Como fazer aspiração folicular para FIV em bovinos

Na aspiração folicular, o técnico utiliza, para a coleta, uma agulha (18 G e 58 cms) acoplada a uma bomba de vácuo. 

A fecundação in vitro, mais conhecida como FIV, é uma biotécnica utilizada como alternativa para acelerar a produção de animais geneticamente superiores. Em conjunto com a inseminação artificial e a transferência de embriões, a fecundação in vitro é uma técnica responsável pela rápida progressão genética, principalmente em animais de produção.

Em outras palavras, a FIV permite que uma reprodutora produza centenas de bezerros em um mesmo ano. Além disso, esta técnica permite evitar o descarte precoce de fêmeas geneticamente privilegiadas, portadoras de alterações adquiridas que impeçam que a reprodução ocorra de forma natural.

Da mesma forma, a FIV permite puncionar bezerras e novilhas, reduzindo o intervalo entre gerações.

Uma das principais etapas da FIV é a aspiração folicular ovariana. Esta pode ser feita em ovários coletados após o abate da vaca, ou em vacas vivas doadoras, guiada por ultrassom.

Aspiração folicular em ovários coletados após o abate da vaca

A coleta dos ovários da vaca é realizada logo depois que a fêmea é abatida, na própria linha de abate. No momento em que o abdômen da vaca é aberto pelo magarefe, o ovário é localizado e, com o auxílio de uma tesoura, é retirado.

Os ovários coletados são colocados em um vidro contendo solução salina a 0,9% de NaCl a uma temperatura de 33 a 36°C. A viabilidade dos ovócitos não é alterada, se o transporte for realizado dentro de um período de 3 h.

A variação da temperatura pode danificar os ovócitos, prejudicar a sua maturação e o seu desenvolvimento embrionário.

Chegando ao laboratório, os ovários são lavados, com solução salina, e, em seguida, colocados em banho-maria, para manter a temperatura. A aspiração folicular é feita com uma agulha acoplada a uma seringa que perfura todo o parênquima ovariano.

Após a aspiração folicular, o tubo de ensaio que contém o líquido folicular deve permanecer em posição vertical por 15 minutos para, em seguida, ser retirado o sobrenadante com o auxilio de um pipetador.

O sedimento é colocado em Placa de pPetri de 100 x 15 mm e o tubo é lavado, pelo menos, duas vezes com 2 mL do meio de bancada (LAV), para certificar-se de que não se perderá nenhuma estrutura, realizando-se posterior rastreamento e isolamento dos complexos cumulus-ovócito (CCOs).

A aspiração folicular por ultrassom permite coletar os ovócitos da vaca viva, otimizando a produção de embriões de elevado valor genético.

Aspiração folicular guiada por ultrassom

A aspiração folicular, guiada por ultrassonografia, foi inicialmente desenvolvida para a espécie humana, e, posteriormente, adaptada para a espécie bovina.

Esse método permite coletar, de forma repetida, os ovócitos por aspiração dos folículos, visualizando na tela de um ultrassom, podendo, dessa maneira, otimizar a produção de embriões a partir de cultivo in vitro para vacas vivas de elevado valor genético.

Além disso, tal técnica tem como objetivo aspirar ovócitos de folículos ovarianos de vacas “in vivo”, onde posteriormente esses ovócitos são fecundados.

Na aspiração folicular, o técnico utiliza, para a coleta, uma agulha (18 G e 58 cms) acoplada a uma bomba de vácuo, guiada por ultrassonografia transvaginal. A vaca é colocada no brete e, em seguida, é feita anestesia epidural, onde se faz uma associação de 4,0 mL de Lidocaína e 1,0 mL de Acepromazina.

Posteriormente, é feita a lavagem da vulva, com água corrente, e secagem com papel toalha. Em seguida, a sonda do ultrassom é introduzida na vagina da vaca, lembrando que a agulha está acoplada a essa sonda.

Com uma das mãos introduzida no reto, o ovário é localizado e posicionado o mais próximo possível da sonda, que está no assoalho da vagina. Com um pedal, a bomba de vácuo é acionada, e, em seguida, a aspiração é iniciada.

Os ovócitos e líquidos foliculares são depositados em um tubo de 50 mL, para futura procura. Esse tubo contém Heparina, que serve para não deixar o conteúdo aspirado coagular, o que, normalmente, é causado pela presença de sangue, prejudicando, assim, o rastreamento.

Após a aspiração dos dois ovários, o tubo é levado para um laboratório, montado na própria fazenda, ou para um laboratório especializado. Durante todo o processo, é muito importante que o tubo esteja protegido de raios solares. No laboratório, o conteúdo é despejado em um filtro e lavado com solução salina fosfatada (PBS). Esse processo de lavagem é realizado várias vezes, até a coloração do líquido ficar clara.

Em seguida, esse líquido é colocado em uma Placa de Petri, para se fazer o rastreamento dos ovócitos. Essa placa é colocada em uma lupa, onde é iniciada a procura. Depois de serem rastreados por duas vezes, os ovócitos encontrados são colocados em uma Placa de Petri menor, contendo meio de lavagem (LAV).

Imediatamente, eles são colocados em pequenos Tubos Eppendorf, contendo meio de transporte (MIVT), que é um meio próprio para conservação durante deslocamentos. Por fim, esses pequenos tubos são colocados em uma garrafa térmica para serem transportados para o laboratório.

Por Andréa Oliveira.

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