A seguir, uma lista com as principais doenças e problemas mais comuns na criação das pacas, com base nos estudos e nas observações realizadas no Instituto Smithsonian (Panamá).
Listagem de algumas doenças e problemas possíveis de ocorrerem e, ou acometerem os animais:
1. Aflatoxicoses
Causada por fungos que produzem aflatoxinas. Demanda-se cuidados na armazenagem dos alimentos (grãos etc.), e os excessos de alimentos (que não foram consumidos) devem permanecer nos boxes no máximo 24 horas. No caso de se aproveitarem alimentos oriundos de sacolões, feiras e outros aproveitamentos, certifique-se de que não há contaminações e promova uma seleção dos alimentos, eliminando partes podres e sem condições.
2. Mortalidade Infantil
A mortalidade é inevitável, especialmente nas colônias que se iniciam com animais de diferentes procedências. Consideramos que existem três fatores responsáveis pela mortalidade infantil (animais com idade inferior a três meses).
1o - Estresse
2o - Infecção por endoparasitos
3o - Infecções respiratórias
O primeiro fator não se pode evitar, apenas reduzir o máximo possível a tensão dos animais. Por isso, os esforços devem dirigir-se para os outros dois fatores, a fim de reduzir significativamente a mortalidade, que, na primeira geração, assumiremos como de 10%.
3. Mordidas e feridas:
Serão tratadas com Furacin (nitrofurazona) ou outro cicatrizante apropriado.
4. Bernes
Quando a mosca Dermatobia ocorrer na propriedade, as pacas poderão ser atingidas. Para eliminar esses bernes, deve-se retirá-los manualmente, com o auxílio de uma pinça, após contenção total da paca.
5. Coccidiose
É uma afecção causada por protozoários. Com medida preventiva, aplicam-se vermífugos, e para um tratamento efetivo usam-se sulfas (antibióticos). As dosagens devem seguir as recomendações do fabricante, descritas na bula.
6. Desidratação/diarreia
Para seu tratamento, serão utilizados antidiarreicos e líquido isotônico com eletrólitos no tratamento. As frutas serão eliminadas temporariamente da dieta. Os alimentos, durante a dieta, devem ser introduzidos gradativamente, para adaptação. Se for um alimento novo, nunca utilizado no rebanho, deve-se fazer um teste com algum grupo, antes de estender essa alimentação a todo o plantel.
7. Problemas dentais
Ocorrem casos de feridas, principalmente nas gengivas, pelo processo de mastigação intensa, inclusive dos troncos de madeira colocados. O tratamento indicado é com injeções de Ampicilina, seguindo-se as dosagens indicadas no medicamento. Se a inflamação não diminuir em cinco dias, aconselhamos chamar o veterinário.
8. Endoparasitas
São responsáveis pela mortalidade infantil e pelo decréscimo no ganho de peso. Fêmeas prenhas não serão tratadas, para se evitar abortos.
Prevenção
- Animais novos do plantel serão tratados isoladamente, antes de serem incorporados à colônia no boxe de quarentena;
- As botas e os utensílios serão lavados e desinfetados diariamente;
- Amostras fecais deverão ser coletadas periodicamente para análise.
Tratamento
Serão utilizados produtos que contenham Mebendazole e devem ser ministrados em adultos uma vez ao dia, durante três dias, em dose de 100 mg/kg por animal adulto. Esperam-se 15 dias e repete-se o tratamento. Esse procedimento deve ser realizado de quatro em quatro meses. Com animais recém-nascidos, de um dia e jovens com menos de 1 kg de peso, a dose será de 25 mg/kg, com os mesmos procedimentos mencionados acima. Deve-se dar preferência à administração via oral, por acarretar menos estresse aos animais. Mistura-se em pedaços de banana ou outras frutas. Para animais mais jovens, o medicamento em pó será mesclado com mel e 2cc12 e 3colher de café de leite ou água, oferecendo-se essa mistura através de uma mamadeira.
9. Pulgas e carrapatos
As instalações devem ser pulverizadas periodicamente com KOthrine ou outro inseticida para instalações rurais, a fim de eliminar esses ectoparasitas. No caso de infestação nos animais, usa-se carrapaticida como meio de controle.
10. Mastites
Inflamação das glândulas mamárias (tetas). É comum nas fêmeas em lactação. Essa inflamação prejudica a produção de leite, a amamentação, e, consequentemente, o desenvolvimento do filhote. O tratamento deve ser realizado com antibióticos, ampicilina, na dose de 40 mg/kg de peso, durante 5 dias. Os comprimidos devem ser triturados e misturados às bananas.
11. Pneumonia
Resultado da combinação de estresse do cativeiro e outros fatores, como a umidade e o vento. Os boxes devem ser construídos e ou adaptados com estruturas próprias para minimizar a incidência desses agentes negativos sobre os animais. Ventos canalizados são causas frequentes de problemas respiratórios e devem ser evitados.
Tratamento
Sulfametazina. Animais jovens recebem 1 colher de café no primeiro dia, seguido de 0,5 colher de café/dia, durante quatro a dez dias, dependendo da presença dos sintomas. Estado de choque (produzido pelo estresse):
- O animal fica apático, não se alimenta nem responde a estímulos externos; acaba morrendo por inanição e fraqueza. Pode ocorrer, em alguns animais recém-capturados, às vezes pelo próprio estresse de capturas com cães ou perseguições ou por serem exemplares que não se adaptaram ao cativeiro. Em geral, estimam-se essas ocorrências em 5%.
- Contenções, viagens longas e operações demoradas de manejo podem também originar este quadro, muitas vezes, difícil de reverter.
Os animais nessas condições devem ser lavados com água fria e uma esponja e, então, ser levados a uma caixa escura e tranquila, a fim de se recuperarem. Paralelamente, devem receber suplementação vitamínica-mineral, durante duas semanas. É importante analisar a causa desse problema, para se evitar o surgimento de novos casos.
Saiba mais sobre a criação de pacas, acessando os artigos abaixo:
Criação de pacas - alternativa econômica de produção e conservação do meio ambiente
Criação de paca - características físicas da Agouti paca
Criação de paca - comportamento da Agouti paca
Criação de paca - a Agouti paca em condições naturais
Criação de paca - captura e contenção da Agouti paca
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Comentários
Roberto Epifanio Rodrigues
6 de out. de 2013Gostei, dessas informações, só assim iremos conseguir quebrar alguns paradigmas sobre Animais Silvestres.
Resposta do Portal Cursos CPT
7 de out. de 2013Olá, Roberto!
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos