa noite. Favor informar-me como adquirir sementes de leguminosas arbóreas para sistemas agrossilvipastoris. Agradecida. Elza
Resposta do Portal Cursos CPT
10 de dez. de 2014Olá, Elza!
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site.
Seria interessante procurar por instituições especializas em silvicultura para mais informações.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos